Em Santos, uma policial foi baleada na sequência da Operação Escudo.| Foto: Reprodução
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Deputados do PT e do PSOL ocuparam o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), nos últimos dias, cobrando providências do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, do que eles têm chamado de “chacina da Baixada Santista”.

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Um comitê foi criado por parlamentares da oposição com o objetivo de realizar incursões no Guarujá para apurar a Operação Impacto, dias depois renomeada de Operação Escudo pelo governo paulista. O deputado líder da federação composta por PT e PCdoB, Paulo Fiorilo (PT), explicou as medidas que a oposição está tomando contra a operação.

“Entramos com uma representação no Ministério Público para apurar a operação. Também estamos aguardando uma reunião com o procurador-geral de Justiça, Mário Sarrubbo, além do comitê de crise que foi criado para apurar os fatos. Alguns parlamentares estão indo para o Guarujá”, disse o parlamentar.

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Sarrubbo chegou a classificar a operação como um “fato grave” e disse que o número de mortos "não é normal". E completou, em entrevista à rádio CBN: "a melhor ocorrência policial é aquela em que o criminoso é preso”.

A polícia prendeu 58 suspeitos desde o começo da operação. Quatro deles estão envolvidos no homicídio do soldado da PM Patrick Bastos Reis. A Secretaria da Segurança Pública paulista afirma que as operações não são uma retaliação pela morte do policial. A pasta reitera que a operação já estava em curso, na tentativa de combater as facções criminosas que tomaram conta de Santos e Guarujá. Tarcísio reafirmou a posição do governo em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na última segunda-feira (31).

Oposição aumenta o tom contra o governo paulista

Membros do PT e do PSOL têm aumentado o tom contra Tarcísio e Derrite nas sessões plenárias da Alesp. Deputados do PL e do Republicanos têm defendido a atuação das forças de segurança pública na Baixada Santista.

Deputado estadual mais votado, Eduardo Suplicy (PT) é o líder do comitê criado entre deputados e vereadores para apurar as mortes no litoral sul e conversar com as comunidades locais. Suplicy lamentou a morte do soldado Patrick Reis, mas disse que isso não pode ser usado de "vingança" pelas forças policiais.

A deputada Paula da Bancada Feminista (PSOL) afirmou que o estado de São Paulo está “tombando corpos e nem sabe de quem é”. Ela discursou: “a responsabilidade dessa operação tem nome e sobrenome: é do governador e do secretário de Segurança. Quando eles fazem aquela coletiva de imprensa, estão dando carta branca para que essa matança continue no Guarujá e em Santos”.

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Emídio de Souza (PT) foi outro parlamentar da oposição que responsabilizou o governador e o secretário pelas 16 mortes na Operação Escudo. “Uma operação policial que não pode responsabilizar militar de baixa patente, já que no comando estava o próprio secretário de Segurança, pessoalmente, comandando a operação. A atitude de Tarcísio e Derrite em apoiar a carnificina, dizendo que é assim mesmo que a polícia deve agir, é ainda mais grave. As mãos deles estão sujas de sangue”.

A parlamentar do PSOL Ediane Maria afirmou que há inocentes entre os mortos. “O Tarcísio disse que está extremamente satisfeito, em relação à chacina que a polícia praticou no Guarujá. Estamos falando de inocentes que morreram. Não é o governador que deve falar, mas sim o ouvidor da PM”. Todos os parlamentares citados lamentaram a morte do soldado Reis, em algum momento do discurso na tribuna da Alesp.

O gabinete da deputada Ediane confirmou que enviou para a Comissão de Segurança Pública da Casa um Requerimento de Informação convocando o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, para prestar esclarecimentos sobre a operação. Ainda não há data definida para a próxima reunião da Comissão de Segurança.

Além da convocação de Derrite e do Comitê de Apuração criado por parlamentares da oposição para ouvir as pessoas das comunidades da Baixada Santista, houve uma reunião entre MP, Defensoria, Ouvidoria da PM, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condep) e parlamentares do PT e PSOL para discutir as ações da polícia no Guarujá e possíveis processos para o caso.

Defensoria pede o fim imediato da Operação Escudo e câmeras para policiais

A Defensoria Pública de SP solicitou, na quarta-feira (2), que sejam colocadas câmeras em todos os policiais do estado, além do fim imediato da Operação Escudo no Guarujá. O documento foi assinado pelas defensoras públicas Fernanda Balera, Surrailly Youssef e Cecilia Nascimento, que são coordenadores do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos (NCDH).

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O ofício ressalta que a operação em curso é a segunda mais letal do estado, com 16 mortos – atrás do Carandiru com 111 mortos. “Solicitamos que a ação seja interrompida imediatamente”, diz o documento.

O ofício solicita uma justificativa por escrito da Secretaria de Segurança Pública, caso a operação siga em curso na Baixada Santista. Essa explicação deve ser enviada para o Ministério Público e precisa conter os nomes dos responsáveis pelo comando da operação.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]