Prefeito tucano corta fios para desativar radares de trânsito

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O prefeito de Marília (SP), Vinicius Camarinha (PSDB), começou o mandato cortando os fios de um dos equipamentos de fiscalização de velocidade de trânsito, em ato simbólico realizado em dos equipamentos instalados em uma das principais avenidas da cidade. Camarinha acusa o antecessor dele no cargo de ter deixado R$ 2 bilhões em dívidas, além da acusação de que os radares serviriam "para outra função que não era coibir a velocidade".

"As pessoas eram multadas por estarem distraídas, era uma pegadinha da 'indústria da multa'. Fiquei impressionado com a reação na internet", comentou o prefeito sobre o vídeo que teve grande repercussão nas redes sociais. "Fiz isso por convicção, não para aparecer. Não acredito no radar como instrumento educador do trânsito", afirmou ele à Gazeta do Povo.

O prefeito disse não temer que a empresa responsável pela gestão dos radares ingresse com ação na Justiça para retomar a operação do serviço. “Fizemos um ato jurídico, pois a prerrogativa da execução do serviço público é do município e nosso governo não vai mais oferecê-lo à população”, finalizou.

Como parte dessa estratégia, a sociedade civil é incentivada a participar ativamente das discussões e a contribuir com ideias para aprimorar as políticas públicas voltadas para o trânsito, diz o gestor municipal. “A situação dos radares precisava de mudanças, mas é fundamental promover uma ampla conscientização sobre a segurança no trânsito."

Dados da Empresa de Mobilidade Urbana de Marília (Emdurb) msotram que, no último ano, os equipamentos aplicaram 79 mil multas decorrentes de infrações cometidas no trânsito. “Foi a principal reclamação que recebi dos marilienses durante a campanha eleitoral e assumi o compromisso de acabar com essa 'indústria da multa', que apenas penalizou o trabalhador. Não é aceitável que o mariliense tenha sua vida financeira prejudicada por distração dos radares. Essa medida da gestão anterior foi feita sem estudo e diálogo com o povo”, afirmou.

O presidente da Emdurb, Paulo Alves, ressaltou que o contrato com a empresa responsável por outros serviços permanece em vigor. “Há um software que, por meio das câmeras, consegue identificar veículos roubados ou furtados a partir das placas, em integração com a Polícia Militar. Esse serviço continuará sendo oferecido”, explicou. Após a suspensão da fiscalização determinada pelo prefeito no último dia 3, a Emdurb intensificou ações educativas e de conscientização no trânsito para coibir o excesso de velocidade.

A advogada especializada em trânsito Marly Vieira de Camargo corrobora que "o prefeito anterior [Daniel Alonso (PL)] entregou a prefeitura com um rombo que não permitia nem fazer o pagamento dos funcionários públicos. Ele encheu as ruas e rodovias do Rodoanel de Marília com radares sem necessidade alguma", opinou ela, que acrescenta que a qualidade das rodovias deixa a desejar.

"Esse instrumento deve ser coibido, pois as rodovias estão péssimas. Só o Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores (IPVA) deveria garantir melhores estruturas. O trânsito em Marília nem permite que você ande em alta  velocidade", disse.

A legislação brasileira estabelece que a instalação ou remoção de radares de trânsito é uma responsabilidade dos municípios. Essa atribuição deve ser exercida de acordo com o interesse da administração local, desde que obedecidas normas e diretrizes, incluindo a realização de estudos técnicos específicos, bem como uma sinalização seguindo regras padronizadas.

Concessionária Entrevias inicia operação de novo radar em Marília

Um novo radar inicia a operação na próxima segunda-feira (3/2), no trecho da SP-333 - Rodovia Rachid Rayes, em Marília. O equipamento está instalado no km 340+800 na pista sentido oeste (Marília - Assis), e a velocidade máxima permitida no local é de 60 km/h.

O aparelho iniciou a fiscalização após aprovação e homologação do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão responsável pela aplicação das multas. A autorização para o início de operação do novo radar foi publicada na edição do Diário Oficial do Estado no dia 27 de janeiro.

De acordo com a Entrevias Concessionária de Rodovias, a medida contribui para melhorar a segurança viária. "A fiscalização eletrônica é importante aliada para o respeito aos limites de velocidade e ajuda a reduzir o risco de acidentes", diz a nota da empresa.