Acerte
Protetor por idade
Bebês de até seis meses: nada de protetores, o mais indicado é evitar totalmente a exposição ao sol.
Crianças a partir de seis meses: devem usar protetores solares específicos para crianças, de preferência com alto fator de proteção, já que costumam brincar ao ar livre. Além disso, é recomendado o uso de bonés e reaplicação constante.
Adolescentes: o mais indicado são protetores em gel ou gel-creme, com textura não oleosa, que não contribuam com os problemas de acne e espinhas comuns da idade.
Idosos: como os efeitos do sol são cumulativos na pele, a atenção dos idosos deve ser redobrada com relação ao assunto. O mais indicado são filtros solares em creme ou loção e que também auxiliem na hidratação da pele.
Informações
Carlos Bastos, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Paraná
Teste
Saiba qual o seu risco
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) criou a Calculadora de Risco para Câncer de Pele. No site http://goo.gl/ClEu é possível fazer um teste, respondendo a algumas perguntas, e descobrir qual a probabilidade de ser diagnosticado com câncer de pele. Fatores como: casos da doença na família, pele e cabelos claros, tendência a sardas, facilidade para se queimar ou já ter tomado muito sol sem proteção são alguns que que aumentam as chances do aparecimento do câncer.
A SBD também calcula, diariamente, qual a incidência de radiação solar sobre todo o Brasil. Em uma escala de 0 a 10, a incidência em Curitiba, no dia 28 de outubro, foi 6. Os dados podem ser conferidos diariamente no http://goo.gl/eiSx.
O taxista Raimundo Marinho, de 53 anos, trabalha nas ruas, com a pele exposta ao sol, há 21 anos. Mesmo com a preocupação constante com a proteção ele usa filtro solar fator 40 ou 50 acabou com um braço diferente do outro. No esquerdo, há mais manchas e a pele está mais envelhecida, enquanto o direito conserva a aparência mais uniforme. "E eu garanto que os dois nasceram no mesmo dia", brinca.
Marinho traz na pele as consequências da exposição ao sol que, da mesma forma que nasce para todos, também pode prejudicar sem distinção. O maior risco é o câncer de pele, que na Região Sul é mais incidente do que no resto do Brasil.
No Paraná, a Estimativa 2010 de Incidência de Câncer no Brasil, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), alerta que surgirão cerca de 3.990 casos de câncer de pele entre homens e 5.210 entre as mulheres, a cada 100 mil habitantes. Deste total, 610 casos (290 entre os homens e 320 entre as mulheres) devem ser de melanoma, o tipo de câncer que tem menor incidência, porém maior taxa de mortalidade.
Só em Curitiba, devem surgir 1.430 novos casos de melanoma e não melanoma em cada 100 mil habitantes esse ano, entre homens e mulheres. O número significa algo em torno de 26.473 diagnósticos de câncer de pele, utilizando-se como base a população total da capital.
Para diminuir estes números, a medida preventiva mais efetiva, de acordo com o próprio Inca, é simples: aplicação de protetor solar.
O comerciante aposentado Darci Taborda, de 76 anos, sentiu na pele o peso da falta de proteção. Em 2009, foi diagnosticado com início de câncer de pele não melanoma e teve de incorporar o hábito do protetor solar, que hoje aplica diariamente. "Por orientação do médico, agora uso filtro fator 60 todos os dias e reaplico quando o sol está forte, coisa que antes não fazia", conta. Sua esposa, a também aposentada Lucinda Taborda, de 71 anos, conta que por causa da pele muito branca teve que fazer tratamentos contra manchas causadas pelo sol e incorporou o hábito do uso de filtro.
Descaso
O dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Paraná, Carlos Bastos, diz que hoje a informação a respeito da necessidade de passar o produto é consenso na sociedade. O que falta é o hábito do brasileiro, algo que precisa mudar.
A dona de casa Mariana Pires, de 25 anos, por exemplo, diz que, por conta da pele negra não costuma fazer uso do protetor. Já seu filho, Lázaro, de um ano e dois meses, está sempre protegido. "Passo protetores específicos para bebês desde que ele tem sete meses e estou sempre atenta quando ele brinca no sol, por exemplo, mas quando o assunto é comigo, esqueço", diz.
Como escolher
Alguns indicadores, como idade e cor da pele devem ser levados em conta na hora de escolher um filtro solar que tenha textura e fator de proteção solar (FPS) adequados. A numeração deve ser proporcional aos riscos que cada pessoa corre quem tem a pele muito branca e sujeita à manchas ou quem tem histórico de câncer de pele devem usar um filtro com maior fator de proteção, enquanto quem tem a pele mais morena ou negra pode usar um mais fraco.
"Como os protetores ficam mais caros à medida que o fator de proteção aumenta, é bom consultar um dermatologista para saber qual é a numeração necessária e não desperdiçar dinheiro", diz o dermatologista e médico do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Eugênio Pimentel.
Além disso, é preciso estar atento aos rótulos é bom sempre procurar um filtro solar que ofereça proteção contra raios UVA e UVB, os dois tipos de radiação que incidem sobre a pele. "Os UVB são, de forma geral, os responsáveis pelas queimaduras e os UVA penetram mais fundo na pele e causam envelhecimento precoce", explica a dermatologista Adriana Reichert Faria.
O fator que vem estampado nas embalagens se refere à proteção contra raios UVB, mas normalmente a existência de filtro também contra os UVA vem descrita no rótulo. "Os protetores com FPS 15 filtram cerca de 92,5% da radiação, enquanto os com FPS 20 filtram 95% e os com FPS 40 filtram 97,5%", complementa Adriana.
A quantidade de protetor solar aplicado sobre a pele é outro item importante. A proporção correta da aplicação é 2mg/cm2 a mesma usada nos testes dos produtos. De acordo com Adriana,vários estudos mostram que, em geral, as pessoas aplicam uma quantidade inferior à necessária, o que equivale a passar um produto com menor fator. "Como esse cálculo às vezes pode ser difícil de fazer na hora da aplicação, um bom conselho é sentir a pele grudenta por alguns minutos até que o produto seja absorvido", explica Eugênio Pimentel.
Reaplicação
Na praia, Bastos diz que a reaplicação deve ser feita a cada duas horas. Na cidade, esse tempo é maior. A recomendação é reaplicar em casos de saída para o almoço ou durante a tarde, por exemplo. A não ser que a pessoa trabalhe exposta ao sol, ao ar livre, como é o caso do taxista Marinho as manchas no braço dele podem ter sido causadas por diversos fatores, como acúmulo de sol na pele durante muitos anos e reaplicação menos freqüente do que a necessária.
Para esses casos, a dermatologista Adriana Reichert, explica que existem também outras soluções, como uso de luvas específicas (capazes de barrar a radiação solar) que conferem alto fator de proteção e podem ser encontradas em farmácias.
Falta de sol
No outro extremo da questão, a falta de sol também pode ser prejudicial e não apenas para a pele. A nutricionista Stefania Valente da Silva explica que o sol é responsável pela absorção de cálcio no organismo ativando a vitamina D. "O cálcio pode ser conseguido pela alimentação, pela ingestão de leite e derivados, mas isso de nada adianta se não houver também essa vitamina", diz.
O velho conselho de que comer cenoura ajuda a manter o bronzeado é realmente verdadeiro. Os alimentos mais alaranjados, como o mamão e pitanga, são ricos em carotenóides, que ajudam a proteger a pele dos efeitos nocivos do sol e previnem o envelhecimento precoce. "Mas isso não substitui o principal cuidado, que é o uso do filtro solar e a proteção nos horários de pico", alerta Stefania.
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