O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse, nesta quinta-feira (5), que estava “completamente errado” ao criticar o uso das câmeras corporais pela Polícia Militar (PM) de São Paulo. Ele disse estar “absolutamente convencido” da necessidade de ampliação do uso dos equipamentos pelos agentes policiais como forma de proteger a sociedade e os próprios PMs.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tinha, que não tem nada a ver com a segurança pública. Hoje, eu estou absolutamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. Vamos não só manter o programa como ampliá-lo e tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia”, afirmou o governador.
A declaração foi dada após o aumento no número de casos de violência envolvendo a PM paulista. Um dos casos mais marcantes foi o de um homem atirado de cima de uma ponte por um policial na madrugada de segunda-feira (2) – o policial que cometeu o ato foi preso por determinação da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo.
Falta de treinamento pode estar levando PM a descumprir procedimentos
De acordo com o jornal O Globo, o governador fez uma cobrança direta ao coronel Cássio Araújo, comandante-geral da PM de São Paulo, sobre os casos recentes de descumprimento dos procedimentos por parte dos policiais. Para Tarcísio, situações como a do policial que jogou um entregador do alto de uma ponte podem estar relacionadas a transgressões disciplinares e falta de treinamento e reciclagem dos agentes.
“Estamos entrando onde tem que entrar e, claro, quando acontecem esses casos, se esculacha demais a instituição. Isso agride a gente e é hora de ter humildade e dizer que alguma coisa não está funcionando. O discurso de segurança jurídica, de que a gente precisa dar para os profissionais de segurança pública para combater de forma firme o crime, não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa, para descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar”, completou Tarcísio.
STF deu prazo até sexta para governo detalhar uso de câmeras corporais
O governo de São Paulo tem até esta sexta-feira (6) para detalhar ao Supremo Tribunal Federal o atual estágio de implantação das câmaras corporais pela PM de São Paulo. No fim de maio, o ministro Luís Roberto Barroso pediu explicações sobre a possibilidade de os policiais paulistas ligarem e desligarem as câmeras no meio de um atendimento a uma ocorrência.
Barroso cobrou de Tarcísio a íntegra do contrato de instalação e uso das câmeras em vigor, além do cronograma de execução. O ministro ainda quer saber detalhes sobre os testes realizados com os equipamentos e os indicadores utilizados para aferir a efetividade do uso das câmeras corporais.
O requerimento foi feito antes das denúncias atuais de violência, no âmbito de uma ação protocolada pela Defensoria Pública de São Paulo que busca reverter uma decisão do Tribunal de Justiça do estado que suspendeu a obrigatoriedade do uso das câmeras.
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