O que para os homens era apenas uma questão de melhora de qualidade de vida, agora pode se tornar uma necessidade para a saúde. Novos estudos apontam que a reposição hormonal pode ser a saída para evitar ou pelo menos diminuir a chance de problemas como diabete, estresse e aumento do peso corporal em alguns homens. De acordo com teses recentemente divulgadas, a diminuição da produção de hormônios sexuais tem relação direta com essas complicações, que podem inclusive desencadear doenças cardiovasculares.
Geriatra e cardiologista do Instituto Lyon, de Curitiba, o médico Antônio Augusto de Arruda Silveira Junior diz que as descobertas apontam um novo caminho para as terapias que repõem hormônios. "Até o fim do ano passado não se falava em reposição hormonal como uma necessidade, porém os avanços nos estudos mostram que a baixa na testosterona tem ligação com o aumento do estresse e outros problemas", diz.
De acordo com estes estudos um deles coordenado por uma brasileira, a endocrinologista Ruth Clapauch, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, quando observados baixos níveis de testosterona, que é o principal hormônio sexual masculino, percebe-se também que o paciente tende a elevar os níveis de cortisol (um dos hormônios do estresse) no organismo. Da mesma forma, homens com baixa testosterona apresentavam com mais frequência aumento na circunferência abdominal e resistência à produção de insulina (que inibe a diabete).
A essa ligação, os médicos atribuíram o nome de síndrome metabólica. Embora ainda em fase de análise, essas novas questões podem, de acordo com o médico Silveira Junior, revolucionar a terapia de reposição hormonal, que hoje é utilizada quase em sua totalidade para a melhora da qualidade de vida do paciente.
Nos homens, a interrupção hormonal não é um caminho natural, como ocorre nas mulheres. Eles não deixam de produzir testosterona com a idade. O que acontece é a diminuição gradativa desta produção, mas sem cessar. Porém, nem todo homem tem esse problema, segundo Silveira Júnior. "Existem fatores que desencadeiam a baixa na produção", diz. "Entre eles estão o estresse, a obesidade, falta de atividades físicas, tabagismo, alcoolismo e problemas psicológicos."
Segundo o profissional, geralmente essas questões começam a influenciar a produção da testosterona a partir dos 40 anos de idade. "Mas existem homens com 38 anos, por exemplo, que podem ter um nível de hormônios bem abaixo do necessário. Se ele esteve exposto a fatores de risco, pode desenvolver isso mais cedo. Também existem pessoas com 75 anos com nível normal, que nem chegam a ter uma baixa na testosterona."
Sintomas
A testosterona tem ação quase semelhante à progesterona nas mulheres. Além de ser um hormônio sexual, desperta condições psicológicas, como bem-estar e disposição. Sua falta leva a problemas de ordem física, como perda de massa corporal e enfraquecimento dos ossos, e a transtornos depressivos. Neste último quesito, um dado surpreendente: "Os transtornos pela falta de hormônios nos homens podem ser até mais acentuados do que nas mulheres", afirma Silveira Júnior.
E como consequência aparecem ansiedade, perda de energia, falta de vigor físico e interesse sexual, problemas de ereção e irritabilidade. "Tudo isso se processa em uma região do cérebro chamada de sistema límbico. Quando a testosterona não chega a essa região é que começam a acontecer esses distúrbios", diz.



