Nesta segunda-feira (6), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), discutiram a criação de um plano de contingência para o serviço de fornecimento e distribuição de energia eletrica no estado. Entre as medidas anunciadas durante uma entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes está o ressarcimento aos consumidores que ficaram e ainda estão sem energia por conta dos temporais de sexta-feira (3).
De acordo com o governador Tarcísio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai atuar em conjunto com a Enel e as demais distribuidoras de energia do estado para garantir o ressarcimento dos consumidores que foram atingidos pelo desligamento da energia. "Quanto maior o tempo sem energia, maior o ressarcimento para o consumidor, isso é algo que já é regulado, já acontece. O que nós pedimos é o compromisso de agilizar as solicitações dos clientes", anunciou o governador.
Para que esse atendimento seja agilizado, deve ser criado um Plano Especial de Atendimento, explicou o governador. Segundo ele, a situação atual dos consumidores da Enel, principalmente na capital, é excepcional, e por isso "não pode ser tratada como um procedimento ordinário". As concessionárias também devem estudar um modelo de atendimento específico para os pequenos comerciantes e demais consumidores, o que deve ocorrer dentro de 30 dias.
Governador cobrou melhorias no fluxo de informações entre concessionárias e poder público
Tarcísio também reforçou a necessidade de melhora no fluxo de informações das concessionárias com o poder público dentro deste plano de contingências. Segundo ele, a atuação da empresa de energia elétrica depende de outras ações, como a desobstrução de vias bloqueadas por árvores caídas, por exemplo.
"Quando a gente faz uma análise do que ocorreu nesse evento extremo nós percebemos que houve problemas no fluxo de informações. Houve falas de comunicação, e nós precisamos que isso não aconteça mais no momento de tomada de providências", detalhou.
Para o prefeito da capital, o serviço de fornecimento de energia elétrica tem muito ainda a melhorar. "Não haveria essa reunião se estivéssemos satisfeitos com as empresas. É preciso melhorar o nível de exigência. Todos saem com uma mensagem clara do prefeito e do governador que precisa melhorar. Ainda temos 185 mil pessoas sem energia na capital. A gente precisa melhorar e muito", avaliou Ricardo Nunes.
Enel garante que religou a energia elétrica em 85% dos imóveis que estavam desabastecidos desde sexta-feira
Mais de meio milhão de imóveis seguiam sem energia em São Paulo desde a última sexta-feira (3), quando um temporal com ventos superiores a 100 quilômetros por hora atingiram o estado. Como a falta de eletricidade também afeta o serviço de distribuição da Sabesp, algumas residências também estão sem água há mais de três dias.
Em nota, a Enel - companhia italiana que atua em 24 municípios do estado, inclusive a capital paulista - informou que o número de residências sem energia elétrica foi reduzido para 315 mil por volta das 20h. De acordo com a concessionária, 85% das ligações afetadas pelos temporais já haviam sido restabelecidas no início da noite. A empresa afirma que os técnicos seguem trabalhando 24 horas por dia, e que a lentidão no atendimento a algumas áreas é consequência da queda de mais de 2 mil árvores.
Doze escolas na capital paulista seguem sem energia desde a tarde da última sexta-feira. Na região metropolitana o número é ainda maior. Em São Caetano do Sul são 18 escolas sem energia. Já no Taboão da Serra são 10 escolas.
Presidente da Enel será convocado por CPI na Alesp
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Enel na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) confirmou que vai convocar o presidente da companhia para prestar os devidos esclarecimentos. O Ministério Público também cobra esclarecimentos da concessionária, e afirmou que abrirá um inquérito ainda esta semana para investigar a demora na restauração de energia nas cidades afetadas e também para aferir se a companhia tem funcionários suficientes para atender a demanda do estado de São Paulo.
Para o MP, após o temporal de sexta-feira, a empresa deveria ter feito um diagnóstico da situação e contratado equipes emergenciais temporárias para atender a alta demanda. Quando ainda se chamava Eletropaulo, antes da privatização, a empresa contava com pouco mais de 7 mil colaboradores. De acordo com a CPI, esse número foi caindo ano após ano, e em 2023 chegou a 3,9 mil funcionários - para os promotores, uma quantia insuficiente para atender a todos os consumidores do estado.
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