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Serviço Social

Apoio do início ao fim do tratamento

Pacientes e familiares nunca estão sozinhos nos hospitais; os assistentes sociais fazem com que os direitos de acesso à saúde sejam garantidos

A assistente social Solange Coning, do Hospital das Clínicas da UFPR, e equipe: trabalho influencia a rotina do paciente | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
A assistente social Solange Coning, do Hospital das Clínicas da UFPR, e equipe: trabalho influencia a rotina do paciente (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Entre os corredores dos hospitais, os assistentes sociais podem passar, às vezes, despercebidos. Mas eles lutam pelo direito de cada paciente de ser atendido do início ao fim do tratamento. Para isso, atuam em diversos setores tirando dúvidas, conversando com pacientes, familiares e médicos, e orientando sobre os estatutos e leis que garantem o acesso às políticas públicas de saúde. São eles também que buscam soluções, do transporte do paciente ao atendimento em casa. O assistente social serve, muitas vezes, de mediador, conciliador e solucionador de problemas, fazendo com que as engrenagens de grandes instituições, como os hospitais, funcionem.

"Às vezes, as pessoas não sabem exatamente o que fazer após um internamento e nos buscam para orientação. Dúvidas previdenciárias são bem comuns. Se eu ficar 20 dias internado, mas a empresa pagar apenas 15 dias, o que acontece? Como eu peço o auxílio-doença, o benefício de prestação continuada? O assistente social vê todas as implicações do internamento e do tratamento, e como influenciará no trabalho do paciente no futuro, na família, na qualidade de vida", explica a supervisora técnica de Serviço Social do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, Solange Gezielle dos Santos Coning.

Essa facilidade de comunicação faz com que surja uma relação próxima entre o assistente social e o paciente ou os familiares, tornando-o referência também aos médicos e enfermeiros dos hospitais. "Os médicos me veem como conciliadora, e sou chamada para intermediar qualquer situação, mesmo as mais inusitadas", afirma a assistente social do Hospital Pilar, Gisele Cruzzolini. Um exemplo atípico Gisele vivenciou há pouco tempo, quando um paciente estava com a esposa doente, que veio a falecer, enquanto ele ainda estava internado. "A família, a princípio, não queria contar ao pai que a mãe havia falecido. Eu tentei fazer com que eles se colocassem no lugar do outro, se o paciente iria gostar de chegar em casa para a missa de sétimo dia da esposa, e eles decidiram contar. São situações tristes e que exigem um controle emocional muito grande", relata.

Estigma do óbito

Toda vez que a assistente social do Hospital Pilar, Gisele Cruzzolini, fazia uma abordagem à família, sem a enfermagem, os familiares achavam que o paciente havia falecido, associando o Serviço Social ao óbito. "Percebi nos meus anos de profissão que a família está mais aberta ao assistente social quando há, primeiro, uma abordagem das enfermeiras", relata.

Não é uma doação

Apesar das diferenças, há quem ainda confunda o Serviço Social com assistencialismo. De acordo com informações do Conselho Federal da categoria, este profissional garante que o paciente tenha acesso àquilo que lhe é de direito, como as políticas públicas de saúde, ao contrário do assistencialismo, que é uma forma de "oferta de um serviço por meio de uma doação, favor, boa vontade ou interesse de alguém e não como um direito".

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Assistente social abre possibilidades ao paciente

Nas maternidades e setores de atendimento pediátrico dos hospitais, o assistente social costuma trabalhar mais. Orientações de previdência social, auxílios, licenças e encaminhamento do atestado médico são situações comuns. "Tem casos de mães que não conseguem acompanhar o internamento do filho porque têm outros filhos em casa ou trabalham. Ela procura o Serviço Social e a gente faz um atendimento para conhecê-la, saber onde ela trabalha, se é registrada, se tem alguém na família que pode ajudar. Não que a gente vá atender a criança enquanto o pai ou a mãe não estão presentes, mas vamos explicar e tentar achar uma solução juntos", explica Solage Coning, supervisora técnica de Serviço Social do Hospital de Clínicas.

Da mesma forma, com os adultos e idosos, os assistentes sociais procuram dar soluções quando o estresse ou o nervosismo do diagnóstico impedem um pensamento mais racional. "O paciente tem de saber que você vai dar o retorno, que vai estar ali para dar apoio emocional e respostas para a família", diz a assistente social do Hospital Pilar, Gisele Cruzzolini.

Conhecimento jurídico

Na ponta da língua de cada assistente social estão os estatutos e leis que garantem o acesso à saúde a todos os pacientes. "O assistente acaba fazendo também uma orientação jurídica, principalmente sobre a necessidade de algum documento, como uma procuração. Ele explica quais os documentos são necessários, quais caminhos deve tomar, os lugares para procurar, além da análise prévia se aquele documento é realmente necessário. Além de conhecer o estatuto do idoso e da criança, o assistente precisa ficar atento para ver se eles estão sendo cumpridos. É uma forma de constatar situações de maus tratos e abandono", diz Gisele.

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