Quase todos os coronéis transferidos, recentemente, para cargos estratégicos da Polícia Militar de São Paulo têm no currículo passagens pelo 1° Batalhão de Choque, mais conhecido como Rota, a Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, unidade especializada no combate ao crime organizado no estado paulista.
A escolha dos nomes selecionados pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, que também serviu na unidade como tenente, tem um objetivo: alinhar o alto comando da Polícia Militar com a Rota.
O novo número 2 da PM de São Paulo, o subcomandante José Augusto Coutinho foi comandante da Rota e outros três oficiais do alto escalão colocados por Derrite também possuem a mesma origem na Segurança Pública: Valmor Saraiva Racorti, novo comandante do Choque, Gentil Epaminondas de Carvalho Júnior, que assume a Coordenadoria Operacional, e Fábio Sérgio do Amaral, novo responsável pela Corregedoria da polícia paulista.
Já o novo comandante da Inteligência da PM, Pedro Luis de Souza Lopes, se destacou após ser ter sido o porta-voz da Operação Escudo, no ano passado. Há um ano, a Polícia Militar de São Paulo tem como comandante-geral o coronel Cássio de Freitas, que também possui o histórico de carreira com atuação pela Rota.
Após as mudanças no comando anunciadas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no final deste mês de fevereiro, a avaliação é que os coronéis em postos estratégicos da PM passam a ter posições mais alinhadas, como o veto ao uso da câmera corporal e a continuidade das operações no litoral sul do estado, após a morte de policiais pelo crime organizado.
Padrão Rota: Tarcísio movimenta metade dos coronéis em ação inédita
O recente movimento de mais da metade dos coronéis da PM, em uma ação inédita do governador de São Paulo, na última quarta-feira (21), envolveu a transferência de 34 oficiais de um total de 63.
Embora estivessem em discussão desde o ano passado, as mudanças ocorrem em meio a uma nova crise na área da segurança pelo enfrentamento ao crime organizado na Baixada Santista, que se intensificou a partir do dia 2 de fevereiro, quando o soldado Samuel Cosmo, 35 anos, morreu no hospital após ser baleado no rosto durante uma operação no bairro Rádio Clube, em Santos (SP).
Menos de uma semana depois, o cabo José Silveira dos Santos foi morto enquanto fazia patrulhamento na cidade de Santos. Os dois criminosos suspeitos foram beneficiados pela "saidinha temporária" da prisão e não retornaram ao regime fechado.
Segunda apuração da Gazeta do Povo, coronéis insatisfeitos com a movimentação imposta pela Segurança Pública discutiram a possibilidade de pedirem aposentadoria em massa. Porém, houve um entendimento que essa ação atenderia aos desejos da atual administração.
Agora, o grupo estuda entrar com pedidos de licença, férias e outros tipos de afastamento para prolongar a permanência na corporação. Alguns coronéis foram informados da transferência por meio do Diário Oficial, sem comunicação prévia, o que gerou mais desconforto na corporação e desgaste na relação com o atual secretário da Segurança Pública.
Apesar de a medida ser inédita no estado paulista, em nota, a pasta justifica que a movimentação faz parte da rotina de trabalho. “A atual gestão da Secretaria da Segurança Pública reconhece e valoriza o trabalho dos policiais paulistas e informa que desde o início do ano, uma série de promoções por mérito e movimentações de rotina foi efetivada junto às polícias Civil, Militar e Técnico-Científica do Estado. Tais medidas são planejadas e executadas a partir de critérios estritamente técnicos com o objetivo de aprimorar constantemente a atuação policial e reforçar a segurança de toda a população”, diz a nota.
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