A formação das alianças para a disputa às eleições municipais em São Paulo já começou. Enquanto a esquerda se aglutina em torno do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), que teve 1 milhão de votos como o deputado mais votado em São Paulo, os nomes da direita começam a despontar e, como em um balão de ensaio, testam sua força perante o eleitorado. Caso seja lançado mais de um candidato do espectro conservador, a análise de especialistas é que isso poderá fortalecer o candidato Boulos.
Isso porque o candidato do Psol à prefeitura de São Paulo terá apoio do PT, que deverá ocupar o cargo de vice, devido a um acordo feito no pleito do ano passado, no qual Boulos retirou a candidatura a governador de São Paulo para não concorrer com o então candidato do PT, Fernando Haddad. Em vídeo vazado nesta semana, o apresentador José Luiz Datena (PDT) propõe a Boulos peitar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele próprio saia como vice, tendo em vista que figurou como o segundo mais forte candidato, depois de Boulos, em levantamento eleitoral feito pela Paraná Pesquisas. O nome mais ventilado para o cargo, no entanto, é o de Ana Estela Haddad (PT), esposa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ainda assim, os dirigentes dos partidos de esquerda defendem que a chapa de Boulos seja formada com um nome mais ligado à centro-esquerda, como o de Tabata Amaral (PDT), o que poderia atrair votos de eleitores mais moderados, à semelhança da aliança entre Lula e Alckmin, que lhes conferiu a vitória à Presidência da República. Tabata Amaral, porém, deseja sair como candidata à prefeita, e não vice.
Do outro lado, as alianças à direita terão de ser fortes suficientes para fazer frente a nomes consolidados como Boulos. Um dos candidatos da centro-direita é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que é próximo do governador Tarcísio de Freitas e tem seu apoio dado como certo.
Além dele, há o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles. Em declaração recente, o ex-presidente Jair Bolsonaro sinalizou que o apoiaria, ao mesmo tempo em que descartou a candidatura do filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), sob o argumento de que ele não teria experiência no Poder Executivo.
Nos bastidores, porém, o nome de Eduardo Bolsonaro é visto como uma possibilidade. A falta de experiência no Executivo não seria um argumento plausível, tendo em vista que o próprio pai, Jair, virou presidente após ter passado apenas pelo Legislativo federal. Além disso, Fabio Wajngarten, ex-secretário da Comunicação Social do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou recentemente em entrevista à Jovem Pan que "o inimigo é o Boulos" e, citando a Paraná Pesquisas, lembrou que o maior nome para fazer frente ao candidato do Psol seria o Eduardo Bolsonaro, seguido do prefeito Ricardo Nunes. "Quem mais tem condição e viabilidade de derrotar o Boulos, eu vou fazer força para apoiar", disse Wajngarten. "De uma vez por todas, a direita tem que construir nomes de forma uníssona e racional, logo", complementou.
Para o cientista político Glauco Peres, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, falta um partido de direita com tanta força política quanto o PT, por exemplo, com uma imagem forte construída junto ao eleitorado. "Na esquerda, todos os acordos passam pelo PT. Tanto nas capitais quando no Senado, por exemplo, o PT lidera as alianças. É um partido de muito peso nas decisões da esquerda, que acaba fazendo com que os outros partidos se ajustem a ele", diz. "Na direita não há nenhum partido assim, as pessoas nem lembram qual era o partido do Bolsonaro em 2018. Isso atrapalha e dá espaço para outros partidos lançarem seus candidatos", acrescenta.
Apesar da força do PT, o partido vem perdendo espaço nos municípios, enquanto o PL de Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto se fortalece. Em 2012, o PT conseguiu 637 prefeituras, número que caiu para 254 em 2016 e para 183 nas últimas eleições. Ainda assim, o deputado federal Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do PT, insistirá para Boulos migrar ao partido e assim garantir espaço na capital paulista. "Se foi feito acordo [entre PSOL e PT], nós vamos cumprir, mas vamos discutir as bases desse acordo. O Boulos poderia vir para o PT, por exemplo. O PT é grande demais para ficar sem candidato na cidade", disse.
Independentemente de como as alianças vão se consolidar, uma coisa é certa: a mais de um ano e meio das eleições municipais e em uma época de intensa polarização, os partidos precisam acelerar o passo para construir grupos fortes o suficiente para garantir seu espaço na cidade de São Paulo, que possui o maior contingente de eleitores do país.
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