As primeiras apreensões da droga K no Brasil ocorreram no centro de São Paulo, na região da cracolândia.| Foto: Rovena Rosa/Arquivo/Agência Brasil
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A Secretaria de Saúde de São Paulo confirma que tem aumentado o número de internações nos hospitais de pessoas infectadas por droga sintética, também chamadas de drogas K (K2, K4 e K9). A substância é a base de canabinoide sintético, mas possui uma potência até 100 vezes maior que a maconha. Segundo especialistas, os efeitos da droga podem ser piores do que o crack.

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As primeiras apreensões da droga K no Brasil ocorreram no centro de São Paulo, na região da cracolândia. Os casos iniciaram-se em 2020 e seguem em tendência de crescimento. A droga, que também é conhecida como Spice, acendeu o alerta nas autoridades de saúde. De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, o número de casos de intoxicação por canabinoides sintéticos explodiu no último ano. Em 2022 foram registrados 98 casos tanto da rede pública, quanto da rede privada. No ano passado, o número ultrapassa 420 casos suspeitos de intoxicação por droga sintética.

A Polícia Científica de São Paulo está desenvolvendo novas técnicas para conseguir desvendar alguns mistérios da droga K. Por exemplo, ainda não há um método que identifica a causa da morte pelo uso das drogas sintéticas.

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Apreensões de droga sintética também crescem

Segundo os dados da Polícia Civil do estado de SP, a quantidade de droga sintética apreendida bateu recorde em 2023. Em todo o ano de 2022 foram apreendidos pouco mais de 11 quilos da droga K. No ano passado, foram apreendidos mais de 135 quilos de droga sintética.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo afirma que segue intensificando as operações contra o tráfico de drogas. “As polícias Civil e Militar realizam operações visando o combate ao tráfico de drogas, que são realizadas por meio do trabalho de inteligência, com a análise dos indicadores criminais”.

De acordo com dados da Secretaria da Saúde do estado de São Paulo, o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas atendeu um total de 5,2 mil usuários de drogas sintéticas em menos de um ano.

De acordo com a Secretaria de Saúde paulista, os pacientes que são atendidos sob efeito da droga sintética apresentam sintomas como comportamento agressivo, excitação, alucinações, delírios, sensação de perseguição. Em relação aos sintomas físicos, são relacionados aumento da pressão arterial e picos hipertensivos.

Para o médico psiquiatra especialista em dependência química Cirilo Tissot, a droga K9 não pode ter qualquer tipo de comparação com a maconha tradicional.

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“A K9 não tem relação com a maconha. Ela utiliza os mesmos receptores que a cannabis, mas é muito mais forte que a maconha. A K9 atinge 100% dos receptores do cérebro. Com isso, a droga sintética se torna mais viciante para o usuário”.

Cirilo Tissot, psiquiatra especialista em dependência química

Tissot ressalta preocupação com a explosão do número de casos. “O consumo da K9 está aumentando e não falo isso apenas pelos atendimentos no meu escritório. Como a droga pode ser colocada em uma caneta ou spray, ela se torna quase invisível. A K9 está se reproduzindo não só na cracolândia, bem como em lugares de muita vigilância, como presídios e clínicas de reabilitação”.

Por fim, o médico alerta para os malefícios que a substância causa no corpo humano, em pouco tempo. “A K9 é muito forte e destrutiva. Logo nos primeiros dias de uso, ela destrói o fígado e os rins do usuário”, completa Tissot.

PCC "proíbe" comércio da droga K9 em São Paulo

A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) deu uma "ordem" no ano passado para interromper a venda de K9 em locais nos quais deteria o controle na capital paulista. A informação divulgada pela BBC com base em escuta telefônica na qual um dos membros do alto escalão da organização criminosa ordena suspender o comércio da droga sintética.

A razão por trás da proibição da venda da droga pelo PCC é evitar prejuízo ao comércio de outras substâncias que representam a principal fonte de renda da facção. Os usuários de K9 tendem a ter perda de controle, começam a delirar e apresentam paranoia, o que, segundo membros da organização criminosa, estava atraindo a atenção da polícia.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]