Após a aprovação da Lei Complementar 9/2024, que autoriza o modelo de escolas cívico-militares em São Paulo, a Secretaria da Educação estadual lançou um edital para que as escolas interessadas no programa pudessem se inscrever. Entre elas estava a Escola Estadual Vladimir Herzog, em São Bernardo do Campo, cuja direção havia demonstrado interesse em adotar o modelo cívico-militar após consulta pública com a comunidade escolar.
Porém, após repercussão sobre a alteração na unidade escolar, a direção da Escola Vladimir Herzog divulgou um posicionamento público, neste domingo (21), desistindo da proposta: "diante de uma nova análise sobre o tema decidimos não dar continuidade à consulta", informou a escola.
"Reafirmamos, enquanto equipe gestora, nosso compromisso com a promoção da educação pública de qualidade. Acreditamos firmemente que nossa metodologia pedagógica visa abranger valores essenciais para o desenvolvimento integral dos alunos, pautados nos princípios da democracia, pluralidade e inclusão social", reiterou a Escola Vladimir Herzog.
No estado paulista, as escolas selecionadas para fazer parte do programa cívico-militar serão anunciadas até o final de agosto. De acordo com a Secretaria da Educação, 302 diretores manifestaram interesse no modelo cívico-militar, representando cerca de 5% das mais de 5 mil escolas do estado. A expectativa da pasta é iniciar o projeto no ano letivo de 2025 com 45 escolas.
Família Herzog repudiou possibilidade de escola se tornar cívico-militar
Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, conversou com a Gazeta do Povo e repudiou a possibilidade da escola que leva o nome do pai se tornar cívico-militar. "Estamos indignados com a informação que a diretora da E.E. Jornalista Vladimir Herzog tenha inscrito a unidade no programa de escolas civil-militar. É inaceitável associar o nome do meu pai a projeto tão absurdo", afirmou.
De acordo com Ivo Herzog, se a proposta se mantivesse em pé, a família pediria a retirada do nome de Vladimir Herzog da escola. Nascido em 1937 na Iugoslávia (atual Sérvia), Vladimir Herzog foi um jornalista e professor universitário. Naturalizado brasileiro, ele dirigiu o jornalismo da TV Cultura na década de 1970, durante o regime militar, e lecionou na Escola de Comunicações e Artes (Eca) da Universidade de São Paulo.
Militante do Partido Comunista Brasileiro e contrário ao regime militar da época, Herzog foi convocado para prestar depoimento no DOI-Codi, órgão que era subordinado ao Exército, em São Paulo, onde compareceu espontaneamente e foi torturado e morto em 1975, tornando-se símbolo da luta pela democracia no país.
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