Durante o evento na B3 de concessão do Trem Intercidades Eixo Norte, que ligará São Paulo a Campinas, a Gazeta do Povo questionou ao governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se os demais trechos do Trem Intercidades que ele pretende realizar e leiloar no estado de São Paulo influenciarão em sua decisão de se candidatar à reeleição no governo do Estado ou à presidência da República em 2026.
Em resposta, Tarcísio virou o rosto para a esquerda e afirmou protocolarmente que "nem pensa nisso" e que está "focado em São Paulo", mas elencou uma série de leilões e obras que estarão encaminhados até 2026.
"O Trem Intermetropolitano começa a operar em 2029, o Trem Expresso [começa a operar] em 2031. Nem em segundo mandato você vê [as obras concluídas]. Aí é aquele negócio, Trem Sorocaba São Paulo, licitação em 2025, o Trem São José [dos Campos] São Paulo, se tudo der certo, se tudo correr bem, provavelmente vai ter leilão em 2026. [Trem] Santos São Paulo é a mesma coisa, 2026", disse Tarcísio.
"E aí tem outras coisas, a gente está falando de contorno de rua, da extensão da [rodovia] Carvalho Pinto, de melhorias na Oswaldo Cruz, estamos falando de Ourinhos e Itapetininga, de extensão da Castelo Branco até Echaporã, ou seja, um volume de obras de infraestrutura, de intervenções muito desafiador", complementou.
Sem entrar em mais detalhes sobre seus planos políticos para 2026, o governador continuou sua resposta enfatizando que os projetos de infraestrutura do estado estarão encaminhados até a data do pleito eleitoral, dando a entender que, se outro governador vier a assumir o posto, o pontapé dos projetos terá sido dado para que eles continuem sendo implementados.
"A gente agora esteve lá fora conversando com o grupo Gávea, que administra a EcoRodovias, para dar o start no projeto executivo da terceira pista do projeto Imigrantes, dos viadutos na Lemoa [em Santos] e a [via] perimetral. Tudo correndo bem o projeto de engenharia fica pronto em 2026, para a gente iniciar a obra em 2027, e vai ficar pronto depois de alguns anos, quatro, cinco anos de obra", disse Tarcísio.
"Túnel Santos-Guarujá, queremos licitar esse ano. São cinco anos de obra. Aí março agora a gente vai lançar concurso público para o centro administrativo de São Paulo, mudança do governo para o centro, na região dos Campos Elíseos. Tudo dando certo a gente faz leilão no ano que vem, quatro anos de obra vai estar pronto em 2029", continuou ele.
Tarcísio ainda falou sobre outras obras na região metropolitana de São Paulo. "Extensão da linha 4, de Vila Sônia ao Taboão, começa a obra final desse ano para estar pronto em 2028. Extensão da linha 5, que vai chegar no Jardim Ângela, começa a obra esse ano para estar pronto em 2028, 2029", disse ele.
O governador de São Paulo afirmou ainda que está mais preocupado em deixar uma marca no estado do que aumentar sua popularidade eleitoral, usando como exemplo o valor que será aportado pelo governo do estado de São Paulo no Trem Intercidades Campinas, de R$ 8,9 bilhões.
"Seria muito mais fácil para qualquer gestor falar 'pô, por que você vai botar R$ 8.9 bi de aporte em um projeto desse? Você não vai ver ele pronto.' Era muito mais fácil mesmo, se eu for pensar politicamente, pega R$ 8.9 bi, despeja em um monte de obra no estado, ganha um capital político, faz um monte de inauguração", disse ele.
"A gente está pensando legado, a gente está pensando em futuro. É óbvio que para mim faz toda a diferença poder um dia ver essas obras entregues, para mim seria muito frustrante nadar e não ver acontecer, eu quero ver acontecer", adicionou.
Planos de Tarcísio de Freitas para 2026
Reconhecido por sua habilidade administrativa e execução de obras, Tarcísio tem sido alvo de especulações sobre seu futuro político, especialmente diante da possibilidade de uma candidatura presidencial em 2026. Sinais desse cenário político começam a se desenhar, com o apoio que o governador paulista vem recebendo de forma explícita pelos paulistas e até mesmo nos bastidores de diversos partidos.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, divulgada na segunda-feira (11) sobre a avaliação do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontou que 33% dos eleitores da cidade de São Paulo aprovam a gestão estadual. Outros 37% dos paulistanos afirmam que o governo é regular e 26% dizem ser ruim ou péssimo, enquanto 3% dos entrevistados não souberam responder.
O Datafolha ouviu 1.090 eleitores em São Paulo nos dias 7 e 8 de março. A margem de erro é de 3 percentuais para mais ou menos. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-08862/2024.
Além disso, uma enquete realizada pela Gazeta do Povo mostrou que Tarcísio fica com 40% das respostas quando o leitor é perguntado sobre "quem deve ser o candidato da direita para as eleições nas eleições para presidente em 2026", à frente de Jair Bolsonaro (PL), que ficou com 34%, da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL), que ficou com 4%, e de Romeu Zema (Novo), governador de MG, que ficou com 20%.
Aliança com prefeito de São Paulo
Tarcísio é apoiador do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição nas próximas eleições municipais e já manifestou seu apoio a Tarcísio para 2026. A proximidade entre os dois foi, inclusive, uma das principais causas da aproximação de Nunes com Bolsonaro, ainda que Nunes seja um político de centro que sempre buscou se descolar de polarizações. No último dia 25, por exemplo, Nunes esteve no evento de apoio a Bolsonaro, na avenida Paulista.
Isso demonstra que Tarcísio tem conseguido o apoio de figuras moderadas da política ao seu entorno, ao mesmo tempo em que mantém uma postura de respeito ao bolsonarismo, que emplacou sua eleição no estado de São Paulo. Também no último dia 25, por exemplo, Tarcísio hospedou o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes e discursou ao seu lado.
A popularidade do governador paulista levou até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a se colocar como seu aliado. Em fevereiro, em evento no Porto de Santos, Lula destacou a colaboração de Tarcísio com o governo de Dilma Rousseff (PT). "O Tarcísio trabalhou com a Dilma Rousseff, depois, eu estranhei vendo ele trabalhar com o Bolsonaro, mas paciência, é uma opção dele”, disse Lula na ocasião. “O que eu vou lamentar? Eu tenho que parabenizá-lo e me preparar para derrotá-lo nas próximas eleições”, disse Lula.
Ao mesmo tempo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro fica cada vez mais distante da presidência da República, Tarcísio se posiciona como uma figura central e uma peça-chave na configuração dos conservadores na configuração política do país.
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