Moraes dá 48 horas para Conselho Regional de Medicina se explicar sobre punições a médicos que fizeram procedimento para abortos.| Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF
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O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) tem 48 horas, que começaram a ser contadas na terça-feira (25), para prestar esclarecimentos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre a suspensão de processos contra médicos que efetuaram a assistolia fetal, para abortos, durante o período em que estava valendo a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que vetava a prática.

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A determinação judicial prevê a interrupção de todos os processos vigentes contra médicos no estado. “Intime-se o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo para que comprove, com urgência, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, o cumprimento imediato da decisão de 24/5/2024, pela qual determinada a suspensão de todos os processos administrativos e disciplinares fundados na norma questionada na presente ADPF, sob pena de responsabilidade civil e penal".

A assistolia fetal é um dos procedimentos para a realização de aborto, neste caso específico, em gestação acima de 22 semanas. O procedimento interrompe os batimentos cardíacos do feto antes de ser retirado do útero.

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Uma decisão do ministro do STF, do mês de maio, havia suspendido os efeitos da resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada em abril, e que impedia matar bebês de cinco a nove meses de gestação. O ministro alegou haver indícios de abuso de poder do conselho ao limitar realização de procedimento recomendado pela pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A resolução do CFM proibia a prática mesmo em casos previsto em lei, como em estupro. Em maio, o ministro atendeu a um pedido feito pelo Psol e suspendeu os efeitos da resolução. Na época, determinava a suspensão de processos contra profissionais que o haviam realizado nas condições previstas em lei. Agora o ministro quer saber se as medidas foram adotadas pelo Cremesp e, no caso de não terem sido aplicadas, que o sejam de imediato com previsão de punições civis e criminais.

À GloboNews, o conselheiro do CFM Raphael Câmara, que foi relator da resolução, disse que o procedimento é “cruel, desumano e que tortura”, pois se tratavam de bebês acima de 22 semanas que possuíam o “circuito neurológico da dor formado”. O CFM não se pronunciou sobre a decisão do ministro.

Em nota, o Cremesp disse que recebeu a determinação de Alexandre de Moraes e que a decisão estava sendo cumprida pela autarquia federal desde a comunicação recebida do Conselho Federal de Medicina. “Mesmo assim, reforça o compromisso institucional e induvidoso cumprimento às decisões judiciais publicadas pelo Poder Judiciário”, informou o órgão.

O Cremesp disse que solicitou uma audiência com Moraes para debater o tema, que chamou de “importante e gravíssima situação que ocorre no estado de São Paulo cujas apurações não se restringem à Resolução nº 2.378/2024 do Conselho Federal de Medicina e extrapolam a questão do Programa Aborto Legal”. A audiência, segundo o conselho, é essencial para discutir aspectos éticos e legais nos expedientes alvo da determinação.

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No início desta semana, a prefeitura de São Paulo, também em manifestação após questionamentos de Alexandre de Moraes, afirmou que houve a realização de quatro abortos com gestação de mais de 22 semanas em casos previstos em lei na cidade, em 2024.

A prefeitura afirmou que o procedimento é realizado nos hospitais municipais Dr. Cármino Caricchio (Tatuapé); Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo); Tide Setúbal e e Maternidade Prof. Mário Degni (Jardim Sarah).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]