Em operação há 70 anos, balsa de Ilhabela entra no programa de PPP do governo Tarcísio de Freitas

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou que a balsa responsável pela ligação entre a Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte do estado entrará no programa de Parceria Público-Privada (PPP). Segundo o governador, a balsa receberá um investimento superior a R$ 80 milhões para aquisição de nova frota e modernizações na infraestrutura do trajeto.

A balsa, que opera desde a década de 1950, é alvo de críticas dos turistas e moradores da região. Comerciantes locais fizeram um abaixo-assinado intitulado "Tarcísio, Ilhabela pede socorro" e o documento já conta com mais de 5 mil assinaturas. Os usuários reclamam das longas filas para atravessar de um lado para outro e da falta de infraestrutura. Nas últimas semanas, devido ao vento forte, o serviço foi interrompido em momentos mais críticos, por questões de segurança. O resultado foi o acúmulo de veículos em longas filas na espera de mais de seis horas pelo serviço.

"Não podemos admitir. Queremos que a travessia seja feita em menos tempo, com mais segurança e qualidade", projeta Freitas no anuncio dos investimentos para a região na semana passada.

De acordo com informações do Governo do Estado, o investimento será divido em duas partes: R$ 31,7 milhões apenas para a modernização da frota até 2024. Outros R$ 48,8 milhões serão investidos até 2026 para obras de dragagem, drenagem e reforma de flutuantes e bolsões.

“São medidas importantes para melhorar o tempo de resposta do sistema em um serviço sujeito a mudanças dinâmicas, além de objetivar a segurança necessária aos usuários e à infraestrutura das travessias. Vale ressaltar que, a longo prazo, estamos estruturando, também, uma Parceria Público-Privada (PPP) para a concessão das travessias”, afirmou a secretária de Meio, Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Natália Resende.

Segundo a Semil, até novembro mais duas balsas serão disponibilizadas para a travessia, totalizando seis embarcações para o trajeto. A secretaria também informou que o leilão deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2025.

A operação de travessia é feita bela balsa FB-29, com capacidade para transportar 40 veículos e 140 pedestres, por viagem. Com o projeto de modernização, a FB-25 deve realizar o trajeto com capacidade para 70 veículos e 344 passageiros. A previsão de entrega do equipamento reformado é para novembro. Em 2022, as balsas transportaram 1.588.915 de pessoas a pé e 1.647.139 de veículos (carros, caminhonetes, ônibus e caminhões).

Especialista defende a construção de ponte

Há décadas se discute a possibilidade de uma ponte ligando Ilhabela ao litoral norte paulista, o que para muitos resolveria o problema das grandes filas da balsa. Mas os moradores da ilha são contra, temendo um fluxo muito alto de pessoas na região, especialmente nos finais de ano.

Segundo dados do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a Ilhabela possui aproximadamente 35 mil habitantes. No fim de ano, em média, a ilha chega a receber meio milhão de turistas, de acordo com a prefeitura.

Coordenador do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Pedro Henrique Cerento de Lyra afirma que a ponte pode ser uma solução viável, embora o investimento seja alto.

“A ponte faz sentido sim, porque a própria fila da balsa acaba mostrando que precisa ter essa ponte. Existem outros fatores que podem inviabilizar [a ponte], como a passagem de embarcações embaixo e outras condicionantes que um projeto precisa analisar”, explica.

Governo do Estado anuncia medidas para balsa de Ihabela:

• Os veículos de carga com mais de quatro eixos não poderão embarcar entre 6 e 20 horas, de segunda a quinta-feira.

• Caminhões de três eixos ou mais não poderão entrar na ilha na sexta-feira, das 10 às 23h59, no sábado, das 8 às 16 e no domingo, das 8 às 14 horas.

• Em véspera de feriado prolongado, a proibição vale das 11 às 23h59, e no primeiro dia do feriado prolongado, das 8 às 16 horas.

• Não serão afetados caminhões com cargas perecíveis e veículos de serviços essenciais, como saúde.