Como será o túnel Santos-Guarujá: a primeira conexão imersa do Brasil

A construção do túnel imerso Santos-Guarujá é uma das demandas mais antigas da população do litoral de São Paulo, que precisa se deslocar entre as cidades por meio de balsas ou por um trajeto rodoviário de 40 quilômetros. Com leilão previsto para 1º de agosto deste ano, a expectativa é de que a obra fique pronta até 2028.

A estrutura do túnel terá 1,5 quilômetros de extensão, sendo 870 metros submersos. O empreendimento será composto por seis módulos pré-moldados de concreto armado de 145 metros, com largura interna total de 33,16 metros.

A altura total do túnel será de aproximadamente 7,26 metros, com uma altura livre de 5,5 metros. A estrutura completa terá 1,5 quilômetros de extensão. O projeto para a obra de infraestrutura pode se tornar a primeira conexão submersa do Brasil.

Navegação até o porto de Santos não terá restrições com o túnel

O topo da estrutura pré-moldada do túnel Santos-Guarujá ficará a 21 metros de profundidade do canal marítimo, permitindo a navegação de grandes embarcações no porto de Santos sem nenhuma restrição. A estrutura será dividida em três partes: duas laterais e uma central. Nas laterais serão três faixas de 3,5 metros de largura para o tráfego de veículos, sendo que uma das faixas poderá ser utilizada para a passagem do prometido veículo leve sobre trilhos (VLT).

A travessia pelo túnel deve durar cerca de 2 minutos para a ligação entre as cidades, que hoje leva 18 minutos por balsas — sem contar o tempo de espera — e cerca de 2 horas por rodovia.

A célula central, com 5 metros de largura, será usada para o fluxo de pedestres e ciclistas. Sobre essa passagem passarão cabos, incluindo os da Usina de Itatinga, e dutos de insuflação. A galeria de pedestres e ciclistas também poderá ser usada como rota de fuga em casos de emergência na parte viária do túnel. Serão instaladas portas conectando as células a cada 150 metros.

Em cada uma das margens do canal será construído um edifício para permitir o acesso de pedestres e ciclistas. Esses prédios também deverão abrigar o Centro de Controle Operacional e áreas para estacionamento de veículos operacionais.

Como será construído o túnel Santos-Guarujá

Para a construção do túnel imerso Santos-Guarujá será necessário fazer a dragagem do fundo do canal para abrir uma trincheira na qual serão assentados os módulos de concreto — estima-se que o volume total de dragagem será de 2,8 milhões de metros cúbicos. Essas peças serão construídas em uma doca seca que deverá ficar próxima ao local onde será feito o túnel.

Quando ficarem prontas, as peças passarão por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência elas serão inundadas e rebocadas por flutuação até o local onde serão imersas lentamente até assentarem no fundo do canal. Isso será feito com os seis módulos, que se conecta debaixo da água. Por fim, uma camada de pedras será colocada sobre o túnel para protegê-lo de impactos de embarcações ou enganchamento de âncoras soltas.

O túnel também exigirá adequações no sistema viário nas duas margens, ligando o cais de Outerinhos, no bairro do Macuco, em Santos, e o Linhão da Codesp, no bairro Vicente de Carvalho, no Guarujá. Ao todo serão 3 quilômetros de obras, contando túnel e parte terrestre.

A ligação entre as cidades leva 18 minutos por balsas — sem contar o tempo de espera — e cerca de 60 minutos por rodovia. A expectativa é de que a travessia pelo túnel leve cerca de dois minutos. Mais de 21 mil veículos usam diariamente o serviço de balsas, sem contar 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.

O edital da parceria público-privada (PPP) será lançado na próxima quinta-feira (27) em uma estruturação conjunta entre o governo de São Paulo e o governo federal. A obra, que é a maior do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula (PT), custará R$ 6 bilhões.

Como também integra do Programa de Parcerias de Investimentos do estado de São Paulo (PPI-SP), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o edital e o leilão do túnel Santos-Guarujá ficarão sob responsabilidade do governo paulista.