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Plano de sustentabilidade prevê diversificação energética em São Paulo
Plano de diversificação energética de São Paulo visa ampliar a instalação de painéis de energia solar fotovoltaica| Foto: Divulgação SEMIL

O governo do Estado de São Paulo lançou oficialmente o Plano Estadual de Energia 2050, que foca em sustentabilidade e pretende neutralizar as emissões de gases de efeito estufa do estado, chegando à próximo de zero, até 2050. Entre as ações previstas, estão 21 projetos de diversificação energética com R$ 16,8 bilhões em investimentos privados, mapeados pela InvestSP, agência do governo que estrutura iniciativas com potencial de captação de recursos no mercado.

Os projetos incluem 14 iniciativas da área de energia, três do setor automotivo, dois do tratamento de resíduos, um de comércio e um de mineração. Na área de energia, estão previstas a construção de um hub de gás natural na Baixada Santista, uma termelétrica de geração de energia elétrica renovável à base de biomassa, biodigestores e geração de biometano, além de cinco usinas de energia solar, reativação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e a expansão da rede de dutos de transporte de etanol.

Já os projetos do setor automotivo contemplam veículos híbridos elétricos, caminhões a hidrogênio e uma fábrica de redutor de consumo veicular. Em comércio, há geração de energia para consumo na operação da empresa e, em mineração, eficiência energética e substituição de combustíveis.

Neste mês, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) esteve em Nova York com a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende, para prospectar investimentos junto a fundos e bancos internacionais. Na ocasião, os projetos de sustentabilidade que incluem diversificação energética foram apresentados e bem recebidos.

"Vimos um interesse muito grande dos investidores nessa área, seja da parte de biogás, de hidrogênio de baixo carbono, energia fotovoltaica e reservatórios. Vimos interesse em muitas rotas de transição energética e uma vontade de saber um pouco mais sobre os projetos e estudos. O diálogo foi muito produtivo, por isso esperamos que venham mais investimentos", diz a secretária Natália à Gazeta do Povo.

Projetos de sustentabilidade à longo prazo

A empreitada assumida pelo governo Tarcísio foi iniciada no meio do ano passado, quando o então governador Rodrigo Garcia estava se preparando para posicionar o estado de São Paulo na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 27), que ocorreu no Egito. Para isso, o governo contratou a Universidade de São Paulo (USP), que realizou por meio de professores e pesquisadores o projeto chamado "Plano Estadual de Energia 2050-Race to Zero". Este plano com foco em sustentabilidade veio para substituir o anterior, intitulado "Plano Paulista de Energia", feito para os anos de 2012 a 2020.

"O atual plano se diferencia do anterior porque visa fundamentalmente as mudanças climáticas e a descarbonização, questão que não estava tão latente em 2012 como agora", diz Dorel Soares Ramos, coordenador do plano pela USP e professor do departamento de Engenharia de Energia e Automação da Escola Politécnica da USP. "A meta é que o plano esteja concluído até o final do ano para permitir a abertura de uma consulta pública ainda em 2023, com um mês para contribuições", complementa.

Com cerca de 30 páginas, o plano foi dividido em duas fases, sendo que a primeira, de cunho mais qualitativo, foi apresentada na COP 27. De lá para cá, a segunda fase, mais quantitativa, revisita as propostas com mais detalhes e embasamentos. Elas foram divididas em cinco eixos: meio ambiente e social, tecnologia, infraestrutura, mercado e regulação.

Além dos 21 projetos que foram elaborados pela InvestSP, há sugestões de sustentabilidade no documento que já estão sendo consideradas pelo governo Tarcísio. "Outros que estamos estruturando dentro do pilar de saneamento básico visam incentivar a produção de energia a partir de resíduos sólidos, com biogás, biometano e com incentivo à regionalização, junto com os municípios. Já temos até alguns pilotos, como a produção de energia para abastecimento de carros por meio da geração de lodo, da Sabesp em Franca, e um protocolo e uma parceria com o governo suíço que estudando energia renovável", diz a secretária Natália Resende.

De acordo com o professor Dorel, outras iniciativas importantes são geração de energia eólica offshore, que possui grande potencial no estado inclusive para exportação, e projetos híbridos que combinem geração de energia hidrelétrica com solar, de maneira a instalar painéis flutuantes nas áreas do reservatório e contornar os períodos de seca e baixo nível dos reservatórios de água com produção de energia solar.

Desafios na diversificação energética

Para o professor Celio Bermann, do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), um dos pontos fundamentais para a produção de energia limpa é o conceito de geração distribuída, também conhecida como descentralizada. Exemplo dessa aplicação são os painéis solares instalados pelos consumidores, que passam a produzir energia de suas próprias residências. Bermann chama a atenção, no entanto, para as modificações que a resolução 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), de 2012, sofreu no último governo.

"A resolução sofreu um processo de desidratação e vários benefícios que possibilitavam uma atração de investimento para geração de energia descentralizada foram retirados por lobby das empresas de distribuição, porque elas entendem que estão perdendo mercado", diz ele. Um cálculo seu com base nos dados mais recentes, de 2021, do Anuário Estatístico Energético do Estado de São Paulo, aponta que atualmente 2/3 da energia que é consumida no estado de São Paulo é proveniente de combustível fóssil.

De acordo com Bermann, o atual potencial de aumento da produção de energia elétrica no estado por meio de fontes renováveis, por sua vez, corresponde a apenas um quinto da necessidade que o estado tem de consumo de energia elétrica. Dessa maneira, há uma previsão de que a compensação das emissões por crédito de carbono será inevitável, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias que ampliem o potencial de geração de energia limpa, justamente o que o governo Tarcísio está priorizando em sua gestão.

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