A um ano das eleições municipais, São Paulo ainda não tem a definição sobre um candidato da direita para fazer frente ao pré-candidato da extrema esquerda, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Apoiado pelo presidente Lula (PT), Boulos vem liderando as recentes pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), busca a reeleição enquanto tenta se colocar como um candidato de centro-direita. Ele chegou a falar que não era próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas logo depois disse que “gostaria muito do seu apoio na eleição de 2024”. A posição incerta tem como consequência afastar Nunes do eleitorado de direita.
Também pré-candidato, o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) já disse que será o candidato da direita em São Paulo, mas tem pela frente o desafio de convencer os eleitores que o Movimento Brasil Livre (MBL), do qual ele faz parte, representa os anseios da direita.
Além disso, Kataguiri precisa convencer o seu próprio partido a sustentar a candidatura própria. O União Brasil ainda não confirmou oficialmente que terá um pré-candidato ou se apoiará o atual prefeito.
Analistas acreditam em polarização na eleição 2024 em São Paulo
Para o cientista político e diretor do Núcleo de Pesquisas Politicas Publicas da USP José Álvaro Moisés, a eleição do ano que vem sofrerá da mesma polarização de 2022. “O mais provável é que a direita seja representada pelo atual prefeito. A disputa vai polarizar em São Paulo, e Nunes é o nome mais provável a ter apoio de Bolsonaro. Além de Nunes ter a vantagem de estar no cargo, não tem nenhum outro nome com visibilidade e projeção para ocupar esse papel”, avalia o professor.
Até o momento, segue a indefinição sobre qual candidato Bolsonaro, e consequentemente o PL, apoiará em São Paulo. Valdemar da Costa Neto, presidente da legenda, já deixou claro que essa é uma decisão que cabe apenas ao ex-presidente. Bolsonaro chegou a dizer que “precisava resolver alguns problemas em São Paulo”, referindo-se à eleição do ano que vem. O ex-presidente também manifestou a intenção de ter uma candidatura própria do partido na capital paulista, com apoio a Nunes em um eventual segundo turno.
Moisés acredita que essa indefinição de quem será o candidato apoiado por Bolsonaro fortalece a esquerda. “Se Bolsonaro demorar muito para manifestar o seu apoio, Boulos vai ter uma parte do campo limpo para crescer mais”. Na visão dele, o apoio de Lula terá um peso maior do que o de Bolsonaro na eleição em São Paulo. “Bolsonaro perdeu para Lula na capital em 2022, e o PT sempre foi forte na capital, ganhou várias eleições. Lula terá mais influência, na minha opinião”.
Para a professora de ciência política da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Denilde Holzhacker, Nunes é o nome da direita. “O candidato da direita hoje é o prefeito, Ricardo Nunes, que está tentando construir uma posição mais à direita para se contrapor ao Boulos e ser de fato o representante do Bolsonaro na cidade. Ele tem bastante dificuldade porque é um prefeito que pouca gente conhece, tem muitos questionamentos sobre a administração dele, foi uma administração muito apagada. Agora que ele está iniciando um conjunto de obras para tentar garantir uma visibilidade maior”, diz a professora.
Nunes tem intensificado a agenda ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na tentativa de desfrutar do bom capital político do governador e se tornar uma figura mais conhecida. “A estratégia de Nunes é se aproximar mais do Tarcísio, que consegue ter um espectro de apoio não só da direita, mas também da centro-direita, onde o Nunes tem disputado o eleitorado”, avalia a cientista política.
Ela reforça a tese da polarização em 2024. “A nacionalização da eleição em São Paulo é comum, pelo tamanho da cidade, pela lógica de disputas, mas também prevalecem muito os temas locais. Vai ser a possibilidade de um terceiro turno entre Bolsonaro e Lula, com chances claras de que o debate crie um antagonismo, uma polarização como a gente viu na eleição ano passado”.
Com afastamento de Nunes, Ricardo Salles volta a ser cogitado para eleição em São Paulo
Com a indefinição do apoio de Bolsonaro e um receio por parte do ex-presidente em apoiar um candidato que no futuro pode se tornar um adversário, como foi o caso do ex-governador João Dória (PSDB), o nome do deputado federal Ricardo Salles (PL) voltou a ganhar força.
Em um econtro em Brasília na semana passada, Bolsonaro encorajou o seu ex-ministro a disputar a eleição. Salles havia desistido da disputa após enfrentar resistência dentro do próprio PL. O parlamentar chegou a cogitar a saída da sigla. Após o aval do ex-presidente, Salles corre para viabilizar a sua candidatura.
Políticos ouvidos pela Gazeta do Povo reconheceram que Salles pode ser um “barril de pólvora”. Para o grupo do ex-presidente, Salles é o mais próximo ideologicamente de Bolsonaro.
O nome do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) também foi cogitado por parlamentares em Brasília, mas o próprio ex-presidente descartou a possibilidade, afirmando que não quer nenhum de seus filhos no Executivo, segundo informação de um assessor próximo a Bolsonaro.
Última pesquisa divulgada coloca Nunes mais próximo de Boulos
Na pesquisa de intenção de votos para a prefeitura de São Paulo divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas no dia 27 de setembro, Nunes mostrou melhora no desempenho. Boulos segue liderando a disputa, com 35% das intenções de voto, contra 29% de Ricardo Nunes.
Em terceiro lugar aparece a deputada federal Tabata Amaral (PSB) com 7,5%, seguida por Kim Kataguiri, com 5,3%. Salles não aparece na pesquisa porque sua candidatura havia sido descontinuada. A pesquisa entrevistou 1.066 eleitores de São Paulo, com 16 anos ou mais, de 21 a 24 de setembro. A margem de erro é de até 3%.
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