Os cães, com seu olfato apuradíssimo, há muito têm sido utilizados para propósitos como detectar drogas ilícitas e ajudar com investigações criminais. Um número crescente de projetos de pesquisa está tentando usar esses “biossensores”, capazes de identificar a presença e quantidade de vários compostos químicos, empregando as capacidades especiais que os organismos vivos possuem.
Há esperanças de que essa pesquisa levará ao desenvolvimento de tecnologias que, entre outras, podem ser usadas para detectar o câncer em estado inicial ou substituir cães farejadores de drogas.
Enzimas dos fungos
Acredita-se que o primeiro biossensor a ser apresentado ao público tenha sido um aparelho usado para medir os níveis de glicose no sangue de pacientes diabéticos. Desenvolvido na década de 1960, ele utiliza uma enzina conhecida como glicose oxidase, encontrada num tipo de fungo.
“Não muito tempo atrás, esses aparelhos tinham mais ou menos o tamanho de uma lancheira, mas agora cabem no bolso. Eles funcionam até com quantidades tão pequenas quanto 0,8 microlitros de sangue”, diz Takayuki Sugiyama, encarregado do desenvolvimento desses aparelhos na Terumo Corp., em Tóquio. Um microlitro é um milionésimo de um litro.
Tipicamente, os pacientes diabéticos precisam medir seus níveis de glicose no sangue várias vezes ao dia. Se os pacientes puderem acompanhar as alterações, fica mais fácil e mais seguro atentarem para sua saúde.
O professor Koji Mitsubayashi, da Universidade de Medicina e Odontologia de Tóquio, está no momento desenvolvendo uma tecnologia que continuamente mede a glicose encontrada na saliva e lágrimas, incorporando enzimas e eletrodos em lentes de contato e bocais.
Essa tecnologia poderia eliminar a necessidade de tirar sangue todas as vezes que alguém for fazer uma medição. Mitsubayashi diz que o objetivo é criar uma aplicação prática dentro dos próximos cinco anos.
Detecção de câncer
Há também pesquisas que tentam utilizar os próprios organismos vivos como métodos de detecção de câncer em estágio inicial.
No ano passado, o professor-assistente Takaaki Hirotsu da Universidade Kyushi descobriu que uma espécie de nematódeos de aproximadamente 1 milímetro de comprimento é capaz de diferenciar pacientes com câncer de pacientes sem câncer pelo cheiro de sua urina. Quando uma gota de urina é colocada numa placa de petri contendo os nematódeos, eles são atraídos pela urina de pacientes com câncer e evitam amostras de pacientes sem câncer.
Quando os nematódeos foram utilizados para examinar amostras de urina de 242 voluntários, incluindo 24 pacientes com câncer, eles detectaram 23 das 24 amostras com células cancerosas, resultando numa taxa de detecção de mais de 95%. Além disso, eles evitaram 207 das 218 amostras sem câncer, o que dá uma taxa de precisão de 95%.
“O custo material exigido para um exame é aproximadamente de 100 ienes (cerca de US$0,96), o que possibilita realizar exames de câncer com facilidade e de baixo custo”, disse Hirotsu. Ele fundou uma companhia de empreendimento em outubro do ano passado, e visa transformar essa descoberta numa aplicação prática dentro de três anos. Embora esse método não seja ainda capaz de distinguir entre tipos de câncer, pode ser que no futuro isso seja possível.
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