O deputado federal e presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, quer concorrer à eleição para presidência da Câmara dos Deputados, mas há um obstáculo. Para ter chance na disputa, o deputado busca apoio do governo federal, o que tornaria inviável a permanência no mesmo partido que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Outro aspecto que influencia na decisão de Marcos Pereira em manter ou "expulsar" o governador paulista do partido é a composição dos ministérios. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, é filiado ao Republicanos, mas o presidente da sigla deseja mais pastas do primeiro escalão para o partido e paira a análise de que, sem o governador de São Paulo na legenda, a chance aumentaria.
Segundo apuração da Gazeta do Povo, o presidente Lula (PT) não apoiará um candidato para a presidência da Câmara dos Deputados cujo principal nome dentro da legenda seja ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tarcísio vem criticando a postura do Republicanos em fazer parte do governo federal. “É uma coisa que eu vou avaliar com o partido, eu sou contra. Para mim, eu não gostaria de ver o meu partido fazendo parte da base do governo”, afirmou ele, no segundo semestre do ano passado. Embora tenha cogitado mudar para o Partido Liberal, essa possibilidade não se concretizou. Pereira prometeu ao governador que o Republicanos se permaneceria independente nas votações da Câmara e do Senado Federal.
A Gazeta do Povo entrou em contato com assessoria do governador Tarcísio e o deputado federal Marcos Pereira, mas eles não responderam às perguntas da reportagem até a publicação deste texto.
Tarcísio quer permanecer no Republicanos, dizem aliados
O governador de São Paulo disse a aliados próximos que pretende permanecer no partido.
Tarcísio é a principal figura política do Republicanos, tendo capacidade de articular com propriedade em diversas esferas sobre pautas do interesse de São Paulo.
Um exemplo disso foi durante a discussão da reforma tributária na Câmara dos Deputados, quando o Republicanos aceitou as alterações que o governador paulista propôs no projeto e a bancada votou conforme diretrizes dele.
Outro obstáculo para a saída de Tarcísio do partido é a governabilidade na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O Republicanos possui nove cadeiras na Casa e, caso o governador deixe o partido, há o risco de perder parte de seus aliados. Uma das opções de “nova casa” para o governador continua sendo o PL. Para a governabilidade na Alesp, a troca não seria lucrativa. O PL possui 19 deputados no parlamento paulista, que já votam favoravelmente com o governador.
Apesar do desejo de permanecer no Republicanos, Tarcísio sabe que não há ambiente propício para isso caso o presidente da sigla se candidate à presidência da Câmara dos Deputados com o apoio do presidente Lula.
Para cientista político, Republicanos tem muito a perder com a saída do governador paulista
Rodrigo Prando, professor e cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, confirma a percepção do meio político de que se Tarcísio deixar o Republicanos, ele será rapidamente procurado por outros partidos.
“O Tarcísio tem o maior orçamento dos estados. Ele tem uma tranquilidade em termos políticos, porque tem o mandato todo ainda e a possibilidade de buscar a reeleição. A saída de Tarcísio do Republicanos traz muito mais prejuízos para o partido do que para o governador, que certamente seria disputado por outras siglas com interesse em ter alguém que governa o estado de São Paulo”, afirma.
“Se o Tarcísio sair do Republicanos, vai acontecer um grande leilão de partidos e presidentes de partidos que vão trazer propostas de filiação ao governador”.
Rodrigo Prando, professor e cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Em uma eventual mudança, Prando chancela que o destino do governador paulista deve ser o PL. “O Tarcísio tem, entre outras possibilidades, o próprio PL. Nos partidos de direita, o Tarcísio seria uma figura muito bem-vinda na grande maioria dos partidos, até mesmo os de centro-direita. Agora, não dá para saber, mas provavelmente esse tipo de negociação já está sendo realizado. Ele já tem conversas com esses atores políticos”.
O cientista político ressalta que é possível a permanência de Tarcísio mesmo com Marcos Pereira contando com o apoio do governo federal. “A política é feita de negociações. Muitas vezes você tem aliados no plano federal, no plano estadual, e inimigos no município. O próprio Tarcísio falou que o presidente Lula era um adversário e não um inimigo. Se o Marcos Pereira tiver apoio do governo federal, o Tarcísio pode sofrer ataques nas redes sociais, podem dizer que ele não tem efetivamente um DNA bolsonarista, vai depender muito da situação. Mas pode ser que exista apoio ao Marcos Pereira, e ele continue lá”, contextualiza Prando.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião