O ex-presidente Jair Bolsonaro e Ricardo Salles, que foi ministro durante o seu mandato.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ouça este conteúdo

Nos eventos de comemoração ao 1º de Maio, Dia do Trabalho, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente Lula aproveitaram para reafirmar simbolicamente às respectivas bases eleitorais quem serão os seus candidatos à Prefeitura de São Paulo e fazer acenos a apoiadores. Enquanto o deputado federal do Psol Guilherme Boulos esteve no centro de São Paulo ao lado de Lula (PT) em evento organizado por centrais sindicais, o também deputado federal Ricardo Salles, do PL, e ex-ministro de Meio Ambiente esteve ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na feira Agrishow, em Ribeirão Preto.

CARREGANDO :)

No evento organizado pelas centrais sindicais CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Lula anunciou que ampliará universidades federais em São Paulo e inaugurará novas unidades até 2026, na zona leste e em Osasco. No mesmo palanque estava Boulos e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que foi prefeito de São Bernardo do Campo. Boulos tem um acordo com o PT, no qual abriu mão de candidatura à Presidência da República para apoiar Lula. Em troca, espera que o PT apoie a sua candidatura à prefeitura de São Paulo no ano que vem, sendo que Boulos será o candidato a prefeito e o PT indicará o vice.

Em um sinal claro de polarização, o público vaiou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, ao agradecer o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) por ceder o espaço para o evento. Tarcísio foi convidado para o ato, mas preferiu estar ao lado de Bolsonaro, seu apoiador na campanha eleitoral de 2022, na Agrishow, considerada uma das maiores feiras agrícolas do mundo.

Publicidade

Bolsonaro, Salles e Tarcísio na Agrishow, mas sem alinhamento completo

No evento direcionado ao agronegócio, Salles esteve junto ao ex-presidente Bolsonaro e Tarcísio, que discursaram apesar do cancelamento da abertura do evento após um mal estar com o governo federal. Tarcísio agradeceu Bolsonaro "por ter aberto portas que ninguém abriria", condenou invasões de terra no estado e anunciou uma linha de financiamento à agroindústria.

Em relação às eleições municipais, vale lembrar que, assim que voltou dos Estados Unidos para o Brasil, Bolsonaro descartou apoiar o filho Eduardo Bolsonaro, para apoiar Salles na disputa à prefeitura de São Paulo. Em março, Eduardo e Salles se reuniram com Tarcísio para pedir apoio à candidatura de Salles, mas ele afirmou que não poderia fazer a declaraçã publicamente devido à necessidade de manter um bom relacionamento com o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes. Além disso, Tarcísio tem afinidade pessoal com Nunes.

A falta de um consenso ficou evidente em comentários que o ex-ministro do Meio Ambiente fez em um almoço no domingo (30) com fazendeiros em Ribeirão Preto, cidade sede da Agrishow. De acordo com o Metrópoles, Salles pediu aos presentes apoio à sua candidatura e fez críticas tanto a Tarcísio quanto ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que também não o apoiou oficialmente por estar satisfeito com Nunes. Ao ouvir as críticas, Bolsonaro se incomodou e falou para Salles "baixar a bola".

Ricardo Nunes se mantém neutro, mas ao lado de Kassab

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, por sua vez, preferiu se manter distante de polarizações no Dia do Trabalhador, mas também acenou às bases. Pela manhã, compareceu na ordenação episcopal na diocese de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, cerimônia da Igreja Católica na qual esteve, simbolicamente, ao lado de Gilberto Kassab, secretário de Governo, braço direito do governador Tarcísio e um importante articulador de apoios políticos no estado. Mais tarde, compareceu à comemoração do aniversário do Centro de Tradições Nordestinas, no Clube Juventus, na Mooca, e no evento de comemoração ao Dia do Trabalho no Grajaú, na periferia da cidade, organizado pela CUT e pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.