Cuidados
De mãe para filho
Os médicos não se cansam de estimular o aleitamento materno como forma de fazer com que a criança cresça saudável e aumente sua imunidade contra diversas doenças. No caso das alergias não é diferente. De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia da Regional Paraná, Cinara Sorice, mamar no seio da mãe fortalece o sistema imunológico do bebê.
Embora a doença seja um fator genético e hereditário, a pessoa precisa entrar em contato com o fator alergênico para desenvolvê-la. Mas os especialistas alertam para a alimentação da mãe que está amamentando. Se a criança for alérgica e a mãe ingerir grande quantidade de algum alimento que possa desencadear uma crise no bebê, esse alimento é transmitido pelo leite. Por isso, quando os médicos identificam a alergia no bebê, a mãe deve se afastar do alimento. "Ela tem de parar de comer o que é perigoso para a criança e jamais deixar de amamentá-la", diz Cinara.
O chefe do ambulatório de alergia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Nélson Rosário, explica que as cólicas intestinais, muito comuns em recém-nascidos, podem ser um dos sintomas de alergia alimentar. "É sempre bom lembrar nessas horas daqueles conselhos de avós que dizem que as mães devem tomar cuidado com o que comem quando amamentam."
Industrializados
Confira os principais corantes e conservantes causadores de alergias. Se você for alérgico, antes de decidir consumir um produto industrializado veja se ele contém a substância.
- Aditivos: azocorantes, glutamato monossódico, sulfitos e nitritos.
- Corantes: amarelo crepúsculo, azul brilhante, bordeaux ou amaranto, eritrozina, indigotina, ponceau-4R e tartrazina, a maior causadora de reações.
Fonte: Cinara Sorice, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia da Regional Paraná.
Sofrer de um tipo de alergia é ruim, imagine de dois ou mais. Os especialistas explicam que a alergia cruzada que acontece quando um paciente desencadeia um processo alérgico por sofrer de outro é bastante comum. Segundo a médica e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia Regional Paraná, Cinara Sorice, novas reações alérgicas podem aparecer ao longo do tempo. Um indivíduo que tenha alergia de pele ao látex, por exemplo, tem tendência a desenvolver também à frutas como kiwi, banana e abacate, assim como alergia ao pólen tende a provocar reação também à maçã ou pêssego. "No caso de intolerência a frutas, temos problemas em identificar as causas porque muitas vezes as pessoas passam grandes intervalos sem chegar perto delas, então demoramos para descobrir", comenta a médica. A chance de ter alergia cruzada é grande, mas não necessariamente vai acontecer. De acordo com Cinara, para os profissionais de saúde que usam luvas de látex e crianças com malformações congênitas as estimativas são maiores. O pequeno João Víctor Souza Ribeiro, 3 anos, não pode comer frutas desde o terceiro mês de vida. Agora passou a desenvolver alergia de pele também, e está em tratamento médico por sofrer de urticária. A mãe, Onira de Souza, descobriu a doença do filho quando deu abacaxi a ele pela primeira vez. "Ele quase morreu, foi desesperador. Agora ele está com muita coceira nas costas". Ao longo dos anos a medicação controlou a doença, mas ela não deixa de dar um pouco de tudo para o menino. "Assim que ele come, toma antialérgico", diz Onira. Não existe forma de prevenção, nem vacina nem remédio. Segundo o médico e chefe do ambulatório de alergia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Nélson Rosário, um dos raros casos de sucesso na prevenção é quando uma mãe alérgica toma vacina durante a gravidez. Isso pode evitar que a criança nasça com o mesmo problema. Devido à reação cruzada, algumas pessoas podem desenvolver alergias raras, como à água, por exemplo. Segundo os médicos não há como prever a ocorrência da alergia cruzada, porque uma pessoa pode ter intolerância a algo que ninguém teve antes. "Esse tipo também pode acontecer em qualquer momento da vida do indivíduo. Mas são casos raros. A maior dificuldade é que justamente por ser incomum demora mais para serem identificadas", explica o médico e chefe do departamento de alergia da Pontifícia Universidade Católica do Parará (PUCPR), Ronaldo Regis Mobius.
Convivência possível e com qualidade
A grande preocupação dos pacientes alérgicos é com a qualidade de vida. Controlar a doença sem precisar se privar do que gosta de fazer e comer é o maior desafio. O médico e chefe do serviço de alergia da PUCPR, Ronaldo Regis Mobius, diz que as pessoas encaram o tratamento alérgico como se fosse algo muito complicado, que as impedem de levar uma vida normal. "Temos que pensar que embora a alergia seja uma doença crônica, ela está em vantagem em relação às outras porque, com o tratamento correto, é bem controlável e o paciente pode ficar muito tempo sem ter os sintomas. Em vários casos, principalmente na alimentar, é só evitar o que provoca a reação e pronto. A pessoa vive normalmente."
A estudante Renata Lourenço Costa, 11 anos, sofre de rinite alérgica grave, asma e conjuntivite desencadeada pelas outras duas. A doença apareceu quando ela tinha três meses e desde então começou o tratamento. No início era complicado, não podia ficar perto de poeira e animais, sentia dificuldades para respirar e ficava tensa na escola, com medo de ter uma crise de asma e precisar usar a bombinha na frente dos colegas. Hoje, leva uma vida normal. Embora continue com os medicamentos, tem animal em casa e pratica esportes todos os dias. "Eu jogo futebol todas as manhãs e me sinto superbem", conta a menina.
A mãe, Ana Lúcia Lourenço, diz que os primeiros cuidados em casa foi adequar cortinas, tapetes e bichinhos de pelúcia do quarto da filha. Conforme os anos foram passando, a qualidade do dia-a-dia da menina melhorou e a vida da criança entrou nos eixos. "Antes, tudo o que ela fazia a deixava muito cansada, reclamava que não aguentava. Depois de anos de tratamento com remédio e acompanhamento médico ela faz de tudo, brinca e anda de bicicleta. Temos até três cachorrinhos em casa, que ficam no quintal."
Facilidade na hora de crise
Para os pais de filhos com alergia, a hora de deixá-los sozinhos na escola pode causar tensão, pois não se sabe a que momento a criança pode ter uma crise. Boa parte das pesquisas que vêm sendo feitas têm como objetivo reduzir os riscos de vida, principalmente quando os pequenos estão longe dos pais. "Está vindo para o Brasil um tipo de adrenalina portátil, de fácil aplicação. A criança que tem alergia grave carrega ela e, em casos de crise, é só aplicar na perna, por cima da calça mesmo. Claro que depois precisa ser levada ao hospital, mas é algo que salva a vida na hora em que está longe da família", explica a presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia da Regional Paraná , Cinara Sorice.
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