
Três em cada mil paranaenses vão desenvolver algum tipo de câncer em 2010. A estimativa é do Instituto Nacional do Câncer (Inca), divulgada nesta semana, e prevê a ocorrência de 34,4 mil novos casos da doença no estado. No Brasil, serão 489,3 mil, o que representa cerca de dois casos para cada mil habitantes. Do total, 52% dos casos ocorrerão em mulheres e 48% em homens. A taxa é proporcional à distribuição da população entre os dois gêneros. A relação dos tipos de câncer mais comuns no país deve se manter. O de pele não melanoma irá representar 23% do total de casos, ou 113,8 mil de acordo com o estudo. Na sequência, vêm o câncer de próstata, com 52,3 mil, e o de mama feminina, com 49,2 mil.
O Paraná não está acima da média nacional de incidência por acaso. As regiões Sul e Sudeste têm uma maior incidência de câncer, devido à maior expectativa de vida uma vez que a doença se manifesta mais em idosos e do maior acesso aos serviços de saúde, argumenta o estudo do órgão. Devem ocorrer 102,5 mil casos no Sul e 248 mil no Sudeste. A maior taxa bruta (casos por 100 mil habitantes) se encontra na região Sul. É de 445 em homens e 402 em mulheres contra 227 e 266, respectivamente, no Nordeste, por exemplo.
Problemas
Os números preocupam o superintendente do Hospital Erasto Gaertner, Flávio Tomasich, uma vez que os valores pagos pelo SUS aos hospitais pelo tratamento de câncer estaria defasado. "Os valores foram previstos para medicamentos que não são mais usados hoje em dia e, como os reajustes são insuficientes, optamos por suprir o quimioterápico necessário ao paciente e tomar o prejuízo", lamenta. O Erasto Gaertner é referência em oncologia. Segundo o médico, 95% dos pacientes com câncer no hospital são atendidos pelo SUS, cujos repasses amortizam apenas 65% dos gastos com a especialidade.
O diretor-clínico do Hospital Angelina Caron, José Carlos Pereira, atenta para outra situação ocasionada pela defasagem das tabelas do SUS. Ele conta que alguns procedimentos de ponta não são reconhecidos pelo sistema e, por isso, não são realizados. "Não é como a defasagem de um quimioterápico, em que você ainda recebe parte do valor. Essas cirurgias não são feitas porque o SUS não paga nada por elas, é como se elas não existissem no resto do mundo."
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