Para diminuir o uso de redes sociais em sala de aula e melhorar a socialização, a escola da rede particular Alef Peretz, instalada dentro do clube judaico A Hebraica, no Jardim Paulistano (zona oeste de São Paulo), adotou estojos que trancam o celular do estudante ao início da aula. A liberação ocorre após o encerramento da aula.
O aparelho foi desenvolvido pela empresa norte-americana Yondr, que tem como foco “criar espaços sem telefone onde a conexão, o foco e a criatividade genuínos possam florescer na ausência de tecnologia”. Segundo a companhia, 1 milhão de estudantes de 21 países utilizam o estojo.
A head de relacionamento da escola Alef Peretz, Lina Brochmann, pontua que esse sistema de trancar o celular dos alunos no começo da aula está em uso em mais de 2 mil escolas dos Estados Unidos. No Brasil, ainda é novidade. Segundo ela, a escola Alef Peretz é a primeira a utilizar o estojo e, por enquanto, a única.
“O problema é comum em todas as escolas. [Queríamos] minimizar os problemas do uso de telas em horário escolar. A cada ano, crianças mais novas estão tendo acesso - até a conteúdos inadequados. Achamos uma solução boa. Gostamos porque o telefone fica com a criança, que é responsável pelo celular. A escola não recolhe”, explica Brochmann.
O estojo foi distribuído em fevereiro deste ano. No começo da aula, o professor pede aos alunos guardarem o celular e, ao final da aula, o docente passa um desmagnetizador para destravar o sistema. A escola importou 700 estojos pagos pelos pais dos alunos que se tornou material obrigatório do estudante. O item custa 30 dólares (em torno de R$ 150).
A head de relacionamento da escola conta que antes da chegada do estojo já era proibido o uso de celular. Mesmo assim, os alunos usavam. “Isso demandava muita atenção dos professores; os alunos recebiam advertência. A equipe pedagógica estava muito empenhada nisso e agora eles não estão usando. Eles mesmos percebem que o rendimento e a concentração na aula são melhores”.
Melhora na socialização entre os alunos
Segundo a escola, é possível notar alterações no ambiente e na interatividade entre os estudantes. “O objetivo principal era a socialização. Começamos a perceber uma integração maior. Eles estão jogando futebol de botão e carta. A socialização está acontecendo muito mais”, comenta a head de relacionamento da Alef Peretz.
A decisão de adquirir os estojos foi da equipe pedagógica, mas contou com amplo apoio das famílias, diz a escola. “Trouxemos o tema para debate. Sentimos que tinha um apoio de grande maioria. As famílias dão o celular, mas os conflitos acontecem na escola. Então, não teve resistência”, informa a representante da escola.
Apesar da restrição do uso de celulares pelos estudantes, a escola pontua que não é “contra tecnologia”. A partir do 6° ano, os alunos utilizam computadores para fins pedagógicos. “[Trabalhamos] a parte da educação digital, com supervisão e responsabilidade. No wi-fi da escola tem alguns bloqueios para redes sociais, mas é disponível para fins pedagógicos”.
Se de um lado as redes sociais foram restringidas, de outro a escola aumentou o tempo de leitura. “Nós também não temos apostila impressa, é tudo digital. Eles fazem bastante pesquisa na internet, mas tudo com um fim pedagógico”, complementa Brochmann.
Rede estadual de ensino bloqueia uso de redes sociais e serviços de streaming pelo wi-fi
Desde o começo do ano, a Secretaria da Educação do governo de São Paulo bloqueou o uso de redes sociais e serviços de streaming de vídeos por meio da rede wi-fi nos colégios estaduais. O acesso a plataformas como Facebook, Instagram, TikTok e Netflix já era bloqueado para os estudantes desde 2023. Mas a medida atingiu a parte administrativa das escolas.
Apesar das críticas, o bloqueio visa combater o uso das telas pelos estudantes. O intuito é que o uso do wi-fi seja somente para fins pedagógicos. A Secretaria da Educação paulista afirmou que não há outros projetos para minimizar ainda mais o uso de telas nos colégios estaduais, como o estojo Yondr.
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