O estado de São Paulo fechou o ano de 2023 com a menor taxa de homicídios dolosos em 23 anos. Foram 5,7 casos para cada 100 mil habitantes. Esta foi a primeira vez desde 2001, início da série histórica, que o índice ficou abaixo de 6. Em 2022 foram 2.909 registros, ante 2.606 em 2023, uma queda de 10,4%.
A redução no número de homicídios intencionais começou a ser percebida a partir do segundo semestre do ano passado. O índice nos períodos acumulados do ano registrou quedas consecutivas, comparadas a 2022, de 4,9% (até junho); 10% (até julho e agosto), 9,5% (até setembro); 11,5% (até outubro); 10,9% (até novembro) e 10,4% (até dezembro).
Em todo o país, a queda geral foi de 4% nos homicídios dolosos em 2023, em comparação com 2022. Outro nove estados registraram maior redução no índice de criminalidade, à frente de São Paulo. A maior redução foi em Sergipe (22,9%), segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
No recorte paulista, o secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite destacou o trabalho de inteligência entre as polícias Civil e Militar como ponto de contribuição para a redução de homicídios.
“Crimes contra a vida e ações violentas que resultam em morte são um dos focos (de combate) da nossa gestão, por isso, nossas polícias passaram a atuar mais integradas. A Polícia Militar, atuando ostensivamente e de forma estratégica, contribui na prevenção desses crimes. Por sua vez, a Polícia Civil aperfeiçoou as investigações dando uma resposta eficaz à sociedade, identificando e levando à prisão os criminosos envolvidos nesses delitos”, disse o secretário em entrevista para a Gazeta do Povo.
Derrite também pontuou a implementação do programa Sistema de Informação e Prevenção aos Crimes Contra a Vida. “A ferramenta analisa os índices criminais a fim de elaborar estratégias e planos de ações para a atuação das polícias na redução de mortes, auxiliando na compreensão da dinâmica criminal dos delitos e, portanto, no planejamento de políticas e ações para prevenção e repressão dos crimes”.
Lançada em fevereiro, a plataforma permite que a população tenha acesso aos dados e possa consultar em quais locais do estado de São Paulo os homicídios ocorreram. Além das mortes intencionais, o sistema mapeia os latrocínios (roubos seguidos de morte).
“O mecanismo amplia a transparência e dá ao cidadão participação ativa no processo para não só cobrar ações do poder público, mas ajudar com informações, vídeos e imagens que possam colaborar na elucidação dos fatos”, diz Derrite.
A capital do estado também atingiu o menor índice da série histórica, com uma queda de 14% em relação a 2022”.
Especialista afirma que é preciso ter "sensação de segurança"
José Beltrame, ex-secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro por dez anos (2007-2016), analisa que é importante realizar pesquisas sobre a diminuição dos assassinatos e constatar se a população local se sente mais segura.
“O índice de homicídios é, sem dúvida nenhuma, muito importante. Faz parte da mensuração do Índice de Desenvolvimento Humano dos países e das cidades feita pela ONU. Mas acho também que outras pesquisas em torno desse índice têm que ser feitas. Pesquisas qualitativas, ou seja, diminuiu a taxa de homicídios, mas e a sensação da segurança da população como está? O Estado tem que tomar atitudes a ponto de diminuir índices de criminalidade, mas, sobretudo, fazer com que a política de segurança aplicada traga para as pessoas o que elas têm de mais grato, que é a esperança”.
Ele pontua que, na série histórica, São Paulo mantém, em relação aos outros estados do Brasil, índices de homicídio mais baixos. Questionado se a política desarmamentista do governo Lula (PT) poderia ter relação com a queda de homicídios no estado de São Paulo, Beltrame ressalta que, se for desarmar a população, é necessário tirar as armas também dos criminosos.
“Vou tirar armas, mas vou fazer um exercício para tirar armas de todos. É preciso fazer um esforço para não deixar entrar arma no país e para desarmar locais onde tem muitas armas. Não pode somente ver o lado desse desarmamento de que somente parte da população faça isso. Pelo ponto de vista constitucional, as pessoas podem ter direito a ter uma arma”, diz o ex-secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro.
São Paulo registrou queda de roubos de carga, veículos e bancos
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo também ressaltou a queda de roubos de forma geral no estado paulista em 2023. Foram 228.028 registros, 6,2% a menos em comparação com 2022, que teve 242.991 notificações.
Os roubos de veículo, por sua vez, encerraram o ano com queda de 10,2%. Foram 4.250 a menos que nos 12 meses anteriores. As ações policiais também miraram os roubos de carga, que registraram redução de 4,2% no período, com 6.063 ocorrências. Os roubos a banco bateram o menor número em 23 anos: dez registros, seis a menos do que os registrados em 2022.
Estupro, furto e tentativa de homicídio cresceram em São Paulo
Os furtos em geral subiram em 2,4% no ano passado, com 576.278 notificações. O número representa mais de 1,5 mil furtos por dia no estado de São Paulo. O recordista em furtos é o aparelho celular.
Em 2023, o estado registrou 3.615 tentativas de homicídio, contra 3.499 de 2022 (alta de 3,3%).
Registros de estupros no estado de São Paulo alcançaram o maior número desde o início da série histórica, em 2001.
O total de estupros cresceu 9,5%, passando de 13.240 registros em 2022 para 14.504. Existem dois grupos alvos de estupro nos dados da Secretaria da Segurança Pública: mulheres e vulneráveis (crianças e adolescentes). O maior aumento se deu nos registros entre as mulheres, que passou de 2.970 para 3.371 casos, um aumento de 13,5%. Entre vulneráveis, o crescimento foi de 8,4%, passando de 10.270 em 2022 para 11.133 em 2023.
Cidade de São Paulo também reduz homicídios
Na cidade de São Paulo, os números são parecidos com o estado. Crimes como roubo e latrocínio caíram, enquanto estupro e furto subiram no ano passado.
Foram quase 10 mil roubos a menos na capital (total passou de 139 mil registros para 130 mil). Nos latrocínios, a queda foi superior a 30%, passando de 63 casos em 2023 para 42 no ano passado. Os homicídios dolosos caíram 14% na cidade de São Paulo, de 560 para 481 casos. É o menor número desde 2001.
Os furtos em geral na cidade passaram de 235 mil casos para 250 mil, alta de 6,5% de 2022 para o ano passado. Os estupros também subiram, passando de 2.662 registros em 2022 para 3037 registros em 2023, alta de 14% na capital.
Em relação às capitais, São Paulo ocupa a posição com menos homicídios intencionais no ranking, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Macapá lidera como a mais violenta.
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