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Além dos testes, governo amplia o uso de antirretrovirais, dando aos medicamentos novo uso | Tânia Rêgo/Agência Brasil
Além dos testes, governo amplia o uso de antirretrovirais, dando aos medicamentos novo uso| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Bate boca

Dilma e Serra tuítam seus feitos na luta contra a aids

O microblogue Twitter virou campo de batalha eleitoral, neste domingo, entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). Os dois mediram forças para saber quem e que partido fez mais no combate à aids.

"Os governos petistas deram continuidade ao programa, mas perderam o pique", escreveu Serra, após dizer que foi o responsável pela adoção de um programa de prevenção e combate à doença que é "considerado o melhor nos países em desenvolvimento". Serra foi ministro da Saúde no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2006).

Dilma respondeu, também pela internet, lembrando das campanhas do Ministério da Saúde. "Quem descobre o vírus da aids a tempo de se cuidar pode viver com mais qualidade. Vários estudos demonstram que o uso precoce de antirretrovirais reduz em 96% a taxa de transmissão do HIV."

Apontado como criador de um programa de ponta à época, Serra lamentou o rumo dos programas. "Lembro-me que um receio antigo meu era que, com o progresso dos medicamentos, a aids fosse virando uma espécie de diabetes – a pessoa tem, toma remédio e toca a vida", afirmou. Para Serra, alguns grupos, como o de mulheres e jovens homossexuais, exigem mobilização permanente. "O trabalho bem-sucedido do passado não pode ser tocado no piloto automático, sob risco de termos um retrocesso nessa área vital da saúde pública."

O Ministério da Saúde anunciou ontem, Dia Mun­dial de Luta Contra a Aids, que o SUS passará a oferecer medicamentos antirretrovirais a todos os adultos infectados com o HIV, independentemente do estágio da doença e da contagem de células de defesa CD4.

O objetivo da nova estratégia é reduzir a transmissão do HIV, já que a pessoa em tratamento reduz sua carga viral, e melhorar a qualidade de vida dos infectados. Atualmente, além do Brasil, apenas França e EUA oferecem medicamento antirretroviral a todos os pacientes soropositivos.

Ampliação

O protocolo usado pelo SUS previa que o tratamento à base de antirretrovirais fosse fornecido ao paciente com aids com menos de 500 CD4 (células de defesa do organismo) por milímetro cúbico de sangue.

Desde o início de 2013, passaram a receber o tratamento casais sorodiscordantes (em que um dos parceiros tem o vírus e o outro não), pacientes que têm outras doenças (como tuberculose e hepatite B ou C) e pacientes com CD4 menor de 500 que ainda não apresentaram sintomas.

De acordo com o minis­tério, 313 mil pessoas re­ce­bem os antirretrovirais pe­lo SUS. A expectativa do Ministério da Saúde é de que a expansão da oferta do tratamento gratuito be­neficie mais 100 mil pa­cientes. Os medicamen­tos serão colocados à dis­po­sição nos Serviços de Atendimento Especializado e nas Unidades de Pronto Atendimento, as Upas.

O medicamento também está sendo indicado como uma espécie de "pílula do dia seguinte". Em casos de acidente, violência sexual ou relações sem camisinha, doses do remédio são prescritas, para tentar evitar a infecção. O recurso pode ser usado somente até 72 horas após o risco de contágio.

Nova política

O governo vai iniciar um estudo de profilaxia pré-exposição (Prep), que será usada como estratégia para prevenir a transmissão entre homens que fazem sexo com homens, gays, profissionais do sexo, travestis, transexuais e pessoas que usam drogas. A estratégia se constitui no uso diário de antirretrovirais em não infectados, mas que estão em risco elevado de infecção pelo HIV.

A nova política de saúde pública vai ganhar uma espécie de laboratório no Rio Grande do Sul. "Na primeira etapa, serão 100 voluntários, mas o número deve ser expandido até o fim do ano", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa.

A proposta é repetir a experiência em outros estados. A começar pelo Amazonas, on­de os níveis de infecção pe­lo HIV são bastante preo­cupantes.

Os números da aids no país despertam preocupação. Bo­le­tim divulgado no último sábado mostra que em 2012 foram registrados 39.185 casos novos da doença. Em 2004, eram 34.479. O aumento das infecções nesse período foi constatado em todas as regiões, com exceção do Sudeste.

No Norte, os registros passaram de 1.955 para 3.427. No Nor­deste, foram 4.995 casos no­vos em 2004 e 7.971 em 2012. No Centro-Oeste, sal­ta­ram de 2.138 casos para 2.818. No Sul, foram registra­dos 7.274 casos em 2004 e 8.571 em 2012. No Sudeste, os números passaram de 18.117 para 16.398.

A maior incidência é registrada no Sul: 30,9 casos por cada 100 mil habitantes. A menor está no Nordeste, com média de 14,8 casos por cada 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade está estabilizada: foram 6,1 mortes a cada 100 mil habitantes. Em 2005, eram 6 mortes por cada 100 mil.

Teste do HIV, a revanche

Agência Estado

Um teste caseiro para diagnóstico de HIV começará a ser usado no país em 2014. Desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o exame é feito com base em análises de saliva. Diferente da primeira geração do medicamento, que apresentava falha, essa é considerada segura e confiável.

Vinte organizações não governamentais já começaram a ser treinadas para o uso adequado do kit e outras 20 estão em processo de cadastro. Na primeira etapa, o exame será oferecido para populações consideradas mais vulneráveis, como profissionais do sexo, gays, usuários de drogas e travestis.

O teste deverá ser vendido em farmácias a partir de abril do ano que vem, depois de portaria da Anvisa. "Esse é o futuro. O teste é uma ferramenta valiosa para ampliar o diagnóstico da doença", festeja o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

Nos últimos anos, várias campanhas para incentivar a testagem foram realizadas. Exames rápidos também passaram a ser oferecidos em serviços públicos de saúde. Os números obtidos até agora, no entanto, são considerados tímidos.

O governo estima que 150 mil pessoas tenham HIV no Brasil e não saibam. O problema é considerado grave porque reduz as chances de o tratamento começar ainda na fase inicial da contaminação. A terapia precoce é considerada por especialistas instrumento importante para prevenir novas infecções pelo vírus.

Quando o portador do HIV está sob tratamento, a quantidade de vírus circulante em seu organismo cai, reduzindo o risco de infecção do parceiro em relações sexuais desprotegidas.

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