SBD refuta estudo da Pro Teste
A avaliação da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste) divulgada na última terça-feira, que reprovou 8 dos 10 protetores com FPS 30 mais usados no país, foi refutada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A entidade diz que desconhece os métodos e os critérios para avaliação da qualidade dos filtros usados pela Pro Teste, e por isso não valida os resultados.
Segundo o médico Carlos Augusto Silva Barros, presidente da SBD Regional Paraná, a entidade precisa estudar os resultados da análise antes de se posicionar. "Continuamos recomendando o uso do filtro solar a todos, por ser uma das mais importantes armas contra o câncer de pele."
A Pro Teste rebateu as críticas da SBD. Segundo a entidade, o seu papel é de propor ajustes que aumentem a segurança e a qualidade dos produtos e serviços usados pelos brasileiros.
Jennifer Koppe
A população de baixa renda é a maior vítima do câncer de pele no Paraná, segundo pesquisa desenvolvida por oncologistas do Serviço de Pele e Melanoma do Hospital Erasto Gaertner. O câncer de pele é o tumor com maior incidência no Brasil, correspondendo a 25% de todos os tumores malignos.
Os trabalhadores rurais são os mais afetados pela doença, caso de Isolda Moreira Ribas, 68 anos, que trabalha na lavoura desde criança e que, desde o ano passado, já teve de retirar cirurgicamente dois tumores da face. "Antes de descobrir a doença, nunca tinha usado protetor solar. Na época, ninguém sabia que o sol podia fazer mal", conta.
Segundo o estudo, dos 185 pacientes de câncer de pele atendidos pelo Erasto Gaertner e entrevistados entre dezembro de 2007 e março de 2008, 72% trabalhavam na lavoura e apenas 6,5% usavam bloqueador solar. A falta de informação sobre a doença e como se proteger dela é a principal responsável por sua incidência. Entre os pacientes entrevistados, 83,8% eram analfabetos ou tinham ensino fundamental incompleto.
Pessoas de ascendência europeia e pele clara comuns na Região Sul do país também são mais vulneráveis à doença. Dos 115 mil novos casos registrados em 2008 pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 8 mil são do Paraná. Descendente de poloneses, a manicure Doroti Pietrowski, 46 anos, também nunca se preocupou em se proteger do sol durante a adolescência. Para se prevenir, Doroti, que retirou dois tumores no ombro esquerdo e está tratando outros três no rosto e no colo, aplica filtro solar fator 50, duas vezes ao dia. "Preciso me proteger até mesmo das lâmpadas frias de ambientes internos. Todo cuidado é pouco."
Classificação
Para o coordenador da pesquisa, o oncologista e especialista em pele Marcos Montenegro, a única maneira de proteger toda a população dos riscos da exposição ao sol é alterar a classificação do protetor solar de produto cosmético para medicamento. "É preciso garantir que a população mais vulnerável à doença tenha acesso ao produto. Os preços dos filtros solares hoje estão além da realidade nacional", explica o médico. Segundo Montenegro, os preços elevados se devem aos impostos. "O protetor solar é vendido hoje como produto supérfluo e, por isso, os impostos são mais altos", completa.
O dermatologista Carlos Augusto Silva Barros, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Regional Paraná, também apoia a mudança de classificação dos filtros. "Acredito que seja a única maneira de barateá-los. A fiscalização desses produtos também seria intensificada", diz.
A Regional São Paulo da SBD, por outro lado, se pronunciou contra a mudança de categoria quando o projeto de lei do deputado estadual Luciano Batista (PSB-SP), que visava alterar as alíquotas do imposto para diminuir o custo do protetor solar, foi aprovado pela Assembleia Legislativa do estado, em outubro.
Segundo a médica Flávia Addor, diretora de comunicação da entidade, os fabricantes passariam a contar com um campo menor de distribuição dos produtos, já que eles não poderiam mais ser vendidos em supermercados, apenas em farmácias. A entidade aponta ainda que o produto deixaria de existir em um primeiro momento, já que a maioria das fabricantes são empresas cosméticas e explica que o custo para aprovação de registro de medicamento novo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que varia de R$ 4 mil a R$ 80 mil seria repassado ao consumidor.
O projeto de lei foi aprovado por unanimidade pelos deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo, mas recebeu o veto do governador José Serra, no dia 19 de outubro.
Tratamento gratuito
O Hospital de Clínicas, o Hospital Evangélico e a Santa Casa de Curitiba oferecem hoje, das 8 às 16 horas, atendimento gratuito à população que apresenta lesão na pele ou que esteja com suspeita de câncer de pele, como parte da 11.ª edição da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Em 2008, mais de 2,9 mil pessoas foram atendidas no Paraná. Destes, 12% foram diagnosticadas com câncer de pele.
Serviço:
Hospital de Clínicas, Rua General Carneiro, 181, anexo B, 1.º andar.
Centro Médico do Hospital Evangélico, Av. Sete de Setembro, 4.713.
Centro Médico da Santa Casa de Curitiba, Visconde de Guarapuava, 3.200.
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