Equatorial ofertou mais de R$ 6 bi por fatia da Sabesp, uma das maiores companhias de saneamento básico do mundo.| Foto: Daniel Guimarães/A2img/Flickr Governo de São Paulo
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Nesta terça-feira (16), a Equatorial Participações e Investimentos foi confirmada pelo governo do estado paulista como investidora estratégica da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Único a apresentar proposta para a privatização da empresa, o fundo de investimentos ofertou R$ 67 por ação para adquirir uma fatia de 15% da companhia, um investimento de R$ 6,87 bilhões.

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A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende, comemorou a venda. “A Equatorial é uma empresa com reputação no mercado e capacidade de investimento que certamente auxiliarão para que consigamos atingir os objetivos da desestatização."

Na segunda-feira (15) terminou o prazo para os investidores do varejo manifestarem interesse em adquirir as ações da Sabesp oferecidas pelo governo do estado. O pregão na B3 se encerrou com os papéis a R$ 81,67, uma alta de 21% em relação ao valor ofertado pela Equatorial, de R$ 67.

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A valorização reflete não só a proximidade da conclusão da privatização da companhia, como também o fato de que a Equatorial - que indicará três cadeiras no conselho de administração da Sabesp e o presidente do conselho - tem credibilidade junto aos investidores.

"O mercado está colocando no preço uma maior probabilidade de que, nas mãos desse novo investidor estratégico e num contexto de privatização sem as amarras e ineficiências estatais, a Sabesp poderá gerar muito mais valor (lucros e dividendos) para os seus acionistas do que atualmente", diz Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

Oferta pela Sabesp reforça participação da Equatorial no ramo de saneamento básico

A oferta feita para comprar parte de um dos maiores players de saneamento básico do mundo condiz com os movimentos do grupo Equatorial nos últimos anos, que vem diversificando os ramos de atuação para além da distribuição de energia, principal expertise da companhia fundada no final da década de 1990, durante o Programa Nacional de Desestatização (PND).

Na época, a empresa foi criada para adquirir a Companhia Energética do Maranhão (Cemar). Em 2006, a Equatorial abriu capital na Bolsa e atualmente é considerada a primeira empresa multiutilities do Brasil, ou seja, que presta diferentes serviços públicos.

Só no segmento de distribuição de energia, a Equatorial opera sete concessionárias em sete estados diferentes, cobrindo 24% do território nacional. Além de distribuição, atua em geração de energia, telecomunicações e saneamento básico.

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"A companhia realizou turnarounds muito bem-sucedidos nas distribuidoras de energia do Maranhão e do Pará e, desde o fim da década passada, vem arrematando outras distribuidoras problemáticas com o objetivo de melhorar os resultados operacionais e financeiros dessas unidades", diz Hungria, da Empiricus Research.

Desde a edição do novo Marco Legal do Saneamento, sancionado em 2020, a Equatorial vem avaliando o setor e as oportunidades de negócios abertas pela segurança proporcionada pela legislação. No final de 2021, a holding fez a primeira aquisição no ramo de saneamento básico ao adquirir 100% da concessão de serviços de água e esgoto do Amapá por R$ 930 milhões.

A operação foi iniciada em julho de 2022 com a consolidação da CSA Equatorial (Companhia de Saneamento do Amapá), uma concessão de 35 anos e investimento de R$ 3 bilhões. "A CSA ainda está nos estágios iniciais de reestruturação, mas apesar de a grande expertise da companhia ser a distribuição de energia, o mercado acredita que possui capacidade operacional e financeira para conseguir gerar valor para os acionistas da Sabesp no contexto da privatização", afirma Hungria.

Em 2023, o grupo Equatorial teve um lucro líquido de R$ 2,876 bilhões, aumento de 50% em relação ao ano anterior. Já no primeiro trimestre de 2024, o lucro líquido ajustado foi de R$ 384 milhões, crescimento de 40,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Operações feitas para capitalização e compra da Sabesp

De olho na privatização da Sabesp, a Equatorial vem fortalecendo o caixa por meio da venda de ativos não essenciais e ações em áreas que não estão alinhadas com a prioridade estratégica de longo prazo. Na semana passada, o segmento de energia vendeu por R$ 1,19 bilhão a empresa de transmissão no Pará, sendo R$ 840,4 milhões em equity value e R$ 350 milhões em dívida líquida.

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No fim do ano passado, o grupo havia vendido por R$ 714 milhões a Intesa, de linhas de transmissão em Goiás e em Tocantins. Ambas as empresas, tanto a Intesa quanto a empresa de transmissão no Pará, foram compradas pelo fundo de pensão do Canadá CDPQ.

Os próximos passos da privatização da Sabesp

Mesmo que a Equatorial tenha enfrentado concorrentes para se tornar investidor de referência da Sabesp, as etapas da compra dos papéis seguiram o rito normalmente, como se houvesse mais de uma oferta de comprador. Desde o último dia 28, quando a Equatorial foi anunciada como "Investidor de Referência Finalista da Oferta", se iniciou o processo chamado bookbuilding, quando os investidores do varejo indicam a quantidade de ações que querem adquirir.

Esse passo foi concluído na segunda-feira (15) e, após a confirmação da aquisição pelo governo do estado nesta terça-feira (16), a oferta segue para a fase de precificação, quando o preço e o volume finais serão apurados. O resultado deve ser anunciado na próxima quinta-feira (18) e a liquidação da oferta pública ocorrerá no próximo dia 22.

Fachin cobra informações em ação aberta no STF por opositores à privatização

Também na segunda-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin deu um prazo de três dias para que Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, e a Câmara Municipal da capital paulista forneçam informações a respeito do novo contrato de concessão assinado entre o município e a Sabesp.

O pedido foi feito no âmbito da ação aberta por partidos opositores ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e à privatização da companhia: Psol, Rede, PT, PV e PCdoB. Eles questionam a assinatura do contrato e pedem a suspensão da legislação aprovada neste ano pela Câmara que permite à cidade de São Paulo aderir à privatização da Sabesp.

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Entre os argumentos, está a ausência de regras a respeito da política tarifária que será aplicada, de estudos técnicos que analisem o impacto da medida nos cofres públicos e de regras de proteção ambiental. Na solicitação, Fachin pediu ainda, no mesmo prazo de três dias, pareceres da Procuradoria-Geral da República e da Advocacia-Geral da União.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]