O estado de São Paulo pretende apresentar a estruturação do modelo estadual do programa de escola cívico-militar no início do mês de outubro. A intenção é colocar a iniciativa em prática para o ano letivo de 2024 e ganhar fôlego a cada novo ano do mandato, de acordo com apuração da Gazeta do Povo.
As definições ocorreram depois de o presidente Lula (PT) anunciar o fim do programa federal das escolas cívico-militares, na última semana. Em resposta, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou que o programa será ampliado no estado.
"Fui aluno de Colégio Militar e sei da importância de um ensino de qualidade e como é preciso que a escola transmita valores corretos para os nossos jovens. O governo de SP vai editar um decreto para regular o seu próprio programa de escolas cívico-militares e ampliar unidades de ensino com este formato em todo o Estado".
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo ainda não projetou previsão para assinatura do decreto mencionado pelo governador. "As medidas legais e operacionais do projeto estão em desenvolvimento pelas respectivas áreas técnicas do governo", informou a pasta.
Atualmente, São Paulo tem oito escolas operando no modelo de educação cívico-militar, sendo uma estadual e sete municipais. Isso representa menos de 1% das mais de 5 mil instituições de ensino espalhadas pelo estado. São elas:
- Escola Estadual Marechal do Ar Eduardo Gomes, em Guarujá
- Escola Municipal CAIC, em Lorena
- Escola Municipal Ricardo Izar, em Taquaritinga
- Escola Municipal Prof. Darvy Mascaro, em Barrinha
- Escola Municipal Prof. Lafayette Rodrigues Pereira, em Taubaté
- Escola Municipal Jorge Bierrenbach Senra, em São Vicente
- Escola Municipal Professora Maria Julia Antunes do Amaral Moreira, em Guaratinguetá
- Escola Municipal Jose Pereira Soares, em Pedro de Toledo
Defensor da escola cívico-militar, o deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP) ajudará a equipe do secretário estadual de Educação, Renato Feder, a montar o modelo das novas instituições. O parlamentar conversou com exclusividade com a Gazeta do Povo.
“É um modelo gratuito e que traz resultados para os alunos. Basta ver os programas de televisão (com participação de estudantes): são sempre os estudantes dessas escolas os melhores colocados. O programa existe há 20 anos e tem vários modelos. Os pais têm desejo de colocar seus filhos nessas escolas, todo mundo quer o melhor para o filho. Mães madrugam na fila quando abre vaga”.
Deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP)
Coimbra explicou o motivo de, no governo Jair Bolsonaro (PL), o programa ter sido pouco disseminado em território nacional. “Em 2019 era um projeto piloto-para ter duas por estado. Em 2020 e 2021 tudo fechado por conta da pandemia e, em 2022, semifechado. Antes de implementarmos outras, precisamos consolidar aquelas que já existem”.
Adaptações à proposta também estão na pauta, reconhece o parlamentar. “Por exemplo, em São Paulo, houve dificuldade para achar militares das Forças Armadas aposentados. Algumas cidades não tiveram o programa por isso. São José do Rio Preto teve 80% de aprovação de pais e alunos, mas o batalhão mais próximo do município fica na cidade de Lins (120 quilômetros de de distância). Não tem militares da reserva naquela região”, explica o parlamentar.
Como funciona o modelo da escola cívico-militar do Ministério da Educação:
- São militares da reserva das Forças Armadas
- Um militar para cada três turmas. E dois oficiais responsáveis que dialogam com a direção da escola.
- Os militares não ficam dentro das salas de aula.
- O militar fiscaliza os corredores e recebe os alunos.
- O militar não porta arma.
- Quando há espaço na grade curricular, os militares ensinam civismo, cidadania e valores nacionais.
- O hino nacional, marchar e posição de sentido também são ensinados.
- O conteúdo acadêmico da sala de aula é o mesmo de uma escola regular.
Para Coimbra, o Governo Federal está acabando com o programa por razões políticas. “As escolas cívico-militares começaram no governo Lula. Quando começamos a fomentar a ideia (para ampliação), em 2019, já havia mais de 200 pelo Brasil. Não era um problema e agora virou, só porque ficou como uma marca do governo anterior. Queremos apenas dar aos pais a opção da escolha. A escola cívico-militar aumenta em 20% a nota do Enem e diminui em 50% a evasão escolar, por conta do sentimento de pertencimento”, pontuou.
- Maioria dos governadores pretende manter escolas cívico-militares
- Lula diz que “não é obrigação do MEC” cuidar de escolas cívico-militares
- Mudanças na política federal não devem impedir modelo de escolas cívico-militares
- Educadores condenam decisão de Lula de barrar escolas cívico-militares
- Barradas por Lula, escolas cívico-militares são raro caso de sucesso na educação nacional
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF