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Após um ano e meio de investigação, megaoperação prendeu líder do PCC que atua na região da Cracolândia.
Agentes Guarda Civil Metropolitana são suspeitos de integrar milícia para extorsão| Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Uma operação conjunta entre instituições federais, estaduais e municipais realizada na manhã desta terça-feira (6) resultou na prisão de Leonardo Monteiro Moja, conhecido como Léo do Moinho, apontado como chefe do tráfico de drogas na cracolândia, além de líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na região há pelo menos sete anos.

A prisão aconteceu em Praia Grande, no litoral paulista, por agentes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), da Polícia Militar do Estado de São Paulo, durante a operação "Salus et Dignitas". Com o objetivo de desmantelar o "ecossistema" do crime na cracolândia, a megaoperação mobilizou 1,2 mil policiais militares e civis para cumprir sete mandados de prisão, 117 de buscas e apreensão, 46 de arresto, sequestro e bloqueio de bens e 44 de interdição de imóveis.

Léo do Moinho comandava um esquema de tráfico de drogas e outros crimes na cracolândia a partir da Favela do Moinho, utilizando o local como base para armazenar entorpecentes. As investigações duraram um ano e meio e revelaram que o traficante utilizava laranjas para gerir estabelecimentos comerciais na região, como estacionamentos, hotéis e casas de hospedagem para lavar dinheiro proveniente do tráfico.

Entre os alvos da operação, estão três agentes e um ex-agente da Guarda Civil Metropolitana suspeitos de integrar uma milícia que extorquia dinheiro de comerciantes do local.

"O tráfico de entorpecente é apenas uma das atividades dentro do repertório criminoso dessa região, que envolve profusas atividades ilícitas, como o comércio ilegal e receptação de peças veiculares, armas e celulares; contaminação do solo com a reciclagem e ferro-velho; exploração da prostituição; captação ilegal de rádios transmissores da polícia; submissão de pessoas a trabalho análogo a escravo, entre outras graves violações a direitos humanos", dizem os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nos pedidos deferidos pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de Capital.

Entre as ações está a suspensão da atividade econômica de 44 prédios comerciais, considerados pontos de tráfico de drogas e de lavagem de dinheiro. Além da perda da licença, os imóveis serão lacrados pelas autoridades municipais. Mais cedo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário de segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), sobrevoaram a região e acompanharam o trabalho.

"O objetivo era uma abordagem abrangente e integral que pudesse fechar os pontos de apoio do PCC no centro da cidade, que alimentam toda essa atividade criminosa", disse o governador Tarcísio em entrevista coletiva nesta tarde.

Ele afirmou que foram fechados prostíbulos, além de comércios que funcionavam como armazenamento e receptação de produtos furtados e troca por álcool e drogas. Além de 20 hotéis, há 15 ferros-velho e armazéns de reciclagem fechados, três estacionamentos e um escritório de contabilidade.

O governador detalhou ainda as atividades realizadas na Favela do Moinho. "Estouramos uma casa-bomba, tivemos uma apreensão importante de drogas e encontramos um esconderijo do Léo do Moinho, que é proprietário de diversos estabelecimentos de fachada e transita ali, no centro da cidade de São Paulo e na Baixada Santista", revelou Tarcísio.

Paralelamente à operação policial, foi montada uma força-tarefa para prestar assistência social aos moradores de hotéis e dependentes químicos da região da cracolândia, com encaminhamentos a equipamentos públicos de saúde e abrigos, entre eles a Central Integrada de Atenção e Acolhimento e o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas.

A ação é resultado de um trabalho conjunto entre a prefeitura da capital paulista e o governo de São Paulo, o Ministério Público Estadual, a Polícia Civil e Militar, a Receita Federal, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o Ministério do Trabalho e Emprego e até a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

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