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Mariana Pires passa filtro solar em Lázaro desde seus sete meses, mas não costuma passar em si mesma | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Mariana Pires passa filtro solar em Lázaro desde seus sete meses, mas não costuma passar em si mesma| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Acerte

Protetor por idade

Bebês de até seis meses: nada de protetores, o mais indicado é evitar totalmente a exposição ao sol.

Crianças a partir de seis meses: devem usar protetores solares específicos para crianças, de preferência com alto fator de proteção, já que costumam brincar ao ar livre. Além disso, é recomendado o uso de bonés e reaplicação constante.

Adolescentes: o mais indicado são protetores em gel ou gel-creme, com textura não oleosa, que não contribuam com os problemas de acne e espinhas comuns da idade.

Idosos: como os efeitos do sol são cumulativos na pele, a atenção dos idosos deve ser redobrada com relação ao assunto. O mais indicado são filtros solares em creme ou loção e que também auxiliem na hidratação da pele.

Informações

Carlos Bastos, dermatologista e presidente da So­­­ci­­­­­edade Brasileira de Dermatologia Regional Paraná

Teste

Saiba qual o seu risco

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) criou a Calculadora de Risco para Câncer de Pele. No site http://goo.gl/ClEu é possível fazer um teste, respondendo a algumas perguntas, e descobrir qual a probabilidade de ser diagnosticado com câncer de pele. Fatores como: casos da doença na família, pele e cabelos claros, tendência a sardas, facilidade para se queimar ou já ter tomado muito sol sem proteção são alguns que que aumentam as chances do aparecimento do câncer.

A SBD também calcula, diariamente, qual a incidência de radiação solar sobre todo o Brasil. Em uma escala de 0 a 10, a incidência em Curitiba, no dia 28 de outubro, foi 6. Os dados podem ser conferidos diariamente no http://goo.gl/eiSx.

  • Raimundo Marinho: Mesmo com aplicação de protetor solar, há diferença entre a pigmentação dos dois braços

O taxista Raimundo Marinho, de 53 anos, trabalha nas ruas, com a pele exposta ao sol, há 21 anos. Mesmo com a preocupação constante com a proteção – ele usa filtro solar fator 40 ou 50 – acabou com um braço diferente do outro. No esquerdo, há mais manchas e a pele está mais envelhecida, enquanto o direito conserva a aparência mais uniforme. "E eu garanto que os dois nasceram no mesmo dia", brinca.

Marinho traz na pele as conse­­­quências da exposição ao sol que, da mesma forma que nasce para todos, também pode prejudicar sem distinção. O maior risco é o câncer de pele, que na Região Sul é mais incidente do que no resto do Brasil.

No Paraná, a Estimativa 2010 de Incidência de Câncer no Brasil, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), alerta que surgirão cerca de 3.990 casos de câncer de pele entre homens e 5.210 entre as mulheres, a cada 100 mil habitantes. Deste total, 610 casos (290 entre os homens e 320 entre as mulheres) devem ser de melanoma, o tipo de câncer que tem menor incidência, porém maior taxa de mortalidade.

Só em Curitiba, devem surgir 1.430 novos casos de melanoma e não melanoma em cada 100 mil habitantes esse ano, entre homens e mulheres. O número significa algo em torno de 26.473 diagnósticos de câncer de pele, utilizando-se como base a população total da capital.

Para diminuir estes números, a medida preventiva mais efetiva, de acordo com o próprio Inca, é simples: aplicação de protetor solar.

O comerciante aposentado Darci Taborda, de 76 anos, sentiu na pele o peso da falta de proteção. Em 2009, foi diagnosticado com início de câncer de pele não melanoma e teve de incorporar o hábito do protetor solar, que hoje aplica diariamente. "Por orientação do médico, agora uso filtro fator 60 todos os dias e reaplico quando o sol está forte, coisa que antes não fazia", conta. Sua esposa, a também aposentada Lucinda Taborda, de 71 anos, conta que por causa da pele muito branca teve que fazer tratamentos contra manchas causadas pelo sol e incorporou o hábito do uso de filtro.

