O projeto de construção de uma ligação terrestre que conecte os municípios de Santos e Guarujá é um desejo antigo dos municípios e, durante o governo Bolsonaro, o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, propôs que ele seria de responsabilidade do concessionário que ganhasse o leilão do Porto de Santos, tendo em vista o alto custo e rentabilidade negativa. Com a mudança para o governo Lula, no entanto, a ideia de privatizar a administração do Porto de Santos foi deixada de lado pela União e o governo Tarcísio de Freitas assumiu o projeto do túnel entre Santos e Guarujá.
Qualificado dentro do Programa de Parcerias em Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP), o programa foi colocado na modalidade de Parceria Público Privada (PPP) e terá custo de até R$ 4,6 bilhões na construção, operação e prestação de serviços de manutenção. "Adiantado, o túnel já tem projeto executivo validado por duas consultorias internacionais especializadas na elaboração de projetos de alta complexidade de engenharia. Se for verificada a viabilidade da PPP, etapas para a construção do empreendimento poderão ser antecipadas por conta da certificação", disse a Secretaria de Parcerias em Investimentos em nota. A estrutura visa permitir o deslocamento de carros, motos, veículos comerciais, bicicletas e também a pé.
Apesar de o governador Tarcísio ter assumido a obra, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que tem forte reduto eleitoral na Baixada Santista, afirmou no início do ano que a Santos Port Authority, empresa da União responsável pela infraestrutura do Porto de Santos, também tem interesse em financiar o projeto por meio do lucro que obtém com a administração do porto. Em entrevista à Gazeta do Povo, Fabrizio Pierdomenico, secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, confirmou a informação e afirmou que "o planejamento inicial prevê a realização com recursos próprios da Santos Port Authority (SPA), o que não impossibilita a adoção de outros modelos, caso sejam verificadas a oportunidade e conveniência, vantajosidade". Pierdomenico afirmou ainda que o valor estimado do projeto que será subsidiado pela autoridade portuária é de R$ 5,8 bilhões e que "antes da etapa de início das obras, serão executados recursos para a ampliação dos estudos, bem como outras fases preliminares à licitação, com início previsto em 2024."
Adalberto Ferreira, secretário de Desenvolvimento Econômico e Portuário do município de Guarujá, cujo prefeito Válter Suman é da mesma legenda de Márcio França (PSB), comemora o momento político que favorecerá a execução do túnel e afirmou que a ideia é somá-lo a programas de habitação social no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá, onde já estão sendo realizadas obras para liberar a ocupação de moradias irregulares em áreas federais na qual poderão funcionar terminais portuários sujeitos à concessões. Ferreira informou ainda que há o objetivo de a SPA financiar um parque público com equipamentos de lazer na saída do túnel em Vicente de Carvalho.
" A informação que temos é que a nova diretoria do SPA vai tomar como prioridade máxima a efetivação dessa ligação seca a partir da implementação desse projeto do túnel submerso. Como secretaria, nós acompanhamos esse processo da elaboração do projeto que vai trazer inúmeros benefícios para o município do Guarujá", diz Ferreira, que afirmou que o nome da Santos Port Authority deve mudar para Autoridade Portuária de Santos. "A indicação [da diretoria] está no nome de uma pessoa que vai levar à frente a mesma filosofia que já está sendo defendida pelo ministro do Márcio França, que é a de construir esse túnel entre Santos e Guarujá", diz ele. Na noite de quinta-feira (20), a assessoria de imprensa da SPA confirmou a posse da nova diretoria, que terá como diretor-presidente da estatal Anderson Pomini, advogado ex-secretário de Justiça da Prefeitura de São Paulo e homem de confiança de Márcio França.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Natália Resende, secretária de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, afirmou que o objetivo é que "o túnel seja feito e concluído". "É óbvio que a gente vai sempre dialogar com o que já vem sendo feito pelo governo federal, seja para eles complementarem ou seja com o nosso apoio. Da nossa parte, o que tem pra gente fazer, a gente está fazendo. Qualificamos esse projeto no Programa de Parcerias e estamos atualizando os estudos da Dersa. Estamos fazendo as autorizações financeiras, jurídicas, econômicas, e dialogando também com o governo federal. A ideia é sempre olhar o objetivo e tentar caminhar junto e colaborar. Queremos quer prestar um serviço de qualidade para a população", diz ela.
- Expansão de ferrovias promete fomentar exportações e resolver gargalo logístico
- Aprovação para desestatização de portos reacende discussão sobre privatizações no governo Lula
- Como o governo Tarcísio recuperou a rodovia Mogi-Bertioga em tempo recorde
- Tarcísio inicia 15 projetos de concessões e parcerias público-privadas em São Paulo
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF