Quase um quinto (17%) dos médicos do Estado de São Paulo já sofreu violência no ambiente de trabalho ou conhece algum colega que tenha sido agredido. É o que revela pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (9) no Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
O levantamento, feito a pedido do conselho, ouviu 617 médicos paulistas pelo telefone. A população paulista também foi entrevistada sobre o assunto: um terço (de um total de 807) diz ter passado por situações de estresse por demora no atendimento médico. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Entre os entrevistados, 35% já presenciaram agressões (física ou psicológica). Dezoito entrevistados partiram para a ameaça verbal. A demora no atendimento é o fator principal que leva a situações de agressões para 41% dos entrevistados. Em seguida, vem o comportamento do médico (19%). “O médico nem me olhou. Rasguei a guia e joguei em cima dele”, relata uma entrevistada de 56 anos.
Na opinião de 39% dos médicos ouvidos na pesquisa, porém, é o comportamento do paciente, muitas vezes insatisfeito com o sistema público, que gera a violência contra os profissionais. “Em um plantão no PSI (pronto-socorro infantil), uma senhora que estava com a filha foi chamada três vezes e não respondeu. Então, devolvi a ficha ao setor de registro. A mulher chutou a porta, atingindo minhas costas. Entrou na sala xingando e me ameaçando até de morte”, contou uma pediatra que prefere não se identificar.
O mau atendimento no hospital (como horas de espera) e a falta de estrutura são outras razões que explicariam episódios de violência. O comportamento dos médicos aparece em último lugar, na opinião dos colegas. Quase a totalidade dos médicos (85%) e da população (90%) têm a percepção de que os episódios de agressões são mais comuns na rede pública de saúde (SUS).
Na opinião do presidente do Cremesp, Bráulio Luna Filho, a população vê no médico o “representante do governo” e desconta nele toda a insatisfação com a desorganização e falta de estrutura do SUS. “O médico tem sido injustamente penalizado.”
Na sua opinião, duas medidas são urgentes para conter a violência: o reforço de segurança nos hospitais públicos e melhoria das unidades de saúde para se tornem mais resolutivas. “Não pode o paciente esperar cinco horas para ser atendido, depois não ter estrutura, o aparelho de imagem está quebrado. Se não melhorar isso, fica difícil.”
Enfermagem
Uma outra sondagem, feita pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem) e também divulgada nesta quarta, avaliou a violência entre os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Foram ouvidos 4.293 profissionais de enfermagem por meio de questionários eletrônicos (SurveyMonkey).
Quase 80% deles relataram já ter sofrido algum episódio de violência, 23% mencionam agressões físicas. Pacientes e seus familiares são apontados como os principais agressões.
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