O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou, neste sábado (9), que ofereceu proteção especial ao empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, que foi morto pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) com tiros de fuzis na saída do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), na última sexta-feira (8).
A principal suspeita é de “queima de arquivo”, pois Gritzbach firmou acordo de colaboração premiada com o MP-SP, fornecendo informações para as investigações contra a facção após fornecer o serviço de lavagem de dinheiro ao crime organizado.
Apesar do risco, a vítima recusou o serviço de proteção do estado para continuar com as atividades empresariais. O empresário contratou policiais militares para fazer a escolta particular. Após o crime, os celulares do segurança foram apreendidos para perícia e os policiais afastados até o fim das investigações.
“[Foi feita] uma oferta formal de proteção ao réu colaborador Antônio Vinicius Lopes Gritzbach e seus familiares, na presença de seus advogados, para incluí-los no Programa Estadual de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita). Entretanto, o beneficiário do acordo de colaboração premiada recusou a proposta, alegando que pretendia continuar em sua rotina e gerindo seus negócios”, revelou o MP-SP em nota à imprensa.
Por meio das investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o MP-SP deflagrou a operação Fim da Linha, em abril deste ano, contra duas empresas de ônibus suspeitas de lavagem de dinheiro com envolvimento da facção criminosa.
A UpBus atendia a zona leste de São Paulo com 159 ônibus e a TransWolff, com uma frota de 1,2 mil veículos, operava na zona sul de São Paulo. Juntas, as empresas receberam mais de R$ 800 milhões da prefeitura de São Paulo em 2023. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 600 milhões em patrimônio para assegurar o pagamento a título de dano moral coletivo. Dez dirigentes da Transwolff e 18 dirigentes da UPBus foram denunciados pelo MP-SP.
Segundo informações do portal UOL, a colaboração de Gritzbach para desmantelamento das empresas ligadas ao PCC para prestação do serviço público de transporte coletivo teria levado a facção a oferecer aproximadamente R$ 3 milhões pela morte do empresário.
“Episódios como esse são intoleráveis, desafiando a sociedade e o Estado, que dará uma resposta vigorosa aos que insistem em caminhar à margem da lei”, afirma a nota do MP-SP. Em abril, o promotor de Justiça do Gaeco Lincoln Gakiya afirmou que o PCC passou a atuar como uma organização mafiosa com infiltração no poder público para lavagem de dinheiro por meio de serviços essenciais, como transporte coletivo e saúde.
Outra suspeita é que o assassinato do empresário no aeroporto de Guarulhos foi uma vingança pela morte do narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, mais conhecido por “Cara Preta”. Ele e o motorista foram executados em 2021.
Gritzbach era considerado o principal suspeito como mandante do crime, conforme o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por uma cobrança de R$ 40 milhões. O montante teria sido desviado pelo empresário após promessa de investimento em criptomoedas feita ao traficante.
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