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Qual é o estado com o melhor índice de rodovias em ótimas condições do país e os fatores que levam a esse resultado.
A SP-021, conhecida como Rodoanel Mário Covas, ocupa o quarto lugar do ranking das melhores rodovias do país, elaborado pela CNT.| Foto: Divulgação/Confederação Nacional do Transporte

Asfalto bem cuidado, sinalização clara e traçados que raramente deixam o motorista em apuros são a marca registrada das rodovias de São Paulo, estado que lidera a qualidade viária do Brasil. Não por coincidência é também o estado economicamente mais forte do país.

De acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2024, realizada pela Confederação Nacional do Transporte, o estado de São Paulo tem o melhor índice de rodovias em ótimas condições entre todos os avaliados: 40,6% delas foram classificadas como "ótimas", enquanto 34,8% receberam a avaliação "boa".

O índice de estradas definidas como péssimas é de zero por cento. Já as rodovias classificadas como ruins são apenas 1,8%, enquanto as regulares representam 22,8%.

No quesito pavimento, os números são ainda mais expressivos: 61% das estradas apresentam condições consideradas ótimas, um feito que coloca São Paulo muito à frente da média nacional, que soma apenas 7,5% das rodovias no mesmo nível. Apenas 0,1% no estado são consideradas péssimas e 0% estão com o pavimento totalmente destruído.

Bruno Batista, diretor executivo da CNT, ressalta que no ranking com as primeiras 10 rodovias com melhor qualidade do Brasil, todas estão na região Sudeste e, à exceção de uma que está no Rio de Janeiro, as demais concentram-se em São Paulo e são de jurisdição estadual.

Além disso, há no ranking uma predominância da quantidade de rodovias sob responsabilidade da administração privada. “À exceção da SP-463, todas as rodovias são concedidas. Isso acaba confirmando o histórico da pesquisa, de que a qualidade de rodovias concedidas, de forma geral, é melhor do que das rodovias públicas”, diz Batista.

Ranking das 10 melhores rodovias do país

  • 1. SP-270 - Rodovia Raposo Tavares
  • 2. SP-099 - Rodovia dos Tamoios ou Octavio Frias de Oliveira
  • 3. SP-225 - Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros; Engenheiro João Baptista Cabral Rennó; Engenheiro Paulo Nilo Romano; Deputado Rogê Ferreira ou Deputado Ciro Albuquerque
  • 4. SP-021 - Rodoanel Mário Covas
  • 5. SP-348 - Rodovia dos Bandeirantes
  • 6. RJ-124 - Via Lagos
  • 7. SP-463 - Doutor Elyeser Montenegro Magalhães
  • 8. SP-300 - Rodovia Marechal Rondon
  • 9. SP-070 - Rodovia Ayrton Senna/Carvalho Pinto
  • 10. SP-065 - Rodovia Dom Pedro I

Estado de São Paulo tem alto índice de estradas administradas pelo capital privado

O estudo aponta que há no Brasil, desde a década de 1980, uma discrepância significativa entre a necessidade de investimentos rodoviários em manutenção, conservação e ampliação da malha rodoviária e os investimentos de recursos públicos efetivamente feitos.

Por isso, desde então o capital privado tem sido fundamental para a qualidade das rodovias, tanto federais quanto estaduais. As rodovias concedidas à iniciativa privada representam 25,2% do total pesquisado.

A presença do capital privado nas rodovias do estado de São Paulo é significativa e está diretamente ligada às boas condições das estradas. A pesquisa constatou que, dos 28.228 quilômetros de extensão de rodovias concedidas no país, 46,1% concentram-se no estado de São Paulo.

Ambiente regulatório e segurança jurídica aumentam disputa pelas rodovias

De acordo com Claudio Roberto Frischtak, presidente da InterB, consultoria especializada em infraestrutura e negócios, o estado de São Paulo é detentor de alguns fatores que atraem o capital privado e fazem com que os leilões de concessões de rodovias sejam bem-sucedidos.

Entre eles estão os contratos de concessões bem feitos, na média melhores que das concessões dos outros estados. Além disso, pela própria natureza do estado mais desenvolvido do Brasil, as rodovias possuem um tráfego significativo e torna os ativos atraentes. “Os concessionários mais relevantes do país entram na disputa pelas rodovias do estado e, com o tempo, a competição pelos ativos possibilita melhores resultados qualitativos”, diz Frischtak.

Outro fator é a regulação feita pelo estado de São Paulo, também considerada referência. A Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) já é vista como uma boa agência e deve melhorar com a nova legislação aprovada no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que reforça a autonomia decisória do órgão no âmbito administrativo.

A competição pelos ativos possibilita melhores resultados qualitativos.

Claudio Roberto Frischtak, presidente da InterB, consultoria especializada em infraestrutura e negócios.

Além disso, de acordo com Frischtak, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) é reconhecido por tomar decisões que apontam para uma previsibilidade regulatória e jurídica. “A modelagem das concessões ou PPPs estaduais, em geral, atraem competição pela estabilidade do Direito”, afirma ele.

Já em relação às rodovias federais localizadas no estado de São Paulo, elas também refletem o fato de o estado ter um poder político específico e uma economia pujante, composta por uma rede de cidades de médio porte. “Claro que a agência reguladora federal é a mesma para todos os estados, mas a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) tem recursos muito escassos e não consegue dar atenção a todos os estados igualmente”, conclui.

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