Após não ter conseguido se reeleger para a Câmara dos Deputados em 2022, Joice Hasselmann (sem partido) está de olho em uma das cadeiras de vereador em São Paulo. A ex-deputada federal chegou a ser a mulher mais votada da Câmara em 2019, mas acumulou derrotas após romper com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em 2019, Hasselmann obteve mais de 1 milhão de votos e foi escolhida pelo ex-presidente para ser líder do governo na Casa. Um ano depois, após divergências com a família Bolsonaro, deixou o PSL (atual União Brasil) para se filiar ao PSDB. Em 2020, a parlamentar tentou ser prefeita de São Paulo e amargou a sétima colocação, com cerca de 100 mil votos. Em 2022, na tentativa de ser reeleita para a Câmara, recebeu apenas 13.679 de votos, uma queda de 98,7% em relação a 2018.
Em entrevista à Gazeta do Povo, a ex-parlamentar compartilhou as expectativas para os possíveis próximos passos na política.
"Não decidi se vou sair candidata ou não, o que eu decidi é que eu vou me filiar a um partido".
Joice Hasselmann (sem partido)
Ela diz que não tinha pretensão de voltar à arena política, mas que essa decisão começou a mudar em meados do ano passado. "Começou a pressão dos partidos e de gente próxima também, dizendo que eu deveria sair (candidata), porque São Paulo é um país e ajudar a cuidar da cidade não seria regredir, pelo contrário. Ser vereadora na cidade de São Paulo é mais do que ser deputado em qualquer outro estado. Digo pelo valor de orçamento que a Câmara tem que lidar e aprovar, e pela grandiosidade dos projetos”, responde.
E sobrou crítica aos atuais vereadores do município. “Apesar da grande importância da cidade de São Paulo, a Câmara é muito mal representada, a qualidade dos vereadores é ruim, não há preparo. Ainda tem aquela coisa do 'toma lá, dá cá'. A primeira coisa que posso contribuir é realmente trazer um frescor novo para a Câmara", acredita.
Ao resgatar a passagem por Brasília, ela compara seu único mandato com a sucessão de reeleições de colegas parlamentares. "Meu mandato de quatro anos valeu por uma série de mandatos. O que fiz na Câmara dos Deputados muitos deputados com 30 anos de mandato não fizeram. Fui líder de um governo no Congresso, trabalhando com deputados, senadores e ministros todos os dias. Fui líder da reforma da previdência, conseguindo aprovar com votos da esquerda. Fui chefe da comunicação da Câmara, e fui líder do meu partido. Tenho muita bagagem para assumir qualquer cargo", autoavalia ela.
Para Hasselmann, ter sido candidata à prefeitura de São Paulo lhe concede créditos para a proposta de se lançar candidata à vereadora. "Eu tive que fazer um estudo profundo sobre São Paulo. Sei tudo que São Paulo precisa”.
Em relação à polarização política, Hasselmann diz que não será prejudicada por isso e que terá um candidato a prefeito. “A polarização atrapalha o país. Em relação a mim, se eu sair candidata, vou escolher um candidato a prefeito ou candidata a prefeita para estar junto comigo. Eu sei que farei oposição com toda certeza contra o (Guilherme) Boulos (pré-candidato pelo Psol), sendo ou não candidata, porque não dá realmente para entregar São Paulo nas mãos de um invasor de propriedades”, protesta a ex-deputada.
No espectro político, Hasselmann afirma ser de uma "direita centrada e racional" e diz que se vê representada pelo espectro da centro-direita. “Centro-direita é o que me representa, ou direita racional, como eu gosto de chamar”.
Hasselmann também acredita ter sido a pessoa mais atacada no último período eleitoral. “Na eleição passada, eu fui a mulher mais atacada. O personagem mais atacado de todos os tempos na rede social durante dois anos e meio, segundo duas pesquisas que foram feitas. Eu estava enfrentando toda a máquina do ódio do Palácio sozinha”, afirmou a ex-parlamentar.
Em relação às últimas eleições, ela considera que sofreu perseguição nas redes sociais. “A esquerda não faz o perfil de que vota em mim, porque eu sou uma mulher de direita, não uma direita burra extremista. Sou de uma direita centrada e racional. Então eu tinha os ícones da direita me atacando de noite, todos os deputados, o próprio presidente da República, os filhos do presidente, e eu não tinha um candidato para chamar de meu. Isso me prejudicou bastante, e foi um reflexo da campanha de ódio feita nas redes sociais”.
Após passagem pela política, Joice Hasselmann foca em cursos
Após deixar a política, a ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara passou a vender cursos para vida saudável em redes sociais. Em alguns momentos, ela se tornou meme.
“Após a minha saída da Câmara, tirei um ano sabático. Eu queria mais viajar, me cuidar. E acabou que esse meu estilo novo de vida virou um negócio no Protocolo J.H., onde eu ajudo mulheres a encontrarem sua melhor versão. Deixo elas mais magras, mais bonitas, com autoestima lá em cima. É um projeto que deu muito certo, virou um business. Eu vou continuar, não vou abrir mão desse projeto. Por não estar na política, eu abri um novo nicho, um novo público. Quanto ao meme, na verdade, eu me divirto com isso”, diz ela.
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