A despeito da cobrança do Partido Liberal (PL) por mais espaço no governo de São Paulo, na última sexta-feira (24) o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) extinguiu a secretaria de Negócios Internacionais. A decisão ocorreu um dia após Tarcísio exonerar do cargo o secretário Lucas Ferraz.
A extinção da pasta faz parte do Plano São Paulo na Direção Certa, que visa enxugar a máquina pública do estado de São Paulo. Com essa redução, São Paulo passa a ter 26 secretarias. Desde abril de 2023, porém, a relação entre o chefe do Executivo paulista e o então secretário estavam estremecidas. O motivo foi uma discussão que envolveu o governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na ocasião, a fabricante ucraniana de aeronaves Antonov teria deixado de investir US$ 50 bilhões no Brasil depois de Lula relativizar a responsabilidade da Rússia na guerra contra a Ucrânia. Logo após a desistência da empresa, a Secretaria estadual de Negócios Internacionais de São Paulo publicou um comunicado afirmando ter recebido membros da Antonov interessados em investir em São Paulo.
A Antonov, porém, disse nunca ter procurado a secretaria paulista e o episódio rendeu ataques de ministros ao governador Tarcísio por supostamente espalhar fake news. Desde então, Ferraz começou a ser escanteado pela gestão estadual. O próprio governador passou à frente de negociações internacionais e atraiu, sem Ferraz, investimentos superiores a US$ 200 bilhões no primeiro ano de governo. Além disso, outras tarefas mais burocráticas da pasta foram assumidas pela Casa Civil, do secretário Arthur Lima (PP).
Tarcísio considera que Ferraz ocupava a cota de secretários de perfil técnico do governo e, portanto, não deveria se envolver em questões políticas. Ele foi diretor do Brasil do New Development Bank (Banco dos BRICS) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina, tendo ocupado também o posto de representante brasileiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Em nota enviada à Gazeta do Povo, a gestão estadual confirmou o fim da pasta: “A reestruturação é a primeira ação tomada após a publicação do Plano São Paulo na Direção Certa, que prevê medidas para modernização da administração, otimização e maior eficiência do gasto público e melhoria do ambiente de negócios em São Paulo. As atribuições da antiga secretaria passam a ser desempenhadas pela Casa Civil e pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico”.
PL cobra mais participação na gestão Tarcísio de Freitas
Os deputados estaduais do PL na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) alimentavam a esperança de a gestão Tarcísio passar a Secretaria de Negócios Internacionais para a mão de um dos 19 deputados do partido, de maneira que a extinção da pasta frustrou a base aliada do governador.
O PL possui a maior bancada da Alesp e tem votado em bloco todos os projetos da gestão estadual, mas recentemente Tarcísio tem encontrado dificuldades em conseguir quórum para aqueles que demandam maior empenho dos parlamentares. Propostas de Emenda à Constituição (PEC), por exemplo, são alguns deles e, segundo apuração da Gazeta do Povo, um dos motivos é a falta do pagamento de emendas prometidas no ano passado.
Outro ponto de insatisfação do PL é a falta de participação da sigla no primeiro escalão do governo Tarcísio. Entre as 26 secretarias de estado, apenas 2 cadeiras são do PL: Segurança Pública, de Guilherme Derrite, e Políticas para Mulheres, de Valéria Bolsonaro. Ainda assim, a bancada do partido nega ter indicado Derrite, uma vez que ele e o governador são próximos desde o governo Bolsonaro, quando Derrite era deputado federal e Tarcísio era ministro da Infraestrutura.
Fontes apontam que as reclamações dos integrantes do PL passam pelo atual líder do partido, Carlos Cezar, não cobrar mais espaço para a sigla na gestão estadual. Há uma chance de Cezar substituir o líder do governo, Jorge Wilson (Republicanos), na Alesp. Wilson, por sua vez, pode deixar o cargo para se dedicar à campanha para a prefeitura de Guarulhos. Com isso, os deputados mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) veem uma possibilidade de um novo líder do PL.
Em março, a Gazeta do Povo noticiou a insatisfação de deputados bolsonaristas com a participação na gestão Tarcísio. Desde então, a deputada Valéria Bolsonaro (PL) assumiu a Secretaria de Políticas para as Mulheres e o PL passou a comandar duas pastas. Valéria entrou no lugar de Sonaira Fernandes, que era do Republicanos e se filiou ao PL apenas recentemente, na janela partidária, para tentar a reeleição à Câmara dos Vereadores de São Paulo. Mesmo assim, os deputados do PL entendem que duas cadeiras é pouco no primeiro escalão do governo estadual.
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