Direita e esquerda estão duelando nos bastidores para angariar o maior número de alianças nas 645 prefeituras do estado de São Paulo, com o radar ligado para as eleições municipais de 2024.
Dados do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) sobre a última eleição municipal, de 2020, mostram que o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é a sigla que predominava no estado: obteve um total de 172 prefeituras na disputa passada. A hegemonia dos tucanos em São Paulo é histórica: PSDB elegeu governadores por quase 30 anos consecutivos no estado, o que refletiu em uma enxurrada de prefeitos migrando para o PSDB para se aproximar do governador em exercício.
Outro partido que simboliza a aliança entre município e estado é o Democratas (DEM), que foi até pouco tempo a sigla que abrigava o ex-governador Rodrigo Garcia - o que fez também os prefeitos mudarem para o partido. Com isso, o DEM conquistou 65 prefeituras em 2020. Hoje, Garcia integra o quadro político do PSDB.
O partido do governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é um dos que projeta aumentar o número de prefeitos em São Paulo. A sigla venceu em apenas 22 municípios paulistas, o que simboliza menos de 4% das prefeituras em São Paulo. Este será um desafio para Tarcísio, que é visto pelos aliados como um técnico, mas pouco político. Característica que ele terá que mudar para reverter esse quadro.
Em contrapartida, Gilberto Kassab (PSD), secretário estadual de Governo e Relações Institucionais, é o grande articulador político apontado pelos aliados mais próximos. Ele tem a missão de aumentar o quadro do Partido Social Democrático (PSD). A sigla ocupou a terceira colocação com mais prefeituras no estado na última eleição, vencendo em um total de 64 municípios.
O PSDB já espera perder muitas cadeiras na próxima eleição. Recentemente, o prefeito de Santo André e tesoureiro nacional do partido, Paulo Serra, disse que havia um inchaço artificial no partido. Serra reconhece que, sem a figura do governador tucano, a tendência é sofrer uma grande redução no próximo pleito.
Para a cientista política e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Denilde Holzhacker, o PSDB está em um processo de encolhimento e isso se confirmará no ano que vem. “O PSDB tem perdido espaço ao longo dos anos em SP. A eleição do ano passado fez o partido encolher e provavelmente vai reduzir ainda mais, até porque não terá um candidato do partido. As forças vão se reagrupar na candidatura do Ricardo Nunes (MDB) e do candidato Guilherme Boulos (PSOL). Isso terá um reflexo direto nos vereadores do PSDB”.
Holzhacker analisa que esses candidatos terão quatro possíveis destinos: PL, partido de Jair Bolsonaro; Republicanos, do atual governador Tarcísio de Freitas; PSD de Gilberto Kassab e o MDB do prefeito Ricardo Nunes.
Litoral e interior mais alinhados com a direita
O levantamento municípios por partidos aponta que o interior e o litoral paulista mantêm preferência por políticos de direita. Isso é constatado a cada eleição para governador e também para as respectivas prefeituras.
Para Holzhacker, a esquerda tem pouco espaço no estado de São Paulo. “O estado de SP tem um eleitor mais conservador, por isso, partidos menores de direita têm mais espaço do que o PT ou o PSOL. No interior de SP, o Partido dos Trabalhadores sofreu muito em termos de capacidade de captação de votos. A sigla se concentrou apenas na capital paulista e outros redutos petistas. Já o PSOL é um partido muito pequeno”, analisa a cientista política.
O Partido dos Trabalhadores (PT) teve apenas quatro cadeiras de prefeito entre os 645 municípios paulistas na eleição municipal passada. Outra sigla historicamente de esquerda, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), conseguiu eleger apenas um prefeito em São Paulo. Assim, PT e PSOL, somados, representam menos de 1% das prefeituras no estado.
Meta do PL é chegar a 200 prefeituras em São Paulo
A meta do PL é eleger 200 prefeitos em São Paulo em 2024. Esse número impulsionaria o objetivo nacional de conquistar mil prefeituras em todo o Brasil no ano que vem, com foco de vencer nas principais capitais. Essa é uma das estratégias para facilitar a campanha para presidente em 2026. Caso o partido concretize o planejado, o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, entende que o caminho estará “asfaltado” e teria palanque político nos principais colégios eleitorais.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF