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PL demonstra insatisfação por ter pouco espaço no segundo mandato do prefeito de Ricardo Nunes (MDB).
PL demonstra insatisfação por ter pouco espaço no segundo mandato do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Após o vice-prefeito de São Paulo, Ricardo de Mello Araújo (PL), ter declinado em assumir a Secretaria de Assuntos Estratégicos, a participação do Partido Liberal na gestão pública paulistana está em apenas duas secretarias, entre as 31 pastas municipais. Insatisfeitos, membros da sigla cobram mais espaço nesta segunda gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A cobrança está balizada pela representatividade no PL na Câmara dos Vereadores de São Paulo, onde a legenda possui a segunda maior bancada, com sete cadeiras, ao lado do MDB e União Brasil, que também compõem a base aliada de Nunes. A maior bancada da Casa pertence ao Partido dos Trabalhadores (PT), que tem oito vereadores.

À Gazeta do Povo, vereadores do PL indicaram que irão fazer “jogo duro” para aprovar os projetos do prefeito na Câmara. Apesar desse cenário e de ter indicado o vice para a chapa do prefeito reeleito, o PL ficou à frente somente da Secretaria Verde e Meio Ambiente, com Rodrigo Ashiuchi, ex-prefeito de Suzano, e da Secretaria-executiva de Desestatização e Parcerias, com Luiz Fernando Machado (PL) ex-prefeito de Jundiaí.

Ashiuchi e Machado não são ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou ao núcleo ideológico do PL. Segundo apuração da Gazeta do Povo, a pressão por maior participação na gestão Nunes também vem de Bolsonaro e de Valdemar Costa Neto, após o partido ter ajudado com verba partidária e tempo de televisão nas eleições municipais 2024.

Secretaria da Educação está nos planos do PL em São Paulo

Entre as secretarias cobiçadas pelo PL estão duas pastas prioritárias na gestão pública municipal: Educação e Segurança Urbana. A pasta da Segurança está sob o comando de Orlando Morando, ex-prefeito de São Bernardo do Campo, que assumiu o cargo em 1º de janeiro. Considerada estratégica, essa secretaria é vista como de difícil acesso para o PL devido à recente troca de titular.

Já a Secretaria da Educação permanece sob a liderança de Fernando Padula, indicado por Bruno Covas e mantido por Nunes. Padula tem um histórico de atuação em governos tucanos em São Paulo, incluindo as gestões de Mário Covas, Geraldo Alckmin (PSB) e José Serra (PSDB).

A vinculação ao PSDB desagrada a ala mais ideológica do PL, agravada pelo desempenho insatisfatório do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Em 2019, São Paulo registrou nota 6 no Ideb para os anos iniciais do Ensino Fundamental, em uma escala de 0 a 10. Em 2023, a nota caiu para 5,6, ficando abaixo dos 5,7 obtidos em 2021, no auge da pandemia de Covid-19.

Nunes abriga ex-prefeitos para secretarias estratégicas

Ao contrário do primeiro mandato, quando manteve quase todos os secretários indicados por Bruno Covas, Nunes renovou mais de 50% do secretariado para este início de gestão. Entre os novos nomes, destacam-se ex-prefeitos que encerraram mandatos em 31 de dezembro. Quatro ex-prefeitos compõem o secretariado de Nunes:

  • Luiz Fernando Machado (PL) – ex-prefeito de Jundiaí, secretário de Desestatização e Parcerias
  • Rodrigo Ashiuchi (PL) – ex-prefeito de Suzano, atual secretário de Meio Ambiente
  • Orlando Morando (sem partido) – ex-prefeito de São Bernardo do Campo, secretário de Segurança Urbana
  • Rogério Lins (Podemos) – ex-prefeito de Osasco, secretário de Esportes.

Os quatro estiveram à frente das prefeituras por dois mandatos consecutivos. Além do perfil com experiência administrativa - e de abrigar aliados de campanha - Nunes busca capitalizar os altos índices de aprovação do grupo, de olho em fortalecer sua base para uma possível candidatura ao governo do estado em 2026.

Vereador do PL critica falta de espaço para a ala da direita na gestão Nunes

Em entrevista à Gazeta do Povo, o vereador Lucas Pavanato (PL) afirmou que espera mais representatividade da direita no secretariado paulistano. “Espero que a direita tenha uma participação ativa no governo Nunes, já que demos grande apoio na eleição. Há uma promessa de mais espaço para a direita na gestão e, se isso não acontecer, será uma grande decepção para os eleitores”, declarou.

E completou: “Infelizmente, Nunes não é de direita, mas de centro, e isso faz com que pessoas que não gostaríamos tenham espaço na gestão”. Sobre a composição do novo secretariado, Pavanato demonstrou insatisfação.

“Gostaria que houvesse uma secretaria mais alinhada [com a direita]. As duas pastas que o PL recebeu não estão entre as maiores. Pelo tamanho da bancada na Câmara e pelo compromisso de campanha, o PL deveria ter ficado com duas secretarias de destaque”, defendeu ele.

O vereador acredita, no entanto, que essa situação pode mudar ao longo do mandato. “Com o tempo, Nunes terá que incluir mais representantes da direita ideológica no governo. Ele tem se mostrado aberto ao diálogo e disposto a ceder espaço, então acredito que tudo se resolverá.”

Pavanato lamentou a ausência do PL especialmente na Secretaria da Educação. “Achei bem ruim. Gostaria que o PL tivesse espaço na pasta da Educação. Vamos fiscalizar e cobrar a secretaria. Qualquer sinal de doutrinação nas escolas será combatido pela bancada ideológica”, afirmou.

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