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Vinicius Gritzbach, empresário acusado de ligação com o PCC, foi assassinado no aeroporto de Guarulhos (SP).
Vinicius Gritzbach, empresário acusado de ligação com o PCC, foi assassinado no aeroporto de Guarulhos (SP).| Foto: Reprodução/TV Record

O homem morto de forma escancarada na saída do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) no último dia 8 acumulava um histórico de transações criminosas com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Antônio Vinicius Lopes Gritzbach havia firmado acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) no mês de março.

Ele começou a carreira como corretor de imóveis no bairro do Tatuapé, zona leste da cidade de São Paulo. Segundo investigações do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Gritzbach multiplicou o patrimônio após começar a fazer negócios com o PCC.

Em poucos anos, Gritzbach passou de corretor de imóveis a empresário dono de postos de gasolina, sítios, lanchas e até helicóptero. Gritzbach chegou a ter cerca de 15 apartamentos no patrimônio, a maior parte deles na zona leste da capital paulista.

No começo do ano, em uma entrevista à TV Record, o empresário afirmou que seu patrimônio era de aproximadamente R$ 20 milhões. À época, já era delator do PCC e ameaçado de morte por membros da facção.

Em 2023, Gritzbach teve os bens bloqueados pela Justiça após ser acusado de lavagem de dinheiro para o PCC. A defesa dele pediu o desbloqueio de 13 apartamentos, um lote, uma sala comercial, duas lanchas e um helicóptero.

Patrimônio de Gritzbach aumentou após elo com o PCC, aponta MP

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), a relação de Gritzbach com o PCC começou em 2010, quando o corretor negociou imóveis com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido no mundo do crime como “Cara Preta”. Após as primeiras negociações, a relação entre eles ganhou força. Segundo as investigações, "Cara Preta" era envolvido no tráfico internacional de drogas e armas, um dos líderes do PCC que não estava preso.

No mesmo período, Gritzbach conheceu Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, também integrante do PCC. Este era motorista de "Cara Preta" e responsável por pontos de droga da facção na zona leste de São Paulo.

Gritzbach teria convencido então "Cara Preta" a investir em criptomoedas, em razão do alto retorno e da possibilidade de lavar dinheiro sem rastreio. "Cara Preta" aceitou a proposta e investiu R$ 200 milhões na moeda digital.

Dois anos mais tarde, os dois entraram em atrito. "Cara Preta" teria pedido 50% do valor investido nas criptomoedas para alavancar negócios da facção, mas Gritzbach teria dado desculpas para não entregar os valores. Os dois discutiram. Dois dias depois, "Cara Preta", de 38 anos, e "Sem Sangue", de 33 anos, foram assassinados no Tatuapé. Para o Ministério Público, Gritzbach foi o mandante do crime. O empresário negou o envolvimento.

De aliado da facção a mandante de homicídios de integrantes do PCC

Os dois integrantes da facção foram executados em 27 de dezembro de 2021. Em 16 de janeiro de 2022, Noé Alves Schaum, de 42 anos, acusado de ser o executor do crime, foi então assassinado, também no bairro do Tatuapé.

Logo depois, Gritzbach foi preso pela Polícia Militar em São Paulo. Ele ficou preso na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP). A defesa do empresário entrou com um pedido de soltura alegando que Gritzbach poderia ser assassinado, já que penitenciária abriga integrantes do PCC. Após pouco mais de um ano preso, a Justiça concedeu a progressão de pena a Gritzbach, em junho de 2023, com a obrigatoriedade da utilização de tornozeleira eletrônica.

A defesa de Gritzbach sempre negou a autoria dos assassinatos e afirmava que o “cliente seria inocentado durante o curso legal do processo”. Apesar de negar os homicídios, durante a delação premiada para o MP Gritzbach admitiu que fazia negócios com a facção criminosa.

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