Líder da comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, e presidente do G10 favelas, Gilson Rodrigues afirmou que é um "equívoco" a ação realizada por Organizações Não Governamentais (ONGs) contra a escola Visconde de Porto Seguro, colégio particular tradicional localizado no bairro do Morumbi, em São Paulo, e cujas mensalidades estão entre as mais caras da capital.
No último dia 15, as organizações Educafro, Ponteduca e Anced Brasil, ligadas à luta pela inclusão dos negros e contra a desigualdade social, entraram com uma ação civil pública contra o colégio Porto Seguro, na qual pedem R$ 15 milhões em indenização por danos morais coletivos e sociais. Além disso, elas requerem a adoção de medidas de equidade racial e social.
As organizações acusam a escola de se beneficiar de isenções fiscais segregando alunos bolsistas dos alunos pagantes. Por conceder bolsas de estudo, o colégio possui o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas), do Ministério da Educação, e, portanto, recebe um abatimento no imposto de renda.
A ação civil de deve ao fato de que os estudantes bolsistas, em sua grande maioria moradores de Paraisópolis, frequentam um local separado dos alunos pagantes. Desde 2010 as aulas são ministradas em uma unidade na Vila Andrade, chamada Escola da Comunidade.
Nos anos anteriores, as atividades eram realizadas na mesma unidade, no Morumbi, porém tanto as aulas quanto os intervalos dos alunos bolsistas ocorriam em horários diferentes dos alunos pagantes.
Para Gilson Rodrigues, as entidades que entraram na Justiça podem ter "certa falta de conhecimento com relação às atividades do colégio". "Atuo desde os meus 14 anos na liderança comunitária e posso afirmar que a experiência de ter acesso a esse ensino é, para a comunidade, como ganhar na loteria", disse em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Gilson afirmou que o prédio novo na Vila Andrade trouxe a oportunidade de se "ter mais alunos estudantes". "Eu convivo com as unidades das escolas em geral, tanto a pagante e quanto a não pagante, e durante todos esses anos os alunos da escola paga participam de todo o processo junto com a escola da comunidade e da comunidade, se voluntariando, participando de projetos, de ações, pensando em soluções, então existe uma integração que ajuda Paraisópolis", disse ele.
Gilson afirmou que ações educativas como essa, oferecidas por outras entidades na região como o hospital Israelita Albert Einstein, são fundamentais para diminuir a desigualdade social. "Estamos vivendo um momento diferente em Paraísópois graças a uma nova geração que teve a contribuição de tantas instituições que estão lá, não segregando, mas dando condições para que a comunidade possa ter alternativas", disse ele.
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