O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, acumulou importantes vitórias em 2024 nas urnas e nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista. O secretário estadual de Governo e Relações Institucionais é apontado como peça-chave na relação entre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Nas eleições de 2024, o PSD conquistou 885 prefeituras no Brasil, com mais de 200 municípios de São Paulo sob o comando do partido liderado por Kassab, que pode voltar a disputar um cargo no Executivo depois de ter sido prefeito da cidade de São Paulo, entre 2006 e 2012.
Responsável pela liberação de emendas parlamentares na Assembleia Legislativa e para prefeituras do estado, Kassab é considerado o principal secretário da gestão Tarcísio que alcançou 100% de aprovação no legislativo paulista, incluindo Propostas de Emenda à Constituição (PECs) polêmicas e privatizações bilionárias.
Em São Paulo, o acordo entre PSD e Republicanos foi decisivo na eleição de Tarcísio. Kassab apoiou o governador, indicando Felicio Ramuth (PSD) como vice e garantiu a secretaria mais estratégica da gestão. Segundo apuração da Gazeta do Povo, Kassab planeja impulsionar Ramuth para deputado federal em 2026, abrindo caminho para ser vice de Tarcísio. Aliados apostam que o governador tem alta chance de ser reeleito em São Paulo, o que é considerado mais viável do que uma pré-candidatura à Presidência da República em 2026.
Do outro lado do espectro político, o PSD de Gilberto Kassab também apoia a gestão do presidente Lula (PT) com três ministérios, entre eles, o de Minas e Energia e cobra uma pasta de maior relevância do governo federal para se manter dentro do governo de coalizão do mandatário petista.
Nos bastidores, a estratégia de Kassab em apoio à reeleição de Tarcísio em 2026 é vista como favorável na sucessão ao governo paulista nas eleições de 2030, quando, acredita-se, Lula e Jair Bolsonaro (PL) estarão fora da disputa presidencial. Além de apoiar o aliado na corrida presidencial, Kassab estaria posicionado para suceder Tarcísio com apoio da máquina pública e da ampla base de prefeitos do PSD no estado.
Desde que assumiu a secretaria no primeiro escalão do governo, Kassab lidera um movimento para atrair prefeitos ligados ao PSDB, que dominou o estado por mais de 30 anos. A estratégia gerou críticas de aliados de Bolsonaro, que defendiam a migração dos prefeitos ao Partido Liberal ou Republicanos.
O resultado foi que o PSD tornou-se o partido com mais prefeitos eleitos em 2024, com 206 prefeitos nos 645 municípios paulistas, seguido pelo PL, com 104, e o Republicanos, com 84.
Bolsonaro e aliados são desafios para Kassab em 2026
Durante a última campanha eleitoral, Bolsonaro declarou que não apoiaria candidatos ligados a Kassab. Porém, depois admitiu compreender a aliança de Tarcísio com o líder do PSD, mesmo discordando do alinhamento federal com Lula e com o PT no governo e no Congresso Nacional.
Assim, Kassab deve enfrentar resistência de aliados mais ideológicos de Tarcísio e Bolsonaro para integrar a chapa de 2026. Deputados estaduais acreditam que, se a chapa for confirmada, Tarcísio precisará minimizar a exposição de Kassab para evitar perda de votos.
“Kassab sai de 2024 mais fortalecido, pelo número de prefeituras e de vereadores eleitos pelo PSD”.
Denilde Holzhacker, cientista política
Além disso, Kassab compete com Guilherme Derrite (PL), secretário da Segurança Pública, para a vaga de vice. Derrite é um dos secretários mais próximos de Tarcísio e manteve seu cargo mesmo diante de recentes críticas relacionadas à atuação policial.
Cientista política diz que Kassab terá que equilibrar Tarcísio e Lula
Para a cientista política e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Denilde Holzhacker, Kassab terá que equilibrar a relação com Lula e Tarcísio para alcançar a projeção do próprio nome ao governo de São Paulo.
“O Kassab tem grande força e influência nos bastidores, especialmente porque consegue transitar entre diferentes espectros, tanto da direita quanto da esquerda. Ele tem que exercer esse equilíbrio entre estar no governo Tarcísio, mas nacionalmente conseguir ganhos no governo do Lula. Esse é o grande desafio para viabilizar o seu nome para 2026”, analisa a cientista política.
No entanto, a docente pondera ser cedo para discutir a chapa para 2026. “Ainda é preciso ter uma negociação e aguardar para ver como será o ano".
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