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Sonaira Fernandes, secretária de Políticas para a Mulher do estado de São Paulo
Sonaira Fernandes, secretária de Políticas para a Mulher do estado de São Paulo| Foto: Divulgação/Secretaria da Mulher de SP

A Secretaria de Políticas para a Mulher do governo de Tarcísio de Freitas em São Paulo foi lançada oficialmente nesta que foi intitulada "Semana Una-se, Mulher". A pasta tem à frente a vereadora licenciada Sonaira Fernandes, que pretende atuar com uma política pró-vida e, principalmente, aumentar a independência econômica da mulher em São Paulo para o combate à violência.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Sonaira Fernandes falou sobre os principais objetivos para a nova secretaria e os preconceitos que sofre por ser cristã. "Já fui chamada de aliciadora de mulheres vulneráveis pelo fato de estar com um grupo rezando em frente a um hospital", disse. O evento de lançamento, realizado no Memorial da América Latina, contou com a presença do deputado federal por São Paulo Eduardo Bolsonaro (PL), responsável pelo ingresso de Sonaira na política, depois de terem trabalhado juntos em Brasília. os dois se conheceram em um estágio da faculdade de Direito na Polícia Federal.

Com 32 anos e natural de Riachão do Jacuípe, no interior da Bahia, Sonaira Fernandes foi para São Paulo 15 anos atrás e, com o apoio da família Bolsonaro, foi eleita vereadora em 2020, com 17 mil votos pelo partido Republicanos. Na Câmara de Vereadores de São Paulo, promoveu projetos de lei que estão em tramitação, como a inclusão da ozonioterapia entre os tratamentos oferecidos pelo SUS e a fixação de placas informativas nas unidades públicas e privadas de saúde sobre a entrega legal de crianças para adoção. Foi uma das promoventes da instituição do Dia da Bíblia no calendário de eventos da cidade de São Paulo.

Qual é a sua principal bandeira na Secretaria da Mulher em São Paulo?
Acredito na autonomia financeira e no cuidado da mulher. Muitas mulheres estão em um contexto de violência porque não têm autonomia financeira e não sabem que pode alcançar independência financeira. Ela não consegue interromper um ciclo de violência porque depende do agressor para pagar contas, para cuidar dos filhos, para suprir o básico dentro de casa. A gente quer organizar e reunir essa política que já existe em diversas pastas para fomentar a autonomia dessas mulheres.

Como a pasta pretende atuar para diminuir o número de abortos ilegais no estado de São Paulo?
A secretaria está estruturada em três pilares. O primeiro deles é a dignidade e a saúde da mulher, então o combate à violência e o empreendedorismo feminino. Na dignidade, a gente quer cuidar da mulher em todos os seus aspectos. Tivemos que dar uns passos atrás na pandemia, que dificultou muitas coisas na saúde, mas queremos olhar para as mulheres de São Paulo no todo, cuidar das gestantes, da dona de casa, das viúvas, aperfeiçoar aquilo que a gente tanto defende e prega. Quando você traz a questão da defesa da vida e das irregularidades que existem, a gente quer cuidar dessas mulheres e do nascituro. Claro que respeitando o que a legislação nos traz, do que a mulher pode optar, mas não negamos o nosso perfil e nosso caráter, que é uma política inteiramente pró-vida.

Quando a senhora diz respeitar o que a mulher pode optar, o que seria exatamente?

Já fui chamada de aliciadora de mulheres vulneráveis pelo fato de eu estar com um grupo rezando em frente a um hospital. Disse que não era nada disso, conheço o que a legislação traz em relação ao aborto, mas não nego o que acredito, que é a vida. Acredito que a partir do momento que existe uma sementinha ali, existe vida, então não posso sair desse segmento porque estaria negando aquilo que me rege.

Qual é a principal dificuldade que a mulher gestante, que não quer ter o filho, enfrenta em São Paulo? Saber que ela pode destiná-lo para a adoção seria uma delas?
Primeiro acolher essa mulher que às vezes chega com fragilidade psicológica, que não tem apoio do companheiro, não tem apoio no âmbito familiar. A gente quer acolher e falar "vem cá, existe uma outra maneira, existe uma outra condição para você, você pode ser acolhida, o seu bebê pode ser acolhido". E combater a falta de informação, porque a mulher não sabe que tem uma opção de entrega legal, não sabe qual é o procedimento, isso é pouco falado dentro dos movimentos. A gente quer divulgar essa informação.

Existe algum objetivo de mudar a legislação no estado de São Paulo para até evitar o aborto legal, como em casos de estupro ou de bebês anencéfalos?
Isso depende muito da nossa Assembleia Legislativa, é uma legislação também em âmbito federal. Os legisladores que estão aí vão ter um pouco de trabalho.

Qual principal preconceito já sofreu ou ainda sofre, por ser negra, mulher, cristã ou do Nordeste?
O principal preconceito que sofro é ser cristã, esse é o grande problema que temos hoje. Na cabeça dos movimentos que tanto gritam e defendem a total integração da mulher na política, eu seria a figura perfeita: mulher, negra, pobre, que veio do Nordeste para trabalhar e estudar em São Paulo. Mas o principal preconceito é a questão de ser cristã e de caminhar de um lado diferente da cartilha do politicamente correto. Nunca tive problema por ser negra ou mulher, pelo menos nunca percebi algo do tipo.

Quais os planos de trabalho junto à Secretaria da Educação, com as mulheres nas escolas, relacionados à gravidez e a perspectivas das adolescentes?
Temos trabalhado com o secretário Renato Feder, inclusive hoje vieram alguns estudantes para cá, no sentido de levar informações através das capacitações do Sebrae para o aluno do Ensino Médio, com palestras de informação. Queremos trazer o aluno, principalmente do Ensino Médio, que às vezes está envolvido em algum contexto de violência, ir até essa escola para promover palestras e informações, levar cursos e estabelecer um diálogo com esses alunos.

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