Tire suas dúvidas
Saiba mais sobre o processo de retirada de células-tronco dos dentes:
Qual tipo de dente é fonte de células-tronco?
É o dente de leite ou decíduo, que faz parte da primeira dentição do ser humano, cuja formação vai desde a gestação até os primeiros dois anos do bebê e que começam a ser substituídos pelos dentes permanentes por volta dos cinco anos.
De onde saem as células-tronco?
Da polpa do dente de leite, que se situa na parte interna do dente de "conteúdo" vermelho, formado por vasos e nervos que irrigam os dentes e os impedem de "morrer".
Como é feita a retirada do dente?
Para que se possam aproveitar as células do dente de leite, a retirada deve ser feita por um dentista. Caso o dente caia antes da consulta, o recomendável é que ele seja conservado em leite ou água em um pote esterilizado dentro da geladeira e levado para o dentista em até 48 horas. A fase de "recrutamento" dos dentinhos, no entanto, ainda não está ocorrendo.
Que estruturas podem ser formadas?
A princípio, essas células, do tipo adultas multipotentes, chamadas de mesenquimais (e que existem em grande quantidade, além de no dente de leite, no cordão umbilical, na medula óssea e no tecido adiposo), podem formar quaisquer outras células e tecidos.
No caso da regeneração óssea, como funciona?
Uma das linhas de pesquisa que avançam é o da regeneração óssea. Essas células podem criar novos ossos. Com isso, podem substituir ossos perdidos. Na área odontológica, podem substituir a necessidade de implantes dentários, que são mais demorados, caros e dolorosos.
Fonte: Instituto Butantã e Júlio Cezar Sá Ferreira.
Otimismo
Teste em humanos já tem primeiro candidato
Toda novidade envolvendo pesquisas com células-tronco do dente de leite e regeneração óssea é acompanhada pelo produtor de vídeo Hieronymus Parth, 62 anos. Ele poderá ser um dos beneficiados caso os estudos apresentem bons resultados em humanos.
Aos 18 anos, Parth, que é alemão, foi atropelado. Acordou no hospital, após ter perdido os dentes da frente da parte superior da boca. O dentista fez uma ponte, que durou 40 anos. Após esse tempo, no entanto, os dentes começaram a ficar moles e afetar a mastigação.
Pela falta de estímulo, o osso de cima da boca passou a se desgastar, e a mandíbula até "diminuiu", o que o fez colocar um implante raízes de titânio parafusadas no osso sobre o qual antes ficava o dente. Embora esteja feliz com o resultado, a dor e o desgaste natural do implante, além da possibilidade de ver o próprio corpo "corrigir" seu problema por meio das células-tronco, fazem com que Parth se anime com a pesquisa. "Não vou apenas me beneficiar, mas testemunhar uma revolução na Odontologia e na Medicina. Tenho esperança de que vai dar certo e que em breve irão autorizar os testes. Pretendo me candidatar. Estou pronto desde ontem", brinca o alemão.
Em breve, pode ser que os dentinhos de leite das crianças hoje jogados em cima do telhado, guardados em caixinhas ou simplesmente descartados venham a se transformar em tratamento para uma série de doenças de problemas na articulação e nos ossos até doenças neurodegenerativas e cardíacas. Cientistas do Instituto Butantã, em São Paulo, descobriram que a polpa do dente de leite é rica em células-tronco adultas, células indiferenciadas que têm a capacidade de se transformar em qualquer outra célula ou tecido do corpo e assim regenerar estruturas que apresentem "defeitos".
São várias as linhas de pesquisas, relacionadas a diversas doenças, e uma das frentes que se destaca é a da regeneração óssea, que já realizou testes em animais e deve entrar em breve na fase de testes com seres humanos. Atualmente, um grupo de pesquisadores estuda a capacidade dessas células-tronco adultas, quando associadas a biomateriais (materiais de origem natural ou sintética introduzidos no corpo para tratar um defeito ou substituir uma estrutura), de corrigir defeitos maxilares, que hoje só podem se tratados com implantes, geralmente caros e dolorosos.
De acordo com o implantodentista curitibano Julio Cezar Sá Ferreira, que coordena o estudo, as células-tronco, quando implantadas numa espécie de "buraco" onde existe o defeito maxilar, têm a capacidade de fazer o osso crescer rapidamente, após cerca de três meses. "É algo fantástico, que vai ajudar muito os pacientes. Hoje, para fazer um enxerto no buraco onde falta o osso, é preciso retirar outro osso de alguma parte do corpo da pessoa. É preciso fazer uma cirurgia [para a retirada], há riscos, e o tratamento [implante] é doloroso, leva tempo, é caríssimo", explica.
Biomateriais
Os cientistas iniciaram os testes com coelhos, carneiros e camundongos que não possuíam parte da calota craniana. Foi utilizado um biomaterial, feito à base de esponja de colágeno (uma proteína) e osso bovino, e o crescimento das células, do tipo mesenquimais (com maior potencial de diferenciação), foi ativado a partir de proteínas moduladoras de crescimento presentes nas plaquetas (fragmento do sangue). Quando o "buraco" foi preenchido com o biomaterial, iniciou-se a diferenciação das células-tronco em células osteoblásticas, responsáveis pela formação dos ossos.
A pesquisa, iniciada no ano passado, deve em breve partir para testes com humanos, assim que o procedimento for analisado e liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo Ferreira, os estudos devem ser conduzidos pelo Instituto Butantã, que possui estrutura para armazenar os dentinhos que em breve deverão ser "recrutados" pelos pesquisadores com pais e dentistas. Os pesquisadores estão otimistas, já que os ossos formados não apresentaram sinais de rejeição em animais, como costuma ocorrer com outras estruturas implantadas.
Dentes para doação
O que você faz com os dentes de leite de seu filho? Estaria disposto a doá-los para pesquisa?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
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