O projeto de lei para a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Educação e a Reforma Administrativo do governo paulista, integram o pacote de propostas de Tarcísio de Freitas (Republicanos), enviado para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Apesar de faltar apenas dois meses para o recesso parlamentar, o objetivo do governo é aprovar os três projetos ainda em 2023, segundo o secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo, Arthur Lima, recém filiado ao Partido Progressistas. “Queremos aprovar tudo ainda este ano. Primeiro a privatização da Sabesp porque vai ajudar na saúde e na antecipação da universalização do saneamento e água tratada. É o nosso carro-chefe”, afirmou Lima em entrevista à Gazeta do Povo no Palácio dos Bandeirantes.
O Projeto de Lei 1.501/2023, que trata da privatização da Sabesp, levou meses de articulação com os prefeitos dos 375 municípios atendidos pela Companhia. Com o leilão da Sabesp, o governo pretende arrecadar cerca de R$ 66 bilhões com a venda de parte das ações.
O objetivo do projeto é reduzir a tarifa e antecipar a universalização do saneamento básico e tratamento de água de 2033 para 2029, previsto no Marco Legal do Saneamento Básico. A gestão estadual afirma que mesmo após a privatização será mantido o nome da companhia, a sede e o objeto social.
Mas o governador Tarcísio de Freitas deve enfrentar a resistência contra a privatização dos deputados estaduais da bancada de oposição. Recentemente, o PT e o PSOL protocolaram uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto assinado por Tarcísio, que facilita o processo de privatização da Companhia.
Tarcísio quer cortar 10 mil cargos comissionados
O Projeto Lei Complementar 138/2023, conhecido como Reforma Administrativa de autoria da Secretaria da Casa Civil, tem como objetivo enxugar a máquina pública com o corte de cerca de 10 mil cargos comissionados no estado, entre secretarias e autarquias.
São Paulo possui 26 mil cargos comissionados e passaria a ter 16 mil postos, o que representa uma economia de aproximadamente R$ 10 milhões mensais e R$ 120 milhões por ano, segundo as projeções da Casa Civil.
"Vamos corrigir os salários e cortar algumas gratificações, como quinquênio e licença prêmio. A ideia é valorizar o profissional de carreira. Vamos transformar 217 cargos em apenas 17, simplificando o funcionalismo público. Estamos corrigindo todos os problemas que identificamos quando assumimos o governo de São Paulo. Essa transformação ela vai ser perceptível pela população", garante o secretário da Casa Civil.
Lima adiantou que o governo vai deixar quatro mil cargos em um “bolsão”, caso tenha a necessidade de criar algum novo programa ou secretaria.
PEC da Educação leva em conta o envelhecimento da população
A PEC 09/23 enviada pelo Governo do Estado para a Alesp quer transferir 5% do orçamento da pasta da educação para a Secretaria de Saúde. Assim, Secretaria de Educação passaria de 30% para 25% do orçamento paulista e a saúde aumentaria de 12% para 17%.
“A minha mãe teve 4 filhos, eu tive apenas um. É um dado estatístico: estamos tendo menos filhos. As pessoas estão ficando mais velhas, dependendo mais de cuidados de saúde e atendimento hospitalar. Se não fizermos isso agora, podemos ter problemas”.
Arthur Lima, secretário da Casa Civil do estado de São Paulo.
A reformulação do orçamento leva em conta a queda na taxa de natalidade no país e, consequentemente, o menor número de matrículas em creches e escolas. Em contrapartida, o secretário da Casa Civil afirma que os serviços de saúde nunca foram tão procurados como nos últimos anos devido ao envelhecimento da população e também aos índices de expectativa de vida.
Questionado sobre a retirada de milhões de reais da pasta da educação, o secretário justifica que o governo buscado parcerias com o setor privado para melhorar o atendimento no ensino.
“Estamos corrigindo. Temos projetos de Parceria Público-Privada para as escolas. A PPP cuidaria do almoxarifado, parte elétrica, alimentação, infraestrutura e outros. Vamos melhorar a questão da ventilação nas salas de aula, ar-condicionados, mas as vezes, não é possível investir pela falta de infraestrutura e pela falta de recurso”, argumenta.
O Governo do Estado justifica que os 5% realocados da Secretaria da Educação é uma verba excedente, isso porque a Constituição Federal exige o mínimo de 25% do orçamento total de cada estado para a área educacional e São Paulo destina 30%.
A PEC da Educação tem mobilizado os partidos de esquerda na Alesp: PT, PSOL, Rede, PCdoB e PSB têm se posicionado contra a proposta. O governo Tarcísio precisa de pelo menos 57 votos - de um total de 94 deputados estaduais - para aprovação da emenda constitucional.
Kassab, Lula, Bolsonaro e filiação ao Progressistas
Arthur Lima afirma que nunca se envolveu em polêmicas com o secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab. “A imprensa toda hora fala que tenho problema com o Kassab, é mentira. Me dou super bem com ele. A articulação política e as emendas é tudo com o Kassab e preferimos que seja assim. A Casa Civil cuida da cozinha do governador, fazemos a articulação da parte técnica, todos os estudos e o diálogo com as secretarias. Trabalhamos em parceria”, explica o secretário da Casa Civil.
Lima também defendeu o deputado estadual, Jorge Wilson (Republicanos), líder do governo na Alesp, que sofre críticas da base aliada. “O líder do governo foi escolhido pela capacidade de articulação, muito boa. O líder do governo tem papel fundamental”, respondeu..
Lima nunca foi candidato e se filiou, recentemente, ao PP de André Fufuca, nomeado recentemente para o Ministério dos Esportes, no governo do presidente Lula (PT). “O partido é independente e não gera nenhum problema ter um ministro. Me filiei porque acredito nos ideais do partido fiquei muito feliz com o convite porque me identifico com o partido. Nós somos políticos por natureza.”
Além disso, o secretário também reconhece que a filiação ao PP foi importante para a articulação do governo Tarcísio na Alesp, conseguindo mais três cadeiras na base aliada.
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Boicote do Carrefour gera reação do Congresso e frustra expectativas para acordo Mercosul-UE
“Vamos falar quando tudo acabar” diz Tomás Paiva sobre operação “Contragolpe”
Brasil tem portas fechadas em comissão da OEA para denunciar abusos do STF
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF