Tarcísio de Freitas (Republicanos) fechou os seis primeiros meses no comando do governo paulista em alta com o eleitorado, com índice de aprovação de 65%, além de ter protagonizado alguns embates com a base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Gazeta do Povo ouviu indústria, agronegócio e academia para compor um retrato de avaliação deste início de mandato de Tarcísio.
Apesar de o próprio Tarcísio e de pessoas integrantes do governo paulista responderem que ele trabalha para fazer um bom governo e, assim, concorrer à reeleição em São Paulo, ele também desponta como um dos principais nomes da direita brasileira para concorrer à Presidência da República em 2026. Fato é que, para a primeira ou para a segunda opção, tudo passa pela boa gestão no estado mais populoso e detentor do maior PIB brasileiro.
Promessas de campanha
Durante a campanha eleitoral, as principais promessas de Tarcísio foram:
- Reajustar o salário mínimo paulista acima da inflação
- Reduzir o IPVA para 3%
- Acabar com a Cracolândia
- Programa de privatizações (incluindo a Sabesp e o Porto de Santos)
- Acabar com as câmeras nos uniformes dos policiais
- Zerar o ICMS da carne
- Transferir a sede do governo para o centro da capital
- Construir trem regional entre São Paulo e Campinas
- Concluir as obras em andamento do Metrô e construir a Linha 20-Rosa
Tarcísio ainda tem três anos e meio para completar essas e outras promessas que fez na campanha. Para o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cirvone, o governador está no caminho do que se propôs a fazer na gestão. “Tarcísio nomeou secretários muito preparados. Isso se reflete nos investimentos estrangeiros, que até agora são de 200 bilhões de dólares”, analisou.
Cirvone destacou a atuação de Tarcísio no setor industrial. “Precisamos de um projeto de previsibilidade e segurança jurídica. O governador tem respondido a todos estes quesitos, o que incentiva os empresários a investir com mais segurança. E a indústria tem a capacidade de responder rapidamente a estes desafios”.
Um dos setores mais aliados à direita e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o agronegócio. Apesar das divergências com alguns membros da direita, o governador de SP vem mantendo uma boa relação com os produtores rurais. “Desde o início da gestão, o governador demonstrou preocupação com temas sensíveis, como as invasões de terra. E isso tem sido feito de forma muito positiva pela atual gestão, que tem assegurado a segurança jurídica e segurança da propriedade rural”, disse Tirso Meirelles, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).
Meirelles enfatizou as medidas econômicas do governador para a agricultura do estado. “Avaliamos positivamente a reindustrialização da agroindústria, que absorve a produção dos agricultores e fomenta a indústria de insumos agropecuários. Também vemos com bons olhos as ações do governo em instituir novas concessões em trechos rodoviários, obras de reparos, modernização de aeroportos e manutenção de estradas que ajudam a escoar a produção. Além do programa Seguro Rural, que teve um aporte de R$ 85 milhões do estado”.
Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), também avaliou a atual gestão de SP. “Tarcísio manteve muita coisa dos governos tucanos em andamento, como obras e programas consolidados ao logo de três décadas. Além disso, o governador montou um secretariado técnico e não político, o que é positivo”, afirmou.
“O governo não tem uma marca. O Tarcísio foi eleito pelo antipetismo, especialmente, pelo interior do estado. Não há uma grande área de atuação. Ele tem se esforçado com a pasta da segurança pública: manteve as câmeras nos uniformes, contratou mais policiais e o secretário é um membro da Polícia Militar. Ele também tem defendido a bandeira das privatizações e que o Estado precisa ser menos burocrático e mais moderno. O governo tem insistido, por exemplo, com a Sabesp e o Porto de Santos, até pela experiência dele como ministro”, resumiu Grin.
O cientista político criticou a comunicação do governo Tarcísio. “Olhando todas as promessas que o Tarcísio fez na época da campanha, como aumentar o número da rede Bom Prato, zerar a população de rua, concluir o Rodoanel, aumentar as verbas das Santas Casas. Não sabemos nada desses projetos até agora. Não há uma comunicação do governo com a população, isso é péssimo. Pelo menos avisar se isso tudo está em andamento. Não se sabe nada nesse sentido. O governo não é aberto à discussão com a sociedade”, criticou.
Por outro lado, Grin elogiou a postura do governador com a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e com o Governo Federal. “O Tarcísio conseguiu montar uma boa maioria na Assembleia e mantém uma coalisão para aprovar os projetos de lei. O auge do trabalho do governo até aqui foi a atuação do governador na tragédia de São Sebastião e a capacidade dele de dialogar com o presidente Lula (PT)”.
Comércio também avalia governo Tarcísio
Para Marco Bertaiolli, presidente em exercício da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), o governo lutou pelo setor comercial na reforma tributária. “A avaliação é positiva. As desestatizações planejadas, os leilões de rodovias, a revisão de políticas tributárias e a redução de impostos de setores produtivos, além da concessão de crédito para as micro e pequenas empresas. São iniciativas que demonstraram o compromisso do governo com os empreendedores e com geração de emprego e renda”.
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