Quando o empresário e futuro integrante do governo de Donald Trump Elon Musk visitou o Brasil, em 2022, ele desembarcou em um dos locais mais exclusivos e sofisticados do país: o complexo Boa Vista, em Porto Feliz, que parece uma cidade dos bilionários no interior do estado de São Paulo. A aproximadamente 100 quilômetros da capital paulista, o empreendimento assinado pela JHSF é sinônimo de luxo, conforto e estilo de vida para a elite brasileira.
Inspirado pelo modelo de trabalho misturado ao lazer — prática comum entre grandes líderes globais, como o próprio Trump, que costuma unir partidas de golfe a conversas com aliados políticos em Mar-a-Lago, na Flórida —, o complexo Boa Vista tem uma estrutura que permite reuniões estratégicas e descanso.
Entre os residentes, de acordo com a Bloomberg Línea, estão nomes como o do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; do fundador da XP, Guilherme Benchimol; e da cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira.
Na visita ao país, Musk chegou pelo São Paulo Catarina Airport, o primeiro aeroporto executivo do país autorizado a operar internacionalmente, também controlado pela JHSF. Dessa maneira, o homem mais rico do mundo não precisou passar por aeroportos internacionais movimentados. De lá, Musk seguiu para almoçar no restaurante Boa Vista Fasano, acompanhado do então presidente Jair Bolsonaro e dos empresários André Esteves, Rubens Menin e Rubens Ometto. No restaurante, o couvert médio é de R$ 300, enquanto a diária no hotel atinge a faixa dos R$ 3,5 mil.
Luxo em alta: lucro cresce 20,9% no terceiro trimestre
A aposta da JHSF em um modelo integrado de negócios — que combina lazer, residência, hotelaria, serviços de concierge e espaços corporativos — tem mostrado resultados. No terceiro trimestre de 2024, a empresa registrou um lucro consolidado de R$ 140 milhões, um crescimento de 20,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
As receitas recorrentes, provenientes de aeroportos, hospitalidade, gastronomia, locação residencial e clubes, se destacaram. Esse segmento teve um aumento de 20% no resultado bruto.
Os hotéis Fasano tiveram um aumento da receita por quarto de 22% e taxa de ocupação de 53,9%, enquanto o tíquete médio do restaurante cresceu 11%. Já no aeroporto o movimento teve alta de 31% e o volume de abastecimento em litros cresceu 27%. Ao mesmo tempo, o município de Porto Feliz e entorno, onde fica localizada a maior parte da Fazenda Boa Vista, teve melhorias nos indicadores sociais e econômicos em decorrência do empreendimento, principalmente em relação à empregabilidade.
De acordo com o ranking das melhores cidades para se morar, realizado pela Gazeta do Povo, Porto Feliz ocupa a 228ª posição entre os mais de 5,5 mil municípios brasileiros. Em um intervalo de zero a 10, Porto Feliz fica com nota 9,31 em se tratando de infraestrutura urbana.
Em abril, o Ministério Público ajuizou uma ação civil pública questionando o fracionamento dos estudos de impactos ambientais dos empreendimentos na região e o Tribunal de Justiça de São Paulo embargou o Boa Vista Village. O MP cita um laudo com a constatação de danos ambientais confirmados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), entre eles mudanças em áreas de preservação permanente (APP) para criação de vias de acesso e eliminação de vegetação nativa.
Na mais recente divulgação de balanço, a JHSF afirma que os advogados contratados pela companhia estão analisando o sentido e o alcance da liminar e reforçou que os seus empreendimentos “foram submetidos de forma transparente e tempestiva aos devidos processos de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (“EIA RIMA”) e licenciamentos”.
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk tem de surf a grifes internacionais
Com residências luxuosas que chegam a 1.500 m² de clube exclusivo, a experiência no complexo Boa Vista vai além do básico. Uma piscina para a prática de surf conta com uma tecnologia capaz de produzir as mais diferentes ondas, que vai da prática de surf profissional até aulas para iniciantes. Há também praia artificial, casas entregues totalmente prontas, além de um town center inspirado em vilas internacionais com grifes renomadas, que compõem o cenário.
A fazenda, um dos braços do complexo Boa Vista, reúne spa, centro equestre, campo de golfe, de polo e até o primeiro circuito privado de triatlo da América Latina. Lotes de 30 mil m² chegam a custar R$ 68 milhões. Já no Boa Vista Village, casas com 700 metros quadrados em regiões reservadas, projetadas por renomados arquitetos, como Sig Bergamin e Murilo Lomas, começam na faixa de R$ 19 milhões.
Quem pode desembolsar qualquer valor para ter conforto encontra no local tudo o que precisa. Ao mesmo tempo em que não precisa gastar horas com deslocamento porque tem a praticidade de desembarcar em um aeroporto internacional e seguir de helicóptero até o destino final, o cliente com maior poder aquisitivo relaxa com privacidade no contato com a natureza, em residências com grande área de afastamento umas das outras.
Além disso, os que podem pagar mais não precisam se preocupar com nada. Há serviços de concierge, carros elétricos para se locomover de um local ao outro sem precisar caminhar longas distâncias e até enxoval e decoração incluídos nas propriedades adquiridas. Os residentes contam com recreação para crianças e podem encontram amigos e colegas de seus ambientes de convivência, estreitando laços enquanto praticam esporte juntos, passeiam nas lojas da vila ou vão ao spa.
Aeroporto executivo e locações residenciais em alta
Com demanda crescente, o São Paulo Catarina Airport será ampliado dos atuais 12 para 16 hangares até o final de 2025. Atualmente, o aeroporto opera com cerca de 50 voos diários e enfrenta overbooking. “Lembrando que inauguramos no final do ano passado até o 12º hangar e de forma rápida ele já atinge a sua capacidade”, disse Augusto Martins, diretor-executivo da JHSF, durante a apresentação dos últimos resultados da empresa.
Outro segmento que é alvo de atenção da empresa são as locações residenciais. Na Fazenda Boa Vista, 15 unidades já foram alugadas, totalizando 10 mil metros quadrados. No Boa Vista Village, são 20 unidades locadas, somando 6,9 mil metros quadrados, enquanto 36 com 7,7 mil metros quadrados estão em desenvolvimento.
Somando com as unidades locadas no complexo Cidade Jardim, em São Paulo, são cerca de R$ 50 milhões em receita operacional líquida. “O terceiro trimestre tem o dobro de unidades locadas em relação ao terceiro trimestre de 2023, mostrando o sucesso dessa operação”, diz Martins.
“É um negócio que já apresenta essa evolução importante tanto em relação à quantidade das unidades que estão disponíveis para locação e sendo locadas, quanto ao crescimento do nosso negócio de clubes”, complementa o diretor-executivo, afirmando ainda que a abertura de empreendimentos semelhantes em São Paulo deve contribuir com os negócios de renda recorrente da empresa.
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