Salmão contém ômega-3, que combate colesterol e triglicerídeos| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Há 2,5 mil anos já se sabia que, além de fornecer nutrientes essenciais à sobrevivência, os alimentos também tinham o poder de curar doenças, mas só na década de 90 as pesquisas sobre os alimentos se intensificaram a ponto de se identificar aqueles considerados "funcionais" ou "nutracêuticos". Esses alimentos ou ingredientes são chamados assim porque, além de suas funções nutricionais básicas, ainda produzem efeitos metabólicos ou fisiológicos benéficos à nossa saúde, explica a professora de Nutrição Humana da Universidade de São Paulo (USP), Jocelem Mastrodi Salgado. "A tendência em todo o mundo é viver mais. Como ninguém quer viver doente, é importante ter uma dieta rica em alimentos funcionais, pois eles ajudam a melhorar o sistema imunológico e a prevenir doenças como o diabete, o câncer e o mal de Alzheimer", exemplifica.

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Jocelem, que também é presidente da Associação Brasileira de Alimentos Funcionais, explica que os alimentos nutracêuticos não podem ser comparados aos remédios, pois não têm poder de cura. "Eles não têm contraindicações quando consumidos em sua forma natural, ao contrário dos remédios; mas também são só capazes de prevenir ou diminuir o risco de algumas doenças", lembra.

Para tirar melhor proveito destes alimentos, é preciso seguir algumas orientações. "Os alimentos funcionais devem ser consumidos todos os dias e, embora eles não façam mal, é importante ter bom senso. O chocolate e o azeite de oliva, por exemplo, são altamente calóricos. E os grãos integrais, ricos em ferro, também podem estimular demais o sistema digestivo", alerta.

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Em alguns casos, é preciso verificar a forma correta de consumir esses produtos. A semente de linhaça, por exemplo, é melhor absorvida pelo organismo quando triturada. O tomate, quando cozido, concentra mais licopeno do que cru. "Recomendo, sempre que possível, comprar os alimentos já processados, pois nem sempre é possível realizar o processo correto em casa", avisa a especialista.

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Monte seu cardápio funcional

Alguns alimentos sempre foram considerados poderosos na prevenção de doenças; outros, tidos como vilões de uma dieta equilibrada, também ajudam a manter a saúde

CONSAGRADOS

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Maçã

A fruta contém tanino, componente antioxidante, antisséptico e vasoconstritor. O tanino também está presente em temperos como o manjericão, a manjerona, a sálvia e em frutas como a uva e o caju, além da soja.

Soja

O grão e os seus derivados contêm isoflavonas, componentes com ação estrogênica – que reduzem os sintomas da TPM e da menopausa. A soja também tem ação anticancerígena e suas proteínas ajudam a reduzir os níveis de colesterol.

Salmão

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Peixes marinhos como salmão, sardinha, atum, anchova e arenque contam com ácidos graxos ômega-3, que reduzem os níveis de colesterol e triglicerídeos, diminuindo assim o risco de doenças cardiovasculares. Também têm ação anti-inflamatória.

Tomate

O molho de tomate contém licopeno, um componente antioxidante que reduz os níveis de colesterol e, por reparar os danos dos radicais livres que alteram o DNA das células, o risco de câncer de próstata. Também fazem parte deste grupo a goiaba, o pimentão, a beterraba e a melancia.

Aveia

Os cereais integrais de maneira geral, entre eles a aveia, o centeio, a cevada e o farelo de trigo têm fibras solúveis e insolúveis, que melhoram o funcionamento intestinal, reduzindo o risco de câncer de cólon. As fibras solúveis ajudam a controlar a glicemia e dão maior saciedade, por isso auxiliam a perda de peso. As leguminosas como soja, lentilha e feijão, os talos de hortaliças e as cascas das frutas também são ricas em fibras.

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Abóbora

Abóbora, cenoura, mamão, manga, espinafre e couve têm betacaroteno, que se converte em vitamina A quando ingerido com gorduras e proteínas, protegendo as células do envelhecimento e diminuindo o risco de câncer.

Cebola

Além da cebola, o alho também conta com sulfetos alílicos, que reduzem o colesterol e a pressão sanguínea, melhoram o sistema imunológico e reduzem o risco de câncer gástrico.

Brócolis

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Além do brócolis, a couve-flor, o repolho, a couve-de-bruxelas, o rabanete e a mostarda possuem indóis e isotiocianatos, indutores de enzimas que protegem contra o câncer de mama.

Iogurte

O iogurte e os leites fermentados fazem parte do grupo dos alimentos probióticos. Contêm bifidobactérias e lactobacilos que favorecem as funções gastrointestinais, reduzem o risco de constipação e, consequentemente, de câncer de cólon.

Laranja

Elas e as demais frutas cítricas, assim como a salsa, a alcachofra e o tomate, possuem flavonoides, componente anticancerígeno, vasodilatador, anti-inflamatório e antioxidante.

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Linhaça

Esta semente contém lignanas, um componente inibidor de tumores hormônio-dependentes. Por equilibrar os hormônios, também diminuem os efeitos da tensão pré-menstrual (TPM). A linhaça dourada é ainda mais potente.

Castanha-do-pará

Além das castanhas, as nozes e as amêndoas têm ácido a-linolênico, que estimula o sistema imunológico e tem ação anti-inflamatória.

REDIMIDOS

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Abacate

Fruta rica em fitonutrientes, que ajudam a reduzir o colesterol, além de ser um poderoso antioxidante. Mas, por possuir uma quantidade razoável de gordura, assim como o azeite de oliva, deve ser consumido com moderação, para não engordar.

Vinho

O vinho tinto contém catequinas, um componente que reduz a incidência de colesterol e certos tipos de câncer, além de estimular o sistema imunológico. Também fazem parte deste grupo o chá verde e as frutas vermelhas (amora, framboesa, mirtilo e cereja). Deve ser consumido em moderação por conter álcool.

Chocolate

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Desde que amargo e consumido em pequenas quantidades por dia, é anti-inflamatório e ajuda a diminuir o risco de câncer. Isso porque possui flavonoides, que, entre outras funções, anulam a dioxina, usada em agrotóxicos.

Café

O café também tem flavonoides e atua na prevenção de doenças, assim como o vinho tinto, o suco de uva, o chocolate e as frutas cítricas, entre outros.

Fonte: Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais.

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