Na corrida eleitoral em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aposta no presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite (União Brasil), aliado de longa data, para tirar a diferença para o adversário que vem liderando as sondagens de intenção de voto, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol).
Considerado um dos principais líderes políticos da capital paulista, Leite acumula sete mandatos consecutivos como vereador desde 1997. Tendo reduto eleitoral consolidado na zona sul de São Paulo, Milton Leite aparece como a aposta de Nunes para a eleição de outubro.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente da Câmara de São Paulo diz que levantamentos internos recentes, encomendados pelo partido, mostram Nunes à frente de Boulos. “As sondagens feitas pelo União Brasil já colocam o prefeito Ricardo Nunes na frente. É nesses levantamentos que nós acreditamos”, declara Leite.
O vereador é um dos políticos que ainda tentam concretizar a possibilidade para ser vice de Ricardo Nunes, apesar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter indicado o coronel Mello Araújo para a vaga. “Já anunciei publicamente que não vou concorrer à reeleição para vereador. Coloquei o meu nome à disposição do União Brasil para vice-prefeito de Ricardo Nunes e isso será discutido no momento oportuno, internamente e com os demais partidos, inclusive com o PL”, diz Milton Leite.
Na avaliação dele, a zona sul pode fazer a diferença para Nunes na eleição. “Nosso trabalho vai fazer a diferença na zona sul e na cidade toda. Não apenas a minha atuação, mas a de todo o União Brasil, que tem representação forte em todos os cantos da capital. Estaremos engajados na campanha ao lado do prefeito Ricardo Nunes e temos muitas conquistas para mostrar em todas as regiões de São Paulo”, acredita o vereador.
PT e Psol apostam em zona leste para ganhar eleição em São Paulo
Historicamente, o PT angaria forte apoio na zona leste de São Paulo, como evidenciado nas vitórias de Fernando Haddad em 2011 e de Marta Suplicy em 2000. Boulos conta com a região para impulsionar a candidatura à prefeitura de São Paulo.
“O PT fez um movimento importante com a indicação da Marta Suplicy como vice do Guilherme. Acredito que isso junta a força que o Guilherme tem com a experiência. Somos muito otimistas com a possibilidade de vitória dessa aliança entre o Psol e o PT”, declara o presidente da federação estadual formada entre Psol e Rede, João Paulo Rillo, que avalia a zona leste da cidade como "historicamente mais progressista".
Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente estadual do Psol citou as lideranças de esquerda para além do reduto. “Na zona sul temos núcleos históricos, como o grupo ligado aos Tatos [deputados Jilmar Tato e Enio Tato]. A eleição em São Paulo tem uma característica diferente: São Paulo sozinha tem a força de um país, pela importância econômica e pela riqueza cultural da cidade. Inevitavelmente essa eleição em algum momento vai nacionalizar. Óbvio que terá a campanha territorial também”.
Ele também analisou o panorama das alianças, pontuando que ainda é cedo para cravar as definições. “O PT parte com alguns partidos: PV, PCdoB, Psol e Rede. E o PDT sinalizou, inclusive, que vai apoiar o Boulos. Poderá ter outros partidos na aliança, mas ainda é cedo para cravar”.
Rillo defende que o presidente Lula (PT) tem mais peso na cidade que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “Não tenho dúvida que o peso do presidente Lula na capital é muito maior do que o peso do Bolsonaro. E o Tarcísio não tem um peso maior do que o do Bolsonaro. Ele só é governador de São Paulo por conta do Bolsonaro e pela vantagem que teve no interior, porque na capital ele perdeu a eleição”, aponta o psolista.
Líder da federação PT e PCdoB na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Paulo Fiorilo, elenca os bairros mais importantes para o PT na zona leste. “A zona leste sempre teve um peso muito grande, principalmente as regiões de Cidade Tiradentes, São Mateus e Sapopemba. Com parte da zona sul também. Vamos fazer campanha na cidade toda. Com a Marta, o PT tem uma inserção grande, o que vai ajudar a garantir votos para a eleição do Boulos. Se olhar as votações expressivas que o PT tem na cidade e o Boulos, são nessas regiões: leste e sul”.
Fiorilo compara os apoios dos padrinhos políticos e a possível transferência de votos a Nunes e Boulos. “O governador do estado não é de São Paulo, conhece pouco a cidade, e o ex-presidente está numa situação difícil. A votação do presidente da Câmara como vereador não é comparada com a do Eduardo Suplicy. O Nunes tem as duas máquinas [prefeitura e governo do estado], mas o Boulos tem o PT, que tem uma familiaridade na cidade, além do presidente Lula e da Marta”, afirma o parlamentar.
Ele acrescenta que, por enquanto, essas especulações giram em torno do próprio ambiente político, e não alcança ainda a área popular. “A eleição só começa quando tiver televisão, quando as pessoas começam a se preocupar com as escolhas. Hoje quem se preocupa mais com isso somos nós - quem está na política e quem cobre política - mas o eleitor ainda não está plugado. Isso vai começar em agosto”, diz Fiorilo.
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