O estado de São Paulo abriu aproximadamente 208 mil empresas de janeiro até agosto deste ano, segundo dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), o que é mais que as regiões Norte e Nordeste do Brasil, somadas, no mesmo período.
O Nordeste teve um pouco mais de 106 mil empreendimentos abertos. Já o Norte do país registrou 33 mil novas empresas.
As regiões representam 16 estados que, juntos, abriram cerca de 139 mil empresas, de acordo com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica. Os números não levam em consideração a Microempresa Individual (MEI).
Embora o estado paulista tenha mais empresas abertas, o processo é mais burocrático se comparado com as regões Norte e Nordeste. Segundo informações da Jucesp, que é vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o tempo médio para se abrir uma empresa é de 1 dia e 20 horas em São Paulo. Nos estados nortistas e nordestinos, o tempo médio é de 18 horas para obter um novo CNPJ.
De acordo com os dados da Jucesp, uma em cada quatro empresas que são abertas em São Paulo são do setor automotivo, seja para reparos, acessórios para veículos, mecânica ou funilaria. O setor de carros e caminhões também lidera no quesito “encerramento de CNPJ”.
Em média, São Paulo abre mais de 25 mil empresas por mês. A expectativa do governo estadual é fechar o ano com mais de 300 mil novos CNPJs apenas em 2023. Em relação às baixas, de janeiro até agosto deste ano, foram fechadas 86.435 companhias em São Paulo. O saldo líquido do estado é de 122.326 empresas.
“Além de uma série de medidas de incentivo promovida pelo Governo do Estado, a Junta Comercial tem buscado digitalizar os serviços e desburocratizar os processos, acelerando a criação de novos CNPJs. Estamos focados em facilitar a criação de novos negócios, fomentar o ambiente empreendedor e gerar emprego”, destaca o presidente da Jucesp, Márcio Massao Shimomoto.
A cidade de São Paulo também apresenta bons indicadores. O município bateu o recorde de abertura de empresas no mês de agosto com 13.402 novos CNPJs na capital, o maior número da série histórica iniciada em 1998 pela Jucesp.
Histórico, mão de obra e ICMS: especialistas explicam sucesso paulista
Para o professor de economia do Insper Ricardo Humberto Rocha, o grande diferencial do estado é a diversificação econômica. “São Paulo tem o maior PIB e uma diversificação na sua economia. É um grande produtor de etanol, implementos industriais, indústria automobilística, universidade e serviço. Isso explica o porquê as pessoas querem vir para São Paulo. Indústria ou qualquer negócio, vai precisar de mão de obra qualificada e esse é o diferencial de São Paulo”, explica o professor.
Rocha também ressalta a qualidade da infraestrutura do como transporte viário, rodoviário e ferroviário. "O programa de concessão de rodovias, que começou há 25 anos é um sucesso absoluto. Embora o custo do pedágio seja algo a ser refletido, as estradas são de altíssima qualidade”, argumenta.
O professor aponta que outros estados do paíse também se destacam com abertura de novos negócios e desenvolvimento econômico. “Quando olhamos para pequena e média indústria, Santa Catarina. Sobre o agronegócio, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Algumas áreas industriais, o Rio de Janeiro. Mas São Paulo está bem na frente. O Governo do Estado pensa na infraestrutura ao longo do tempo. Estamos no caminho certo e precisaríamos ter uma parceria maior de políticas públicas com o Governo Federal. O país precisa estar alinhado com os estados. É menos ideologia e mais trabalho”, cobra Rocha.
Para o professor de economia no curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia Ricardo Balistiero, o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) pode ser um facilitador para grandes investimentos. “O ICMS é o principal tributo brasileiro e São Paulo é o principal estado. Toda vez que for criar algum tipo de estímulo, se usa o ICMS", comenta.
O docente também cobrou uma maior contribuição do governo Lula (PT). “O Rio de Janeiro é o segundo colocado, mas bem longe de São Paulo. O PIB carioca é um terço do paulista. Não tem outro estado que se compare. O ideal é o país ter outras regiões tão desenvolvidas como São Paulo. Isso depende de políticas federativas, que envolvam o Governo Federal”, pondera
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