Está sendo consolidado o caminho para concretizar o acordo que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez com o presidente Lula (PT) na última eleição. O combinado era que Boulos desistiria da candidatura para o governo de São Paulo e apoiaria o candidato Fernando Haddad (PT). Em contrapartida, o Partido dos Trabalhadores não teria candidato na eleição municipal de 2024 em São Paulo e indicaria um vice para a chapa de Boulos. De acordo com a apuração da Gazeta do Povo, a aliança está mantida, apesar de alguns membros dos dois partidos reconhecerem que ainda é preciso alinhar os detalhes nos próximos meses.
João Paulo Rillo, presidente estadual do PSOL e vereador do município de Rio Preto, enfatizou a aliança entre os partidos. “O acordo está mantido entre PT e PSOL. Guilherme Boulos será o cabeça da chapa e vamos respeitar o nome indicado pelo Partido dos Trabalhadores. Essa é uma decisão do PT”.
O vereador destacou que o grande adversário da chapa da esquerda na eleição de 2024 não são os nomes mais alinhados com a direita. Para Rillo, o maior concorrente é o atual prefeito da capital.
“Ricardo Nunes (MDB) é o adversário. Ele tem o peso de ter a máquina pública na mão. Com isso, ele deve chegar ao segundo turno”.
João Paulo Rillo, presidente estadual do PSOL e vereador do município de Rio Preto
Rillo reconheceu que a situação pode mudar a qualquer momento. “O quadro ainda está aberto. A inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), a avaliação do governo Lula (PT), tudo isso impacta. A eleição de São Paulo é uma decisão de estofo nacional. Na minha avalição, se o Lula estiver bem avaliado e o Bolsonaro em queda, a decisão da direita será a de apoiar Ricardo Nunes (MDB)”.
Ana Estela Haddad desponta como possível vice de Boulos
Alguns membros do Partido dos Trabalhadores admitem que a esposa do ministro da Economia, Fernando Haddad (PT), e atual secretária de saúde digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, é a favorita para compor a chapa com Boulos na eleição municipal de 2024. Por outro lado, parlamentares do PT na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa de SP (Alesp) dizem que há uma fila na frente dela.
A cúpula do Partido dos Trabalhadores acredita ser importante ter uma vice mulher com Boulos para, assim, atingir uma parcela maior do eleitorado na capital paulista. Outro ponto levado em conta foi a participação e o empenho de Ana Estela Haddad nas campanhas do marido, especialmente a última para o governo de São Paulo.
Kiko Celeguim, deputado federal e presidente estadual do PT em São Paulo, concedeu entrevista exclusiva para Gazeta do Povo. Ele reconheceu o acordo entre PT e PSOL, mas disse que precisa ser consolidado com algumas conversas. “Ainda precisa de algumas costuras e alinhamentos políticos. Um deles é como será calendário dos partidos em relação ao debate. Também alinhar o plano que vamos apresentar para a cidade. Precisa concretizar tudo isso”.
Questionado sobre o nome de Ana Estela Haddad para vice, Celeguim desconversou. “Essa discussão ainda não está formalizada dentro do partido. O PT vai indicar a vice. Precisamos pensar no melhor nome para ganhar a eleição”.
O deputado reforçou a disposição de Estela Haddad. “É claro que ela é um bom nome. Uma história irreparável. Tem profissionalismo. Revelou-se uma liderança durante a última eleição do Haddad. Capaz de ir para a rua. Ela tem carisma. Mas o PT tem uma dezena de nomes”, ressaltou.
Sem cravar nomes, Celeguim ressaltou outras figuras do partido. “O PT tem 11 deputados federais e 18 deputados estaduais, sendo grande parte desses parlamentares da capital paulista. Ainda não é o momento de fecharmos um nome”.
Por fim, o deputado falou da composição da chapa. “Precisa ser um vice que acrescente. Precisamos ver a questão de gênero e raça, além da capacidade de formulação de ideias. Para vencer uma eleição em São Paulo precisamos ser o mais amplo possível”.
Os parlamentares abordados pela Gazeta do Povo reconhecem que será muito importante para a composição da esquerda saber se o PL terá uma candidatura própria ou apoiará o atual prefeito de São Paulo.
A reportagem tentou contato com Boulos, mas ele não quis conceder entrevista sobre o tema.
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