Descaso

O dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Paraná, Carlos Bastos, diz que hoje a informação a respeito da necessidade de passar o produto é consenso na sociedade. O que falta é o hábito do brasileiro, algo que precisa mudar.

A dona de casa Mariana Pires, de 25 anos, por exemplo, diz que, por conta da pele negra não costuma fazer uso do protetor. Já seu filho, Lázaro, de um ano e dois meses, está sempre protegido. "Passo protetores específicos para bebês desde que ele tem sete meses e estou sempre atenta quando ele brinca no sol, por exemplo, mas quando o assunto é comigo, esqueço", diz.

Como escolher

Alguns indicadores, como idade e cor da pele devem ser levados em conta na hora de escolher um filtro solar que tenha textura e fator de proteção solar (FPS) adequados. A numeração deve ser proporcional aos riscos que cada pessoa corre – quem tem a pele muito branca e sujeita à manchas ou quem tem histórico de câncer de pele devem usar um filtro com maior fator de proteção, enquanto quem tem a pele mais morena ou negra pode usar um mais fraco.

"Como os protetores ficam mais caros à medida que o fator de proteção aumenta, é bom consultar um dermatologista para saber qual é a numeração necessária e não desperdiçar dinheiro", diz o dermatologista e médico do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Eugênio Pimentel.

Além disso, é preciso estar atento aos rótulos – é bom sempre procurar um filtro solar que ofereça proteção contra raios UVA e UVB, os dois tipos de radiação que incidem sobre a pele. "Os UVB são, de forma geral, os responsáveis pelas queimaduras e os UVA penetram mais fundo na pele e causam envelhecimento precoce", explica a dermatologista Adriana Reichert Faria.

O fator que vem estampado nas embalagens se refere à proteção contra raios UVB, mas normalmente a existência de filtro também contra os UVA vem descrita no rótulo. "Os protetores com FPS 15 filtram cerca de 92,5% da radiação, enquanto os com FPS 20 filtram 95% e os com FPS 40 filtram 97,5%", complementa Adriana.

A quantidade de protetor solar aplicado sobre a pele é outro item importante. A proporção correta da aplicação é 2mg/cm2 – a mesma usada nos testes dos produtos. De acordo com Adriana,vários estudos mostram que, em geral, as pessoas aplicam uma quantidade inferior à necessária, o que equivale a passar um produto com menor fator. "Como esse cálculo às vezes pode ser difícil de fazer na hora da aplicação, um bom conselho é sentir a pele grudenta por alguns minutos até que o produto seja absorvido", explica Eugênio Pimentel.

Reaplicação

Na praia, Bastos diz que a reaplicação deve ser feita a cada duas horas. Na cidade, esse tempo é maior. A recomendação é reaplicar em casos de saída para o almoço ou durante a tarde, por exemplo. A não ser que a pessoa trabalhe exposta ao sol, ao ar livre, como é o caso do taxista Marinho – as manchas no braço dele podem ter sido causadas por diversos fatores, como acúmulo de sol na pele durante muitos anos e reaplicação menos freqüente do que a necessária.

Para esses casos, a dermatologista Adriana Reichert, explica que existem também outras soluções, como uso de luvas específicas (capazes de barrar a radiação solar) que conferem alto fator de proteção e podem ser encontradas em farmácias.

Falta de sol

No outro extremo da questão, a falta de sol também pode ser prejudicial – e não apenas para a pele. A nutricionista Stefania Valente da Silva explica que o sol é responsável pela absorção de cálcio no organismo ativando a vitamina D. "O cálcio pode ser conseguido pela alimentação, pela ingestão de leite e derivados, mas isso de nada adianta se não houver também essa vitamina", diz.

O velho conselho de que comer cenoura ajuda a manter o bronzeado é realmente verdadeiro. Os alimentos mais alaranjados, como o mamão e pitanga, são ricos em carotenóides, que ajudam a proteger a pele dos efeitos nocivos do sol e previnem o envelhecimento precoce. "Mas isso não substitui o principal cuidado, que é o uso do filtro solar e a proteção nos horários de pico", alerta Stefania.

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