Para Alexandre Silveira, a decisão da Enel de automatizar e modernizar o parque de distribuição para diminuir o número de funcionários “beirou a burrice”.| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu três dias para que a Enel resolva a “parte mais substancial” dos problemas de desabastecimento de energia elétrica em São Paulo. O prazo foi confirmado em uma entrevista coletiva concedida pelo ministro no fim da manhã desta segunda-feira (14), na qual Silveira disparou uma série de críticas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ao prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).

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De acordo com o ministro, uma força-tarefa formada com outras distribuidoras deve aumentar o efetivo de agentes de campo da Enel de 1,4 mil para cerca de 2,9 mil trabalhadores. Caminhões e equipamentos serão fornecidos pelas distribuidoras para que o trabalho se restabelecimento das ligações seja feito o mais rápido possível, assegurou o ministro.

Falta de planejamento da Enel "beirou a burrice", disse ministro

Silveira criticou a Enel pela falta de uma previsão de entrega das religações. Para ele, a distribuidora “cometeu um grave erro de comunicação em seu compromisso contratual com a cidade de São Paulo”. Após o prazo de três dias só devem restar casos pontuais de locais onde há dificuldade de acesso “por questões supervenientes”.

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Para o ministro, a decisão da Enel de automatizar e modernizar o parque de distribuição para diminuir o número de funcionários “beirou a burrice”. “No mínimo, faltou planejamento eles diminuírem a quantidade de agentes sem se preocupar com a questão urbanística. Diminuiu a quantidade de gente para aumentar os lucros. Não adianta tentar religar a rede de dentro da central quando o problema é físico, precisa de gente na rua”, avaliou.

Atualmente, os casos de queda e interrupção no fornecimento relacionados a eventos climáticos considerados extremos não entram na conta da avaliação de qualidade do serviço das distribuidoras de energia. De acordo com Silveira, um decreto assinado pelo presidente Lula (PT) muda essa abordagem e passa a penalizar as empresas pela falta de planejamento em situações como essa que ocorreu no último final de semana na capital paulista.

“Não é possível esse setor ser reativo. Nós fizemos o decreto exatamente para que se impeça o que está acontecendo agora em São Paulo. Se todas as distribuidoras estivessem já sob o contrato modernizado, que é o que vai ocorrer a partir da hora em que os contratos adequados ao decreto forem assinados, nós não estaríamos vivendo isso em São Paulo. A penalidade seria perda do contato e a caducidade”, completou.

Ministro critica prefeito de São Paulo e disse que renovação com a Enel é fake news

O ministro criticou o que chamou de “fake news” divulgada pelo prefeito de São Paulo no último final de semana sobre uma possível renovação do contrato de concessão com a Enel. Em uma coletiva concedida no último sábado (12), no dia seguinte ao temporal, Nunes disse que apesar de cobrar mais fiscalização por parte do governo federal, “o que a gente viu foi o presidente da República em junho, na Europa, dizendo que estão trabalhando para a renovação com a Enel”.

“O prefeito de São Paulo aprendeu rápido com o seu concorrente Pablo Marçal [ex-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB] quando fez uma fake news de que nós estamos tratando da renovação da Enel. O contrato da Enel vence em 2028, temos até 2026 para nos manifestarmos sobre essa renovação. O prefeito precisa compreender que daqui até dezembro tem muita árvore para cortar e muita coisa para corrigir para que no verão diminuam os problemas energéticos e de suprimento de energia em São Paulo”, disse.

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Silveira chamou ausência da Aneel em encontro de "covardia"

Silveira ainda cobrou mais atenção por parte dos órgãos de controle como o Ministério público Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o cumprimento de responsabilidades por parte da Aneel. O ministro chamou de “covardia” a ausência do diretor-geral da agência reguladora, Sandoval Feitosa, no encontro desta segunda-feira.

“É uma omissão do senhor diretor-geral. Mas se mudou o governo, por que não mudou a direção da Aneel? Porque a lei das agências prevê mandatos. Os diretores da Aneel foram indicados no governo anterior, todos têm ‘padrinhos’. E aí nós ficamos à mercê da vontade deles de cumprir sua obrigação. Chega ao absurdo deles questionarem o cumprimento de decisões judiciais”, completou.

A reportagem entrou em contato com as assessorias de imprensa de Ricardo Nunes e da Aneel e aguarda um retorno.

Mais de meio milhão de clientes da Enel ainda estão sem energia na Região Metropolitana de São Paulo

Em nota publicada em seu site, a Enel informa que até as 5h40 desta segunda mais de 1,5 milhão de clientes da empresa tiveram o fornecimento de energia elétrica normalizado. Ainda há mais de meio milhão de clientes sem serviço depois de mais de 60 horas do temporal.

“Nossas equipes em campo receberam reforço do Rio e Ceará e de outras distribuidoras. Na capital, cerca de 354 mil clientes estão sem energia. Municípios mais impactados: Cotia 36,9mil clientes sem energia, Taboão da Serra, 32,7 mil; e São Bernardo do Campo, 28,1 mil”, completa a nota.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]